Não faço apostas, nem sobre os Nobel nem sobre o que quer que seja. Acho que nunca fiz uma única. Creio que, tal como não gosto de jogos -- nem de cartas nem de damas nem de máquinas nem de roleta -- também não gosto de apostar. Não estou interessada em perder em coisas para as quais tanto se me dá.
Nisto do Nobel nunca me deito a adivinhar. Tenho como certo que sempre haverei de ser surpreendida. Geralmente não conheço.
Este ano voltou a acontecer. Não conheço Annie Ernaux. Não faço ideia de quem seja, nunca tinha ouvido falar.
A minha ignorância é infinita e isso é tranquilizante para mim pois, sabendo-a infinita, sei, de antemão, que jamais poderei derrubá-la e, portanto, sou condescendente para comigo quando tenho evidências da sua imensa amplitude.
Mas já vi uma fotografia dela e hei-de ler alguma coisa dela para tentar perceber a razão de ser do Nobel. Devo dizer que muitas vezes não percebo mas, na minha humildade, admito sempre que o problema é capaz de ser meu. Mas, seja ou não seja, também tanto faz.
Para já, vou ver uns vídeos só para ganhar algum contacto.
Olá UJM,
ResponderEliminarLeia sim, aposto que vai gostar. Eu identifico muito a sua escrita, que aqui leio diariamente, com a da Annie Ernaux. Se é ou não merecedora do Nobel, não sei. E os outros anteriores laureados?!
Deixo aqui um extrato dum artigo da Anabela Mota Ribeiro, para lhe abrir o apetite:
"Foi a minha amiga Susana Moreira Marques, que considero uma das melhores escritoras de língua portuguesa, que me deu o meu primeiro livro da Annie Ernaux. As duas escrevem num tom e num estilo que agora se denomina: auto-ficção. O substracto biográfico está em cada página, na experiência do quotidiano, que é a do sujeito, a da banalidade. É uma pulsão difícil de resumir numa palavra, mas que não é seguramente narcísica ou essencialmente narcísica. Tem que ver com a escrita como uma dobra, uma faculdade de nos vermos de fora, tornarmo-nos personagem de ficção, fingirmos uma dor que deveras sentimos. Estarmos no palco e na plateia, sermos singulares e universais".
Um ótimo fim‑de‑semana
Filo
Olá Filo,
ResponderEliminarComecei a ler ao fim da tarde. Só li uma meia dúzia de páginas. Mas gostei. Aquela descrição simples das coisas que, sabe-se lá como, nos prende.
Fico lisonjeada com o que disse e vou lembrar-me disso quando me puser a escrever um livro. A sério. Mas escrever um livro é difícil, sabe...? Comecei a escrever no outro dia e agora não sei como prosseguir pois arranjei uma personagem tão misteriosa que não sei como avançar porque eu própria ainda não desvendei o mistério... (e estou a falar a sério...)
Obrigada pela simpatia e pela companhia.
Um bom sábado, Filo.