quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Continua a pouca vergonha dos professores a sacrificarem os alunos e a reivindicarem privilégios absurdos
- e eu não sei de que é que Marcelo Rebelo de Sousa está à espera

 

O tal que era do Bloco de Esquerda e que recebeu uma bolsa para investigar qualquer coisa na Amazónia, agora, entediado com a maçada de dar aulas, anda por aí a dar cabo do ensino dos mais novos (creio que os professores universitários não fazem parte deste esquadrão), a armar um inflamado e insano banzé e a animar as ruas e as televisões. 

Mário Nogueira, o dinossauro -- que, segundo consta, há muitos anos que também não dá aulas --, tenta não ficar atrás dos populistas e, claro, põe mais achas na fogueira. 

Sentido de responsabilidade ou saberem honrar a nobreza da essência da sua profissão está quieto. É coisa que não se vislumbra.

E, portanto, vêem-se os noticiários e lá estão os professores em festa, na rua, em vez de estarem a dar aulas. Tocam tambor, cantam, ecoam uma espécie de cantares revolucionários completamente deslocados. Na prática, tudo se resume a fazerem muito barulho. Mas, quando lhes põem um microfone à frente da boca, a conversa é sempre a mesma: estão fartos de fazer quilómetros para dar aulas. 

Não passa daí. A inteligência ou a imaginação não lhes dá para muito mais. Basicamente a conversa é sempre a mesma: queriam trabalhar perto de casa.

O que eu pasmo (e já antes o referi) é como é que nenhum repórter lhes pergunta:

1 - O que propõem em concreto? Que ponham na rua os outros professores (os que trabalham nas escolas para onde querem ir)? Ou que arranjem lugares fictícios para eles (os revolucionários baderneiros)?

e

2 -- Se não há vagas nas escolas onde gostavam de trabalhar e não querem ir trabalhar mais longe, porque não mudam de entidade patronal ou de profissão, que é o que fazem os outros trabalhadores?

Ninguém lhes pergunta. E, no entanto, são as perguntas que se impõem. Os alunos têm que estar a ser prejudicados porque eles não são capazes de se fazer à vida?

Não há pachorra. 

Há ainda o argumento do tempo de serviço, durante o período em que, creio, o Láparo congelou a contagem. Pelos vistos no ensino, a antiguidade é um posto ou rende dinheiro. Já trabalhei em empresas públicas, em empresas de gestão pública e, sobretudo, em empresas privadas. Tenho ideia que na empresa pública, a primeira em que trabalhei depois de largar a docência, havia diuturnidades mas que depois, com o acordo de empresa, se acabou com isso. Não faz sentido existir acréscimo de ordenado em função dos anos de trabalho.

O outro argumento também muito referido é ainda mais absurdo, diria mesmo patético, a cereja em cima do bolo da parvoíce: querem ser respeitados.

Mas como é que isso se mede? Qual o parâmetro que usam para saberem se o respeito que a população sente por eles está ou não au point ou se ainda têm que armar mais confusão? Ou o respeito não se mede? É subjectivo? Mas não ocorre àquelas inteligências que o que é pouco para uns, é muito para outros ou está na conta para alguns? Fazem greve e dão espectáculo na rua porque querem mais respeito? E acharão que é assim que o conquistam? Não lhes ocorre que a gente ouve isto e não apenas acha que é um argumento que revela indigência intelectual como fica a pensar que coitados dos alunos se tiverem professores destes?

Perante isto, volto a dizer: penso que, face a esta maluquice que aqui está armada e que não se vê jeito de acabar, cabe a Marcelo dar um stop nisto, não apenas:

a) apelar publicamente, com dureza, oficialmente (ie, não en passant, não no meio de outros assuntos), aos professores para que metam a viola no saco e se dêem ao respeito;

b) reunir com António Costa para avançar para medidas musculadas por forma a impedir o sacrifício do ano escolar e de efeitos nefastos nos hábitos de estudo dos alunos; doa a quem doer;

c) reunir não sei com quem (Ministério Público?) para que sejam accionados meios para se averiguar se não haverá por aí forças ocultas a manobrar nos bastidores por forma a ferir a democracia e um dos seus pilares, o ensino público. 

