Quando fiz o trabalho de fim de curso ou quando comecei a trabalhar, os modelos que desenvolvia eram complexos e envolviam milhares de variáveis, milhares de iterações. Que eu soubesse, na Grande Lisboa só havia dois lugares em que elas podiam 'correr': os Centros de Cálculo do LNEC ou da Gulbenkian em Oeiras.
Mesmo na empresa, em que o centro informático era dos maiores e mais evoluídos do país, não os conseguia correr.
Por essa altura, na empresa, havia uma sala enorme com as operadoras de telex, outra sala gigante com a sala de dactilografia.
Quando uma vez participei num trabalho de reorganização e tínhamos que entregar um relatório, tivemos duas dactilógrafas a passar o trabalho à máquina. De cada vez que alterávamos qualquer coisa, era uma desgraça pois era normal que parte do trabalho tivesse que ser dactilografado de novo, quase por inteiro.
E para o apresentarmos, havia umas pessoas que faziam 'acetatos' que eram projectados num écran a partir de um retroprojector.
E lembro-me também de um dia ver uma coisa estarrecedora: na sala dita da Contabilidade, vários funcionários, por sinal todos os homens, operavam umas grandes máquinas em que salvo erro dando à manivela para a frente se trabalhava com adições e dando para trás se operava com subtrações.
Centenas de pessoas envolvidas nestes trabalhos de cariz digamos que administrativo ou afim. Se calhar até mais. Não me lembro.
Tudo isto parece pré-histórico, e é, mas não foi assim há tanto tempo pois, que me lembre, já a monarquia tinha ido à vida.
Algum tempo depois, quando deixei de trabalhar, para a contabilidade, a tesouraria, o processamento de salários, toda a informática, planeamento e controlo e sei lá que mais de todo um grupo (várias empresas, algumas das quais fora de Portugal) não deviam ser mais de umas fracas dezenas de pessoas, sendo que a área com mais gente era a última, até por englobar também a inovação, a sustentabilidade e todas essas 'cenas'.
Os Centros de Cálculo, que antes ocupavam grandes espaços, hoje, na maioria dos casos, desapareceram, foram para o espaço, estão na 'nuvem', algures.
Ou seja, a informática e as comunicações fizeram uma razia no pessoal dito administrativo. Claro que foram reforçadas outras áreas e apareceram funções que antes não existiam como, por exemplo, as da Segurança Informática.
A sociedade evolui, adapta-se. E é assim que é natural.
Mas os riscos do que agora está a acontecer, sem regulação, vão muito para além disso. Podendo trazer grandes avanços podem também trazer a destruição da sociedade, pelo menos na forma em que hoje a conhecemos.
Convido-vos a verem os dois vídeos abaixo. Se há temas que podem ser não apenas disruptivos mas, ao mesmo tempo, destrutivos são estes.
What is Generative AI? It’s going to alter everything about how we use the internet | Hard Reset
Artificial intelligence is bigger than image prompts and idea generation. Much bigger. This veteran technologist says Generative AI will bring about “The New Internet.”
Is the internet as we know it about to change forever? Veteran technologist Jared Ficklin predicts that we’re in the midst of a sea change, the likes of which we haven’t seen in decades.
Generative AI represents a massive step forward in computer capabilities. Coupled with leaps in robotics and innovative new interfaces, a shift in the computing landscape is coming, called ‘The Real-Time Internet.’
The Real-Time Internet presents a future where software experiences can be personalized according to users’ prompts.
"Godfather of AI" Geoffrey Hinton: The 60 Minutes Interview
There’s no guaranteed path to safety as artificial intelligence advances, Geoffrey Hinton, AI pioneer, warns. He shares his thoughts on AI’s benefits and dangers with Scott Pelley.
Fui profissional de informática desde a decada de 1970 até me reformar em 2003. Fui programador, analista e por fim diretor do respetivo departamento, numa instituição bancária. Compreendo o seu comentário e subscrevo-o. Cumprimentos, José Ferreira Marques
ResponderEliminarCara UJM
ResponderEliminarEu tenho uma pequena maquineta dessas, e também uma maquina de escrever das antigas no meu pequeno museu de coisas de outros tempos. Imagino o barulho na sala onde operavam essas máquinas, a minha (pequena) ao fazer as desmultiplicações os carretos fazem uma barulheira que deixa os meus netos de boca aberta como se de ovni se tratasse quando os coloquei a fazer contas na preciosidade daquela tecnologia mecânica.
Como tudo evolui. Lembro-me de um amigo já desaparecido infelizmente, começar a trabalhar em computadores que ele dizia verdadeiros tratores, enormes na altura, na IBM salvo erro em Cascais. Antes passara pelos Estados Unidos para se especializar e depois então regressou. Isto, no principio da década de sessenta.
UJM
ResponderEliminarÉ verdade que a nova tecnologia emprega menos mão de obra, menos tempo a concluir tarefas etc. Imagino o que seria de gastos com décadas de investigações e escutas só ao pessoal do Partido Socialista levadas a cabo pela justiça? Só ao Galamba foram quatro anos, dizem, e as que não dizem quantas serão. Depois queixam-se que faltam verbas, pudera porra!
No ASPIRINA B o VALUPI tem uma Pérola:
-" 3 DEZEMBRO 2023 ÀS 9:02 POR VALUPI 13 COMENTÁRIOS
No presente século, quantos recursos é que o Ministério Público e a Judiciária já gastaram a investigar socialistas, de governantes a militantes e demais relações destes com terceiros? Quantos agentes, quantas horas, quantos milhões de euros foram alocados nessa perseguição? Quantos processos estão abertos com esses alvos? Quantas certidões foram extraídas e aguardam em fila de espera para dar origem a mais investigações a socialistas?
Nada contra. O Ministério Público tem direitos que o Estado de direito desconhece. Mas somos forçados a concluir que este investimento público faz do PS o único partido em que se pode confiar. Dos outros, sabe-se lá o que andam a fazer e a dizer às escondidas dos procuradores e dos seus jornalistas engajados".
Ora toma e embrulha. Cumprimentos minha Senhora.
Os castanhos desta vida, nunca vão aprender a democracia.....
ResponderEliminarA.Vieira