Creio que tempos de crises agudas simultâneas, incluindo um internamento hospitalar da minha mãe por mais de uma semana, abrangendo dois fins de semana, mais o stress de ver o tempo a passar sem tempo para fazer compras e com o Natal a aproximar-se, depois a maratona que foi, isto, ainda por cima, com vários dias a ter que acordar muito cedo (e, logo, a dormir muito pouco), tudo junto deve ter-me esgotado de tal maneira que agora, em que não tenho nenhuma dessas pressões em cima de mim e numa semana em que o trabalho está aligeirado, estou como estou, sem energia e com muito sono.
Há vários temas sobre os quais sei que poderia escrever mas sinto-me sem ânimo para tal.
Há bocado vim para o sofá e tentei ver televisão. Não tive paciência. Virei para a Emily in Paris (na Netflix) apesar de achar que é daqueles néctares sem história, coloridos e açucarados.
Passado um bocado, acordei e já o episódio ia no fim. Pensei que deveria pôr para trás mas também não o fiz. Quero cá saber.
Vou antes contar um sonho que sonhei no dia que passei às compras. Mas, antes, faço um enquadramento. Tenho um hábito (de que aqui já falei) que é, quando estaciono, mando uma mensagem a dizer o piso, a cor, a letra e o número. Isto porque tenho medo de me esquecer e, no meio de milhares de carros, nunca mais descobrir o meu. Depois vou com atenção para fixar a zona por onde subo, no parque, e o sítio onde saio, já dentro do centro comercial. Mas naquele dia, na parte da tarde, já cansada pela manhã e por ter ido a casa a correr para ir passear o cão, quando acabei as compras e quase não conseguia dar passo, tamanho o carrego, deu-me uma branca: não me lembrava onde tinha entrado no centro comercial. Pensei que se me enganasse, com tantos e tão pesados sacos, não teria força para andar no parque à procura da cor, da letra e do número. Mas depois lembrei-me que, ao entrar, tinha pensado que era melhor deixar os livros para o fim e isso deveria querer dizer que tinha entrado na zona da livraria. E foi. Felizmente.
Mas, talvez por isso, nessa noite sonhei que andava na rua, num lugar com ruas empedradas e íngremes, carregada de sacos pesadíssimos, quase incapaz de andar. E não encontrava o carro. De rua em rua, pousando os sacos, aflita, e sem descobrir o carro. Lembrava-me que o meu marido me tinha deixado à porta do centro comercial, dizendo-me que fosse andando, que ele estacionaria no sítio do costume. Mas ali andava eu, sem forças, dorida, espreitando todos os carros e... nada de carro.
Então tinha-lhe ligado, desesperada: 'Olha lá, ando aqui às voltas, que é que fizeste à porcaria do carro?'. E ele: 'Liofilizei-o'. E eu, estupefacta: 'Tu o quê?'. E ele, confirmando: 'Liofilizei-o'. Eu, sem acção, exangue, exausta: 'Liofilizaste-o? Mas que estupidez é essa, caraças?'. E ele: 'É o futuro. Quando acaba de ser usado, recolhe-se todo, ficando um pequeno volume que se guarda num cacifo.' Eu perplexa: 'Mas e o depósito do combustível...? Não se pode recolher, dobrar...' Mas ele, seguro: 'Qual depósito de combustível? Agora usam-se cápsulas iguais às no café, nanotecnologia. Uma cápsula dá para um ano'.
Nos meus sonhos, quando chego a momentos críticos, acordo. E são sonhos tão vívidos que acordo com a sensação que a situação é real. Custou-me a adormecer, pensando que não seria mau que assim fosse, como ele tinha descrito. Tentava perceber como funcionava, tentava perceber a tecnologia da bateria ou do combustível numa cápsula. Nesse dia contei ao meu marido. Riu-se e depois concluiu o de sempre: 'És maluca'.
Mas tenho andado a pensar nisso. Como é que o carro se dobra assim? E os bancos? E sendo tudo desdobrável, será que é confortável?
E aquilo dos carros se moverem a partir de uma pequena cápsula? Fusão nuclear? Lítio? Hidrogénio? A partir do ar?
E a estupidez é que volta e meia o sonho me vem à cabeça. Ele há coisas.
E, bem sei, não fará sentido eu estar a contar um sonho maluco mas, talvez porque é o que requer menos energia, é o que o meu cérebro hoje seleccionou para eu aqui escrever. Sorry. Isto há-de passar-me.
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Inside Karl Lagerfeld’s French Home Filled With Wonderful Objects | Vogue
In this episode of Objects of Affection, Lady Amanda Harlech takes Vogue on a tour through Karl Lagerfeld’s treasures ahead of a landmark Sotheby's auction. Watch as Amanda shows everything from Karl's beautiful royal blue upholstered Bruno Paul couch to his replica Adolph Menzel paintings.
Boa noite UJM,
ResponderEliminarSomos uma máquina perfeita mas complexa que tem as suas fragilidades. A descompressão depois de situações de muito trabalho e ansiedade tambem me deixam assim. Fico KO por uns dias.
Oxalá a Sra. sua mãe já se encontre recuperada e não seja nada de muito grave, pois na sua idade tudo é preocupante.
Pois parece-me ter havido mais um tiro no pé e como sempre acontece não se responsabiliza quem o originou. Assina-se contratos de cruz? Não se fazem contas? Demasiado para esta hora.
Uma boa quarta feira com saude, descanso e paz.