Um asteroide vai passar mais perto que nunca antes da Terra. Não se pode dizer que seja uma rasante tout court mas, à escala a que estas coisas se passam, é bem perto, mais perto do que alguns satélites. Chama-se 2023 BU (que também poderia ser o nome de um dos filhos do Elon Musk) e, segundo a Nasa, no big deal. Não vai ser por aí. Não só não consta que venha cair-nos em cima da cabeça como o provável é que se desfaça em fanicos na atmosfera e que uns calhauzecos se despenquem por aí. Sorte.
Não ligamos a isto e talvez seja a atitude mais inteligente. Estarmos a ralar-nos para quê? Se um dia um deles, um asteroide em versão gigante, qualquer coisa como um Big BU (quiçá com bacon, pickles e cheddar derretido), resolver vir embirrar connosco, o mais certo é que, sem darmos por isso, nos tornemos os novos dinossauros do futuro, uma espécie meio burra que antes habitava o planeta e da qual pouco ficará. E, se assim for, azarinho.
Também com a cena de a Terra ter o seu íntimo a girar em sentido contrário, a malta está manifestamente a caguar-se (de novo: caguar, com u, que eu, se não sou beta, sou, na mesma, menina fina).
Tem razão, Ccastanho, o que interessa à malta é se o Cravinho não teria feito melhor em caguar de alto para os doentes Covid em vez de deixar que arranjassem o hospital. Inteligentes.
E agora é o altar. Claro que me estou também a caguar para o altar em si pois, como é óbvio, é tema que não me aquece nem arrefece. Que o Papa Francisco (que me desiludiu com aquela de homossexualidade ser pecado) venha a Portugal e que, em torno disso, se junte um milhão de pessoas, é coisa que nada me diz. Não sou fã. Nem de igrejices nem de ajuntamentos em geral.
E que arranjem aquela zona da cidade, se for coisa bem pensada e inteligente como foi o caso de toda a zona da Expo, parece-me até bem.
Mas já não me parece nada bem que num altar se gastem cinco milhões. Dizem que vai ficar forever, que vão rentabilizá-lo. Mas como? Vão usá-lo para quê? Para a IURD? Para comícios do Chega? Ou para festivais de rap? Para gravarem o Domingão? Não sei. Nem imagino.
E parece que no Parque Eduardo VII vai também haver um palco, que se desmontará depois dos festejos, e que vai também para milhão e meio de aereos. Não percebo. A cidade nada em dinheiro? A avioneta não apenas despejou haxixe em cima do Alentejo mas também notas sobre Lisboa?
E é que, se os milhões viessem dos cofres da Santa Madre, eu não tugia nem mugia. Mas, por espantoso que possa parecer, não é a Igreja que entra com o carcanhol mas sim, uma vez mais, o zé pagode, quer através das autarquias quer do Governo. Pode uma coisa destas? Eu acho que não.
E agora ouvi que o sistema de som e de vídeo vai também para uma mão cheia de milhões. Tudo à grande.
Não sei se foram os requisitos que foram estratosféricos (pode ser, a malta mais pequena, perante a perspectiva de deixar obra, às vezes perde a cabeça, fica desvairada), se são os fornecedores que viram que o Moedas & Companhia (o Moedas era o dono da obra? Pergunto) estão numa lógica de sempre a abrir e, sem rebuços, puseram a pata no acelerador e lá vai disto, ou se há meninos lá pela Câmara, daqueles chico-espertos que mal ouvem as moedas a tilintar começam logo a mostrar os bolsos a ver se lhes toca algum. Adjudicações directas e o escambau. Podia ser pior, diz o fofo do Moedas. Então não. Pode sempre ser pior, pode-se até cair e partir uma perna.
Não sei. O que sei é que receber o Papa Francisco no meio desta gastação destemperada parece coisa de gente perturbada.
Claro que o imparável Presidente Marcelo não podia perder a oportunidade de cavalgar a onda. Onda que é onda tem o Prof Marcelo a surfá-la. Imagine-se se é uma onda benta, como é o caso desta que, não apenas é benta, como, cereja em cima do bolo, é papal. Marcel Surfistinho upa lá-lá na onda papal. Tá certo, não tem como enganar.
Neste momento, se o Moedas era o dono da obra já não o é. Num salto cataventista Marcelo tornou-se ele mesmo o dono e gestor da obra (até quer estar ao corrente das reuniões de obra, quiçá até conferir os autos de medição), mas mais que isso: tornou-se o negociador com os fornecedores, quer descontos, o urbanista, o arquitecto de obra, o engenheiro civil, o decorador, creio que, até, o promotor turístico. É obra.
Neste ínterim, arranjou uma bronca com o Patriarcado que o desmentiu, dizendo que ele não se fizesse de anjinho porque já sabia muito bem que se ia gastar os olhos da cara. Ele ofendido. Que é lá isso? Não sabia nada. A gente a rir com a revista à portuguesa. Mas eis que, logo a seguir, veio um Bispo, creio que auxiliar e américo, armado em santinho magoado, a branquear a baderna que estava ali a armar-se e limpar a barra do Marcelo, que, aos microfones (sempre na ribalta, o bom do Marcelo), não escondeu o alívio. É muito jogo.
Os asteroides a rasar os ares e a malta entretida a brincar aos organizadores de arraiais e cavalhadas com preces, orações e muitos milhões à mistura. Só falta mesmo um traveca musculado, mascarado de padre com cueca de fio dental, saltar para o estúdio, invadir as televisões, pegar no microfone e expulsar os apresentadores dizendo que só ele tem competência para falar de tão sagrado tema. Ámen.
Portanto, não sabendo eu já onde está o alfa e o ómega disto tudo, muito menos sabendo traçar a bissectriz entre vectores tão sagrados e tão profanos, todos divergentes entre si, alieno-me e deslizo até outras paragens. Bora comigo?
E é assim que, com vossa licença, vou mas é partilhar uma passagem de modelos que se situa num outro patamar. Os vestidos estão ao lado ou à frente ou, até, de pernas para o ar. De vez em quando, oh surpresa, vão no sítio. E eu, olhando-os e achando-os lindos, fico até a pensar se não estará na hora de me casar vestida de noiva, quiçá até aproveitando o cenário das Jornadas do Marcelo.
Casada e com a bênção do Papa...? -- perguntarão vocês, disfarçando a ironiazinha.
Qual Papa? - perguntar-vos-ei eu.
Mas, antes que me esclareçam, logo vos responderei: Ná. Pelo próprio Santo. Pelo São Marcelo.
Viktor & Rolf turn Paris Fashion Week upside-down
Um dia bom
Saúde. Cabeça no lugar. Paz.
Bendita seja a ironia para aguentarmos estas caguadas sem remissão!!
ResponderEliminarÉ que já é insuportável tanto sal nas feridas...
Votos de um excelente fim de semana (com os vestidos no sitio porque este frio gela os joelhos)!
Em Portugal o que mais, são CEO´s bimbos a brincar aos ajustes dos respectivos alforges....
ResponderEliminarAlexandre Gama Vieira
A finalidade dos altares sempre foi o sacrifício. Que o diga o coitado do Cordeiro Pascal.
ResponderEliminarActualmente subimos um degrau no patamar religioso. Erguer o altar já é um sacrifício.
Santa Engrácia, ora pro nobis ..