Hoje recebi um mail que, podendo não querer dizer nada, pode querer vir a dizer muito. Com a humildade de quem está a aprender a dar os primeiros passos, dou ouvidos a tudo e levo a sério o que para outros, talvez, não tenha qualquer significado.
E, assim sendo, deitei mãos à obra e trabalhei afincadamente quase todo o dia. A resposta acabou de seguir.
Não sou fantasiosa pelo que não vou ficar toda excitada a acreditar que vai correr bem. Como sempre, atiro-me às coisas tentando conseguir chegar onde quero mas mentalmente precavida para não conseguir nada.
Ou seja, não é fácil desanimar pois, de cada vez que não consigo, vou à volta, tento de outra maneira. Difícil para mim é desistir.
Com isto ainda conseguimos fazer uma caminhada à hora de almoço e ir um bocado à praia ao fim da tarde. Estava-se bem. Tarde bonita.
E, porque não tinha jantar, trouxemos um belo sushi.
Portanto, como síntese, o dia foi produtivo e bom. Não disse mas acho que se depreende que, para os lados da minha mãe, as coisas estiveram mais calmas.
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Com este programa de festas, foi quase de raspão que vi a tinta verde que atiraram ao ministro do Ambiente e a tinta encarnada com que sujaram as paredes da FIL. E não ouvi o que o Marcelo disse mas ouvi o meu marido revoltado, dizendo que o Marcelo quase parecia estar a sancionar a forma de actuar dos jovens.
E o que tenho a dizer é que:
1 - A crise climática é um motivo sério, dramático, e é para nos preocuparmos, mesmo. Que não haja dúvida: é assunto que deve ser levado muito a sério. E não é um tema português: é, sim, um tema mundial. E tem diversas vertentes pelo que tem que ser visto numa perspectiva integrada. Não é simples, pois acabar com uma actividade poluente (a aviação, por exemplo) alteraria o modo de vida das populações de todo o mundo, acarretaria despedimentos, implicaria vultuosos investimento em actividades alternativas, levaria anos a ser posta em prática. Não se pode acabar, de caras, com nada. Pensar isso é ter uma visão simplista e errada sobre o funcionamento da vida real. Mudar o modelo económico do mundo actual requer visão, estratégia, planeamento, recursos, capacidade de execução apesar dos escolhos, muito esforço, infinitos sacrifícios.
2 - Contudo, apesar de tudo, há que operar a transformação. Levará tempo, implicará compromissos, imporá acordos transversais. Penso que, mais ou menos, todos os países civilizados estão empenhados nisso. Claro que quem gere os países são os políticos (eleitos) e sabemos como tantas vezes se elegem políticos que estão na política a servir interesses que não os dos que, ingenuamente, os elegeram.
3 - Para lidar com a urgência das medidas e com a resistências que políticos impreparados ou a soldo, há que ter inteligência.
4 - O processo que os jovens portugueses moveram no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem contra 32 países, entre os quais, Portugal, parece-me uma iniciativa inteligente.
5 - As iniciativas inteligentes são as que constroem soluções ou apontam caminhos
6 - Neste domínio, as iniciativas ineficazes, pouco inteligentes, censuráveis e, até, criminosas são as que resultam da ameaça, do insulto, da destruição, do arremesso seja do que for contra pessoas ou património
7 - Nos casos em que há crime (e não sei se arremessar tinta ao Ministro ou às paredes de um edifício é apenas uma estúpida e inútil falta de respeito ou se é crime), devem os acusados ser julgados.
8 - As lutas justas devem ser travadas com lisura, respeito pelo outros e pela lei, civismo e, claro, inteligência.
9 - Se Marcelo não percebe isto, estamos mal. Ou seja, a ser verdade que o nosso Presidente não se demarcou e não censurou muito claramente a forma infantilóide, desrespeitadora e absurda com que os jovens actuaram, vamos de mal a pior.
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Yo-Yo Ma, Kathryn Stott - The Swan (Saint-Saëns)
"Dou ouvidos a tudo". Esta é nova. Não ouve nada do que lhe dizem, reage mal, não acata nada, não aceita nada, é teimosa.
ResponderEliminarQuerida Um Jeito manso,
ResponderEliminarQuem escreve espera ser lido e eu leio-a sempre.
Permita-me dar-lhe o meu ponto de vista.
Estabeleceu-se uma ideia de impunidade neste país, onde tudo é permitido.
O PR, com o seu bom viver querendo agradar a Deus e ao Diabo, oficializa faltas de respeito, crimes publicos, exageros humoristicos.
Começou por ser o presidente perto do povo, angariando simpatias com a sua carência de afetos, hoje já há quem o batize de Narciso.
Mas até quando vamos permitir atos como os dos activistas a quem ninguem pediu sugestões nem perguntou o que fazem em favor do ambiente.