Alguma coisa tem que ser feita. Já. Os alunos (e as famílias dos alunos) não podem continuar a ser sacrificados às mãos destes inconscientes e egoístas professores que tudo fazem para que não os respeitemos.

12 comentários:

  1. Minha Caríssima UJM:
    Pois aí é que está o gato: Marcelo não fará nada porque é isso que ele no fundo quer: muita baderna para desgastar o governo, que ele não simpatiza, na ânsia de o trocar por um com o Chefe dos Unicórnios ou lá como é o sujeito de Lisboa. Só acho estranho não haver uma corrida dos professores para os privados onde, tal é o silêncio, tal é a maravilha dos ordenados, com colégios ao pé da porta e com todas as comodidades, não havendo nunca greves! Eles com o paraíso à mão e não desatam numa correria para o ensino privado!!!!. Só temos sindicatos para a função pública onde, em vez de estragar a vida ao patrão, se estraga a vida dos que dependem deles. Conflitos de interesses: em exclusividade na função pública, a trabalhar há 43 anos a 120 km de casa, sem ajudas de custo e com o ordenado congelado desde 2011. Nunca fiz greve.
    Américo Costa

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  2. Completamente de acordo!!!

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  3. E mais, ninguém lhes pergunta como podem estar a perder, à volta de 80/90€ por dia, se dizem ganharem assim tão mal, terem que pagar duas casas ou terem que fazer centenas de kms. É inconcebível o que andam a fazer!!
    Haja pachorra

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  4. Estas greves fenprof, stop, etc revelam a pornografia mental de quem as convoca.

    Alexandre Gama Vieira

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  5. Cara UJM

    Já não se lembram do braço de ferro dos (ditos professores alapados no estado) contra a ministra da educação Maria Rodrigues no governo do Sócrates?

    E lembram-se das greves dos "ditos cujos", no governo de Passos Coelho? Não. Não se lembram. Esta carneirada de direita, nunca levantaram a voz contra a direita que os espezinhou e meteram a viola no saco. Os educadores da classe operaria professoral meteram os tomates entre as pernas.

    Esta carneirada do agitador de morcegos no pantanal do BE, e do grande educador do povo -o Nogueira, ainda vou assistir a serem vaiados por pais dos alunos deste país vitimas da leviandade de desencabrestados a reivindicar o que o país não lhes pode dar.

    Mais uma fornada de profs e outros, na lista para reforma no 1ºde Março. Há uma professora primaria que conheço leva "brutos" 2700€. O problema não é o que recebem, porque só se recebe o que se desconta. O problema, é o ordenado acima da média que recebem por uma profissão onde a maioria tem fraco desempenho como prova a classificação anual das escolas publicas.

    Sempre considerei os meus professores, de quem guardo gratas memorias, quer pela competência, quer pela qualidade cívica com que nos tratavam. Já naquele tempo, utilizavam métodos de ensino fora da caixa por iniciativa própria. Lembro-me de uma Professora de química, que substituiu outra colega a meio do 1º período, na semana seguinte marcou teste, qual o nosso espanto, a Senhora, chegou ao anfiteatro, distribuiu os testes, e mandou fazer com os livros abertos. A verdade, é que essa matéria desse teste com consulta do livro nunca mais me saiu da cabeça durante tempos.

    Ou ainda, um outro Professor de física, que frequentemente zarpava para França de férias, e nos trazia revistas que a ditadura cá nos escondia, e outras coisas também, como a Playboy com gajas seminuas evidentemente, até porque, os alunos na turma, eram todos rapazes havendo a separação de sexos na escola nessa altura salazarista.

    Professores desses, hoje, os seus alunos no mínimo, tinham aproveitamento bom ou próximo do bom, pela sua qualidade intelectual e humana de grande proximidade com os alunos. Estou a falar do ensino publico, evidentemente.

