Tendo os meus três últimos anos de trabalho assalariado coincidido com os tempos covid, antes de me reformar estive bastante em teletrabalho. E gostei, sobretudo pelas horas de trânsito que poupei e, não menos importante, pelo tempo que poupei com gente que me entrava pelo gabinete adentro com conversas da treta, obrigando-me a ter que compensar trabalhando até às tantas.
Mas teve implicações negativas. Fiquei a ver muito pior. Não tinha vista cansada e agora tenho. Não precisava de óculos para ver ao perto e agora preciso. Continuo a não usá-los porque não atino com eles mas noto que qualquer dia vai ter que ser.
E também noto que a minha pele não está a ir para extraordinária. Mas isso não sei se é consequência do teletrabalho ou, simplesmente, de ainda estar viva e, logo, como todos os seres que estão vivos, mais velha.
Seja como for, vi imagens de um estudo conduzido pela empresa Furniture At Work em conjunto com investigadores da Universidade de Leeds que me deixaram um pouco desconfortável. Projectaram o que serão os efeitos no corpo de uma mulher que esteja sempre em teletrabalho. E é terrível. Vê-se e não quer ver-se. E, no entanto, percebe-se que é muito provável.
Peso excessivo, costas curvadas, ancas alargadas, olhos encarnados e inchados, braços e dedos encurvados. E o texto não o refere mas é bem visível a flacidez e a macilência da pele da pobre coitada.
Claro que admitiram que, em casa, as pessoas não têm secretárias, iluminação e assentos ergonómicos. Admitem, até, que anos a fio de teletrabalho farão com que as pessoas acabem por trabalhar maioritariamente a partir da cama.
Ora, como se sabe, o ecrã deve estar à altura dos olhos, a luz deve entrar pela esquerda, as costas devem estar direitas. E as pessoas devem levantar-se e andar de x em x tempo (não sei exactamente quanto). E é importante que se conviva pois a saúde mental ressente-se da falta de convivência. E, não menos importante, é relevante caminhar ao ar livre, ter alguma actividade aeróbica.
Portanto, se é óbvio que o teletrabalho veio para ficar, acredito que se evitará que seja a 100% ou perto disso. Provavelmente estabilizará, nas funções que o permitam, no intervalo contido entre os 40 e os 60%. E acredito que as entidades patronais zelarão pelas boas condições de trabalho em casa.
Daqui por uns anos (se o planeta ainda permitir a nossa existência e se uns facínoras que por aí andam, entretanto, não nos mandarem a todos desta para melhor), não podemos ter um mundo maioritariamente habitado por gente assim, zombies, gordalhufos, flácidos, meio acabados. Vade-retro.
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Nota sobre as eleições em Espanha: obviamente estou contente pela quebra na votação no Vox. As pessoas, quando há risco de retrocesso democrático, geralmente põem os pés na terra e deixam-se das tretas dos memes que inundam as redes sociais, das fantasias revanchistas, das burrices dos comentadores-papagaios, e votam usando a cabeça.
Quanto ao que vai acontecer, penso que seria bom para Espanha e para a democracia europeia se o PSOE conseguisse formar governo. Mas vamos ver. Não vai ser fácil resolver o imbróglio, digo eu.
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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Saúde. Boa disposição. Confiança. Paz.
UJM
ResponderEliminarA direita cá do burgo ficou triste. E quando digo a direita, não é só a politica, a da comunicação social, a chamada - bolha mediática - essa, está com azia.
As sondagens mostraram mais uma vez que são uma encomenda para a direita. Os resultados são esmagadores antes das eleições, depois do voto, o resultado é o oposto. Foi assim em Janeiro com o PS onde este nas sondagens levava uma banhada até á raiz dos cabelos, depois, apareceu a maioria absoluta.
Em Espanha, aconteceu o mesmo que em Portugal. O eleitorado estando farto da governação, prefere apesar de tudo, votar na esquerda, por medo da direita no retrocesso civilizacional.
Já agora. Mas que banhada !, o António Costa, deu no conselho de estado. Deixou que o fel da direita reacionária se soltasse, e depois, alçou a perna e mijou-lhes para cima, dizendo que tinha mais que fazer, porque o avião estava próximo de levantar voo. O Marcelo ficou de calças na mão.