O Ministro do ambiente deveria ter chamado as criancinhas, sentá-las ao lado e fazer-lhes umas quantas perguntas:
Como se desloca? De transportes publicos, a pé ou de Uber? Quando sai de uma divisão apaga as luzes? Quanto tempo leva num duche diario? Evita as garrafas de agua ou tem uma que vai enchendo? Quantas peças de roupa, de que não precisa compra por ano? Aproveita folhas para rascunhos? Que uso faz do telemovel? Recicla ou evita embalagens? etc etc etc.
Pois, de todas as manifestações que tenho visto, nunca ouvi darem sugestões. Só oiço acusações e exigencias.
Espero que a manifestação dos jovens, com idade e força para produzir, a exigirem um rendimento basico incondicional não surta efeitos e alguem de direito analise a experiencia no norte da Europa, que não produziu bons resultados.
De outro modo pode ser que quem acabe com um banho de tinta verde seja mesmo o Alto Magistrado da Nação.
Este mundo começa a ser demasiado incoerente para mim.
Um abraço, peço desculpa pelo desabafo e desejo um bomdia cheio de boas noticias.
Olá UJM, se por um lado percebo que se condene um ato de vandalismo, acho que acusar e julgar os jovens demonstra muita falta de empatia. Muitas mudanças sociais ao longo da história, umas boas outras más, foram alcançadas com atos de vandalismo ou pior. Eu percebo que quem vê o seu futuro comprometido tente mudar o curso da história, seja com ações inteligentes ou não. Sei que a UJM também está preocupada com o tema, mas este governo tem feito muito pouco e o pouco que tem feito é à boleia da Europa. Faltam medidas de fundo que foram prometidas desde a primeira geringonça e que ainda não avançaram, como ter um plano para a floresta, um plano para a água e um plano para a energia que não passe apenas por fazer o favor de entregar os subsídios que a Europa nos dá. Era preciso planear e investir em grande escala e eu só vejo uma mão cheia de nadas. Não sei se as pessoas já perceberam mas não se resolve a crise climática a usar palhinhas de cartão. Estamos claramente a perder o comboio mais uma vez, e se alguém quer chamar a atenção e sujar um fato ou outro não me parece que seja grande crime. Ana
ResponderEliminarOh... Anónim@...
ResponderEliminarAcha então tudo isso? A sério...?
Deixe que lhe explique que há situações e situações...
Há casos em que estou a dar a minha opinião. Aí, é a minha opinião. Eu posso achar que apesar de alguns desacertos, neste momento não encontro nenhum líder partidário que fosse melhor primeiro-ministro de Portugal e vir aqui algum leitor dizer cobras e lagartos dele, sem apontar alternativa. Nesses casos, é um facto, não 'acato' (essa do atacar tem que se lhe diga, já agora...)
Mas há os casos a que me refiro no meu texto. Transcrevo: "Com a humildade de quem está a aprender a dar os primeiros passos, dou ouvidos a tudo e levo a sério o que para outros, talvez, não tenha qualquer significado". São casos em que não se trata de opinião mas de aprendizagem, de descoberta. Os casos em que estou a aprender, em que humildemente bebo a sabedoria de quem sabe mais que eu e pode ensinar-me.
São situações distintas, não concorda?
Olá querida Pôr do Sol,
ResponderEliminarConcordo com o que diz, a sua análise está perfeita. Mais do que um desabafo, é um grito de alma. Agora digo-lhe que acho que não sou apenas eu que concordo: estou em crer que grande parte dos portugueses já pensa o mesmo.
Tenhamos esperança que quer os jovens aprendam a ser coerentes e a agir com inteligência e razoabilidade quer o nosso Presidente seja visto rapidamente por neurologistas ou psiquiatras pois alguma coisa se passa na cabeça dele.
Saúde para si e para os seus.
Dias felizes e um beijinho, Sol Nascente!
Olá Ana,
ResponderEliminarEstou neste caso como estive perante o Rui Pinto que pirateou computadores e roubou informação, conseguindo, com isso, denunciar situações condenáveis.
As acções denunciadas são condenáveis, sim, e devem sê-lo, investigadas, julgadas. Mas não vale tudo. Não podemos abrir excepções ao cumprimento da lei. A pretexto de querermos condenar 'os maus' não podemos tornar-nos 'fora-da-lei' ou desculpar os que assim agem.
Em democracia há que respeitar as leis. Aceitar que lá porque, supostamente, estão a defender uma causa justa possam agir à margem da lei é coisa que não faço.
A empatia é outra coisa e não é para aqui chamada pois é coisa do domínio da psicologia, matéria que está fora do âmbito em causa, que é o da lei, do respeito pelos outros (e da inteligência)
De qualquer forma agradeço o seu comentário. É bom conhecer diferentes pontos de vista.
Uma boa sexta-feira!