Mas vi no Linkedin o que a própria tem a dizer da sua experiência.
Naturalmente, tendo apenas 34 anos, não se pode exigir que a catraia tenha um CV de se lhe tirar o chapéu. Não tem. Obviamente, não tem. Não tem qualquer experiência no sector a não ser o período em que, por qualquer motivo que escapa à minha compreensão, foi alcandorada a Secretária de Estado da área. Formação on the job, portanto.
Imagino o que são reuniões com empresários batidos em que aparece uma jovem Marina desta vida, inexperiente e desconhecedora do sector. Deve ser bonito. Põem-na, certamente, no bolso em três tempos.
Não percebo como é que o Costa atribui pastas governativas a pessoas sem experiência ou conhecimentos na área e, ainda por cima, a pessoas que, pela sua idade, nem experiência de vida podem ter. Em minha opinião, mais valia apostar em reformados do que em trainees.
A miúda acabou o estágio de advocacia há 9 anos. Depois fez o percurso aparelhístico do costume: assessora, adjunta, quer do grupo parlamentar quer de chefes de gabinete, deputada. Claro que nem deu para aquecer qualquer dos lugares. Um pé aqui, outro ali e, quando deu por ela, provavelmente à falta de alguém com perfil adequado, pegaram nela e puseram-na, com 32 aninhos e zero experiência no sector, à frente da Secretaria de Estado da Habitação.
Agora não devem ter conseguido alguém para quem Infraestruturas e Habitação não fosse areia a mais para a respectiva camioneta, dividiram a meio, Infraestruturas para um lado, Habitação par outro. E eis que a jovem caminhense, ainda sem ter feito coisa que se visse na Secretaria, salta para Ministra.
A culpa não é da garota. E nada contra dar oportunidades a jovens. Sou totalmente a favor. Têm é que ser devidamente enquadrados até que adquiram a tarimba necessária e tenham capacidade para voar sozinhos. Não é pegar em jovens e atirá-los para a piscina sem que antes tenham tido tempo e treino suficientes para que saibam nadar.
O problema é que estamos a chegar a um ponto crítico na nossa democracia. Já aqui o referi muitas vezes: não há ninguém em seu pleno juízo, com formação académica, conhecimentos e experiência nas áreas e bons empregos que esteja para se sujeitar a ir para o Governo, no meio da falta de qualidade generalizada que impera na nossa classe política, da direita à esquerda. E este é o tema que deve merecer ponderada e honesta reflexão.
Copio do Linkedin da nova Ministra:
UJM
ResponderEliminarPara além da sua análise, com a qual concordo, penso que, António Costa, quer chamar a si a gestão destas pastas, e ter nestes dois ministros, alguém que executa, sem levantar ondas de pretensiosismo politico.
Até porque, o primeiro-ministro, já não tem espaço politico, nem condescendência dos portugueses, para falhar na união do governo. Para além, da evidencia, de cada vez menos gente minimamente qualificada, está disposta, a deixar a sua profissão onde, sem grande esforço, percebemos que ganha muito mais do que ordenado de ministro por um lado, e o mais importante: é a devassa da sua vida privada que ninguém está para sofrer, e, dai, outra causa que levou António Costa a esta escolha.
Mas, para animar e reconfortar as nossas apreensões, nada melhor que uma "pérola" destas pérolas, do genial Alain Vanzo,
https://www.youtube.com/watch?v=LJKIJpWUNHE
Cara UJM
ResponderEliminarTudo o que escreve tem lógica e sustenta-se em incontestáveis factos, no entanto...
A UJM que presumo Executiva de topo e profissional competente, com muitos anos de experiencia de gestão, faz a sua análise usando a sua pessoa como termo de comparação. É assim que todos nós, consciente ou inconscientemente, avaliamos os outros. Só que, como bem sabe, a politica é, na maior parte das vezes, madrasta para quem a abraça. Por muito competente que seja, por muita experiência que tenha, é sempre candidato a ser mal pago (em comparação com a vida empresarial), e pior do pior, na maior parte dos casos, acaba a sua carreira politica, atacado e achincalhado na praça pública por "misteriosas forças" que se mancomunam para destruir carreiras, destruir carácteres e até vidas privadas - exemplos nos últimos tempos: Constança Urbano de Sousa, Azeredo Lopes, Eduardo Cabrita, Marta Temido, Pedro Nuno Santos, e já se estão a preparar para trucidar João Galamba (e admira-me que ainda não se tenham lembrado de António Costa e Silva).
Enquanto se aceitar este "modus operandi politico", seja o PS, o PSD ou outro candidato que surja para governar Portugal, só conseguiremos ter por governantes figuras cinzentas, sem curriculum profissional apresentável e de competência frouxa.
Bom Ano de 2023 e continuação de êxitos pessoais e profissionais.
Ccastanho,
ResponderEliminarTotalmente de acordo. Mas por isso digo que a verdadeira questão é tentar ver como trair e reter gente qualificada.
Ao contrário desta gente que acha que tem tudo a ganhar em ir para ministro (e vê-se o que tem sido), se calhar mais vale apostar em quem não tem muito a perder.
Poderá ser gente reformada (isto enquanto os cargos governamentais forem tão modestamente remunerados*, gente que não esteja nem aí para carreiras políticas, que não se importe de criar inimigos, gente que se esteja nas tintas para o que os media revelem ou deixem de revelar.
* Modestamente remunerados, admitindo que é gente qualificada. Para as Marinas, os Hugos e outros trainees desta vida os cargos são principescamente remunerados.
E saiba que estou outra vez na companhia do pescadores de pérolas e estou encantada. Quando ouvi à tarde, quando li o seu comentário, tinha pensado inclui-lo no post. Mas como acabei por escrever sobre o CR7 achei despropositado. Então, estou a ouvi-lo de novo, só eu.
Muito obrigada.
Olá Corvo,
ResponderEliminarComo referi acima, também aqui estou completamente de acordo.
Vejo mil comentadeiros a discutir as consequências e não as causas. Todos estes casos que têm acabado em demissões são a consequência da falta de qualidade e da impreparação dos novos governantes. Não os vejo a discutir a razão de ser disto nem o que se pode fazer para se conseguir ter os melhores dos melhores no governo.
E também tem razão: a devassa, a perseguição e o verdadeiro assédio de que são alvo os que caem em desgraça, tantas vezes sem qualquer razão, demovem qualquer um de se despedir do seu emprego, para irem ganhar menos e, ainda por cima, para se sujeitarem a isso.
O que se pode fazer? Tem que haver um entendimento transversal para que operar uma verdadeira transformação a este nível.
A não acontecer, a degradação será progressiva e a democracia correrá riscos. É o que eu acho.
Um muito bom 2023 para si e para os seus!