Hoje o dia foi especial. Aquilo de que não se deve voltar onde já se foi feliz, afinal, não é forçosamente bem assim.
Não sou saudosista e, em geral, página virada é página esquecida. Mas, lá está, também há aquilo do nunca digas nunca.
Assim, hoje fui visitar uma pessoa que, em tempos, foi queridíssima amiga. A vida levou-nos por caminhos distintos e, quando andamos muito atarefados a criar filhos, a trabalhar, a construir uma vida, pouco tempo sobra para o que vai ficando para trás.
Mas nunca me esqueci dela. Enquanto eu sempre fui de ter muitas ideias, muita vontade de fazer coisas, amores intensos, ela sempre foi a serenidade em pessoa, a companhia perfeita e justa, a que ouvia e aconselhava. Nunca uma palavra de julgamento ou censura, nunca um gesto de deslealdade. Nunca. Sempre a presença amiga, autêntica, amável.
Fui, em tempos, muitas vezes a casa dela, na cidade, e passei muitas tardes, belíssimas tardes, na grande casa que tinham no campo, no sopé da serra.
No lugar dessa grande casa há agora duas belas casas, uma dela, outra de uma das irmãs. O que antes era campo, é agora um dos limites da cidade. A casa dela está agora envolta noutras casas. Está na cidade mas com vista para a serra, com a acalmia do campo.
Abraçámo-nos com emoção, um abraço muito amigo. E conversámos como se a conversa nunca tivesse sido interrompida. O seu olhar doce é o mesmo. A compreensão com que antes me ouvia é a mesma. A afabilidade é a mesma. Com ela continuo a sentir-me aceite, acarinhada, apoiada como antes me sentia.
E a casa, que eu não conhecia, é uma casa acolhedora, ampla, de uma beleza delicada, generosa, repleta de memórias, de afectos. Vê-se que é a casa de quem costuma acolher amigos, uma casa que nos abraça.
Falámos das nossas famílias, falámos de nós, falámos do nosso reencontro.
Estava com medo que o urso cabeludo se atirasse a ela mas, estranhamente, foi como se a reconhecesse. Fez-lhe, imediatamente, uma festa, pôs-se em duas patas como se lhe quisesse agradar, como se quisesse abraçá-la. Ficámos admirados com aquela reacção.
E isto foi de tarde. Agora à noite estive à conversa com ela e com outros queridíssimos amigos.
A vida sabe tão melhor quando é vivida em torno de afectos, de afinidades, de compreensão perante as diferenças, de admiração perante o que, nos outros, é bom.
Sempre tive vontade de, quando me reformasse, ter uma vida nova, ter um recomeço numa outra direcção. E é o que está a acontecer. E sinto-me muito agradecida, muito feliz.
Amor Como Em Casa
| Poema de Manuel António Pina com narração de Mundo Dos Poemas
Desejo-vos um belo dia de domingo
Saúde. Afecto. Paz.
Já se reformou, UJM?
ResponderEliminarQuem me dera...mas está quase, faltam dois anos e pouco.
Desejo-lhe tudo de bom nesta nova fase e que a goze por muitos e bons anos!
Beijinhos:))
Olá Isabel,
ResponderEliminarSim, já me reformei há uns meses. E foi a melhor coisa que fiz. Não ter horários, levantar-me e não ter várias reuniões cada uma pior que a outra, não ter o dia todo gente atrás de mim a dizer que 'temos um problema'... é um alívio, uma coisa mesmo boa.
Volta e meia os meus ex-colegas ligam-me e perguntam-me se não tenho saudades de trabalhar. Nenhuma.
Há muito tempo que tinha uma grande vontade de começar uma visa nova, diferente, livre. Estou contente com esta minha nova vida.
Claro que, para a entrada não ser brilhante, mal deixei de trabalhar, a sorte deu-me uns belos petiscos: uma inflamação num joelho que quase me impediu de me mexer e me obrigou a fazer exames, depois covid, depois um internamento da minha mãe... Mas, pronto, esses contratempos já lá vão...
Espero que o tempo que falta para a sua passe rapidinho e de forma 'indolor'... É ir-se já preparando, começando a deslocar a mente para os bons tempos que aí virão...
E muito obrigada, Isabel! Beijinhos!
Ao cuidado do Leitor/a que escreveu um longo e bizarro comentário que não vou publicar,
ResponderEliminarÀs vezes pasmo com a capacidade de tresler de alguns Leitores. Eu escrevo batata e eles lêem tomate. E convencidos de que eu disse tomate, escrevem estranhos comentários a insurgir-se por eu não falar de sopa de tomate, sumo de tomate, molho de tomate... Só que eu não disse tomate, disse batata....
Ou seja, tudo o que escreveu no comentário foi ao lado. Por exemplo: diz que eu disse que a minha amiga é deslumbrante. Vá reler e diga onde é que está escrito que ela é deslumbrante. Até pode ser que seja. Mas eu não falei nisso. Portanto, tecer comentários em torno do que eu não digo é um disparate sem ponta por onde se pegue.
Além disso, em cima de suposições de sua lavra, dá-se ao luxo de se pôr a fazer previsões ou a dar uma espécie de conselhos. Tudo ao lado.
O que se detecta é não apenas leviandade, ao tresler o que lê, como depois, achando-se superior, como uma conversa arrogante.
O que me desperta curiosidade é isto: o que leva uma pessoa a vir deixar comentários assim, desagradáveis, disparatados...? É maçar? É o quê?
Que bom, UJM, o seu reencontro com a sua amiga e o seu início de uma fase nova da vida.
ResponderEliminarOlá AV,
ResponderEliminarFoi muito emocionante e reconfortante o reencontro com uma amiga que não via há décadas. E desatámos a conversar como se estivéssemos a reatar a conversa da véspera.
E tudo tem sido bom, cheio de surpresas, nesta nova fase. Estou muito contente.
Obrigada pelas suas palavras.
Dias felizes para si!