segunda-feira, novembro 21, 2022

A depressão e a ansiedade de Marta Rebelo, a corajosa maluquinha assumida

 

Mais um testemunho muito sincero sobre um problema de saúde mental vivido na primeira pessoa. E, uma vez mais, uma surpresa. Desta vez é Marta Rebelo de que me lembro quando era deputada da Nação, socialista e fashionist. Looks sempre modernos, por vezes arrojados, ela era uma imagem arejada em meios que tantas vezes tresandam a convencionalismos.

Depois perdia-a de vista e nunca mais me lembrei dela. Algum tempo depois houve aquele episódio sobre o fim de uma relação porque o namorado tinha deixado fugir o gato. Foi o fim do mundo em cuecas, a gargalhada geral. Nestas coisas há sempre quem queira parodiar o desgosto e as aflições dos outros. Mas a verdade é que os tempos mudam e talvez hoje não houvesse a crueldade jocosa a que então se assistiu. Depois despareceu outra vez do meu radar.

Surge agora em mais uma das utilíssimas e muito bem conduzidas entrevistas do Observador, na Série Labirinto - Conversas sobre saúde mental.

Aqui Marta Rebelo fala da depressão que a atormentou durante anos e sobre a ansiedade, nomeadamente os terríveis ataques de ansiedade, que condicionaram toda a sua vida.

Conta como disfarçou e escondeu a sua condição, por vezes quase incapacitante, com receio do estigma a que certamente estaria sujeita se se soubesse. Uma deputada maluquinha? Ficar em casa, incapaz de sair da cama, e telefonar a dizer isso, que não conseguia ir trabalhar...? Nem pensar.

Acredito. Aconteceu com ela e deve acontecer com muita gente: o receio de ser visto como fraco, o receio de ser considerado incapaz de estar à altura dos desafios profissionais, incapaz de dar conta do recado com os filhos, o receio de ser olhado de lado pelos outros. 

Para evitar isso, muita gente esconde, tenta fazer de conta que está tudo bem. Marta Rebelo conta como ria e disfarçava mesmo quando se sentia como se estivesse a ter um ataque cardíaco fulminante. Hoje espanta-se como conseguiu enganar tanta gente durante tanto tempo. Diz que hoje 'fareja' quem está a passar pelo mesmo e fala em geral sobre o tema mas não assumindo, na primeira pessoa, que vive essa circunstância. Mas não se admira pois ela própria fez isso.

Marta Rebelo tentou o suicídio. Não foi apenas o pensar nisso. Não, tentou mesmo. 

E todos os que estavam junto a ela ajudaram a esconder o que se tinha passado. Fizeram-no para a proteger, para a ajudar a melhor superar esse momento terrível.

E, no entanto, Marta Rebelo, às tantas, começou a sentir que o secretismo em volta da sua condição estava a atrofiá-la e a prejudicar a sua recuperação. Quando decidiu falar no assunto, sentiu que o sofrimento pelo qual vinha passando há tanto tempo talvez fosse útil para chamar a atenção para os problemas e os estigmas associados às doenças mentais.

E é verdade: é da máxima importância que se fale nisso.

Há contudo um tema que ainda não vi abordado e que seria útil que viesse para o conhecimento público: como se deve lidar com alguém que tem uma depressão ou que sofre de crises de ansiedade?

Eu não sei. Se eu estiver junto a alguém que pressinto que está a padecer de depressão ou com crises de ansiedade mas se a pessoa o negar e disfarçar, como devo agir para ajudar? Intuo que não se deve forçar... mas não sei o que fazer. Assistir ao sofrimento de alguém que se ama e que não quer tratar-se nem quer assumir o seu problema é uma coisa terrível, uma pessoa sente-se impotente. Seria importante que esse tema fosse abordado. A depressão ou a ansiedade não são apenas problema para quem disso sofre mas também para os que os amam.

Marta Rebelo e a depressão. “Cheguei a tomar nove medicamentos diferentes”

Esteve “no inferno” várias vezes durante mais de 10 anos. O ponto mais duro chegou quando era deputada. Sente que se escondeu e isso pesa-lhe, por ser “cúmplice” do estigma. Parceria Observador/FLAD


Precisa de ajuda? Estas são as linhas de Apoio e de Prevenção do Suicídio em Portugal

SOS VOZ AMIGA
Horário: 16:00 – 24:00
Contacto Telefónico: 213 544 545 | 912 802 669 | 963 524 660
Linha Verde gratuita: 800 209 899 (21:00 – 24:00)

CONVERSA AMIGA
Horário: 15:00 – 22:00
Contacto Telefónico: 808 237 327 | 210 027 159

VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA DE PORTUGAL
Horário: 16:00 – 22:00
Contacto Telefónico: 222 030 707

TELEFONE DA AMIZADE
Horário: 16:00 – 23:00
Contacto Telefónico: 222 080 707


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Continuo sem responder a mails ou a comentários. Por bizarro que possa parecer (a mim parece-me), continuo submersa numa onda de moleza absoluta e de grande sono, com mais frio do que é costume e com algumas dores nas pernas. Sei que estas vacinas têm este efeito em algumas pessoas. A mim nunca tal me tinha acontecido pelo que é novidade. Presumo que amanhã ou depois esteja melhor. Também estive, este domingo de manhã, com um familiar que veio a saber horas depois que está com Covid. Mas estivemos ao ar livre pelo que não há-de ser nada. Mas isto para pedir a vossa compreensão para a minha ausência de respostas. Haverei de sair em breve desta letargia.


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E queiram continuar a descer. Abaixo há um comovente momento de união e afecto em torno de Jorge Palma. Muito bonito. Não percam, por favor.


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