    Naturalmente que, há de certeza absoluta hoje, Professores com a mesma dignidade no ensino igual aos acima citado, claro que há, e seria muito mau se não houvesse, mas esses julgo que são larga minoria ao pé de destrambelhados inconsequentes que levando a luta para patamares inaceitáveis, só prejudicam quem são a razão primeira da sua profissão, isto é, os alunos.

    Despeço-me com a "Lágrima", dessa, até para um ateu, "dádiva de Deus " Amália.

    https://www.youtube.com/watch?v=CnhxWRGOesI


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  6. Anos atrás, talvez quando a UJM era prof., um português ilustre lamentava que “a maioria dos professores não resistiria a uma prova de ditado”.
    Hoje, a menos que os manifestantes que dão a cara não sejam profs., talvez pudesse dizer que eles nem a uma prova oral resistiriam. Alguns parecem saídos de uma claque de futebol. Preocupante.

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  7. Caro Américo,

    Totalmente de acordo. Tal e qual. É como com os médicos e enfermeiros. Só fazem greve os do SNS prejudicando os doentes. Os sindicatos nunca se lembram dos que trabalham nos Privados. Não sabem que há casos em que já se paga mais no Público (seja o Ensino, seja a Saúde) do que no Privado?

    Mas não. É como muito bem diz: poupam os patrões do Privado pois sentem-se seguros ao fazerem o que fazem no Público. Uma pouca vergonha.

    Saúde! E paciência...

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  8. Primeiro Anónimo,

    Obrigada.

    Dias felizes.

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  9. Segundo Anónimo,

    E ainda mais essa. Há tanto tempo em greve, não lhes faz falta o que não ganham? Ou há algum fundo a suportar isto?

    Há muito a investigar nesta matéria. Sabemos como há quem financie movimentos que desestabilizam a democracia...

    Espero bem que alguém consiga pôr um travão nisto. Um dos meus netos amanhã não deve outra vez ter aulas e ainda por cima tem teste. Hoje estava naquela de que se calhar nem valia a pena estudar. Trocam mensagens entre eles e, como é óbvio, isto desestabiliza-os completamente.

    Muito mau o que está a passar-se.

    Dias felizes!

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  10. Olá Ccastanho

    Tive uns quantos (poucos) maus professores. Mas a maioria, a larga maioria, eram fantásticos, pessoas respeitáveis, pessoas com quem se aprendia muito. Também tive professores memoráveis. Por exemplo, houve uma, a Joana Meira, excelentíssima professora que me ensinou a perceber a respiração dos textos, o sabor e o sentido profundo das palavras. Por vezes levava-nos para um bocado de campo que havia ao pé do recreio e sentávamo-nos no chão, em círculo, a ler. E outra que nos levou a Alcoitão e nos fez perceber as voltas que a vida pode dar. E tantos outros.

    Gostavam de ensinar, gostavam dos alunos, gostavam de ver-nos a percorrer os caminhos do conhecimento.

    Impensável ver pessoas dessa craveira intelectual e moral a bater em tambores e a dizer inanidades como estes que por aí andam a sacrificar os alunos e a desestabilizar completamente o ano lectivo.

    Agora ao pesquisar o nome de alguns, fui parar a um blog em que vi a fotografia de alguns, vários anos antes de eu os conhecer. Mas, ainda assim, recordei-os. Bateu aqui uma certa nostalgia.

    Muito apropriada a Lágrima que me enviou.

    Muito obrigada.

    Dias felizes, Ccastanho.

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  11. Terceiro Anónimo.

    Pode crer. Por vezes, ao ouvir o que dizem, ao ver a forma como se comportam, ao ver os cartazes que empunham, eu e o meu marido perguntamo-nos: mas serão mesmo professores? professores de quê? os nossos alunos estão entregues a professores destes?

    Tristes tempos estes.

    Dias felizes!

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  12. Olá Alexandre,

    Agora é que usou as palavras certas a propósito da fenprof e do stop: pornografia mental. Tal e qual. You made my day.

    Dias felizes!

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