Ia no carro, distraída, quando ouvi o meu marido a dizer: Eh pá, estes tipos não atinam. Até dá pena.
Concentrei-me. Era Jerónimo de Sousa que falava, naquele seu tom simpático embora paroquial. Dizia que iam ser menos no parlamento mas mais nas ruas e falava mal do PS e do grande capital. O meu marido, disse: Pararam no tempo, ainda estão quarenta anos atrás. E voltou a dizer que até dava pena.
Eu ia preocupada com outra coisa. Dei-lhe razão mas não acrescentei nada. De resto, acrescentar o quê? Ainda não perceberam que as pessoas querem uma vida tranquila, estável, e não confusão nas ruas.
E massas? Grande capital? -- continuam com o mesmo e estafado léxico. Será que a malta mais nova sabe a que é que eles se referem quando falam das 'massas'? Até eu, que pertenço à malta mais velha, tenho dificuldade em saber...
Passado um bocado, era outro. Está em todo o lado: na televisão, nos jornais, na rádio. É daquelas ervas daninhas que aparece all over. Era Louçã que falava do alto da sua cátedra, explicando que tudo o que se tem andado a passar resulta de uma conspiração orquestrada por António Costa. Passando um atestado de estupidez aos portugueses que não votaram neles, Louça inventou parvoíces numa tentativa vã de desviar a atenção para a barracada que tem sido a estratégia do Bloco. O meu marido insurgiu-se: Mas ninguém lhe pergunta quem é ele para andar a dizer isto? Aí fui eu que disse: Por duas vezes, foram de braço dado com o PCP, juntar-se à direita, abrindo espaço para a direita populista e, por duas vezes, os portugueses lhes mostraram o que pensam disso. O tipo, que é um perdedor e uma nódoa a definir estratégias, por aí anda a ganhar dinheiro para se gabar das suas teorias.
O meu marido insistiu. O que é necessário é que, quando ele estiver com estas teorias, alguém se vire para ele e lhe pergunte quem é ele para falar assim.
Conclusão: fizemos zapping radiofónico e fomos fixar-nos na Antena 2.
E, agora que escrevo isto, ocorre-me que as Direcções de Informação das televisões, rádios e jornais também devem estar cristalizadas no tempo: alguém em seu são juízo, atento aos tempos que correm e com dois dedos de testa continuaria a contratar os mesmos de sempre? Quem é que insiste em contratar esta gente que já não sabe o que dizer, viciada na maledicência, destituída de capacidade de raciocínio, habituada a mastigar o que outros já regurgitaram? Provavelmente outros que tais.
Há paciência para aturar isto?
Por estas e por outras é que, nos meus tempos livres, cada vez mais me entretenho a ver vídeos ou as Gilde Ages desta vida.
Ou isso ou a colher ideias para cenas. Por exemplo:
Biquinis para anafadas INSTAGRAM @_YUMI_NU |
Blusinha de tricot em fio primaveril Francesca Michielin |
Maquilhagem combinada para aparecer no emprego sem passar despercebida Des'ree Msasi |
Ou a ver dança que nasce na medula dos bailarinos:
Ou a ouvir/ver nova gente da música:
Crystal Murray - Other Men
Olhe!!
ResponderEliminarGosto da rechonchuda...
Até de esqueci do cardeal Louçã.
É isso mesmo. Até aqui considerava Jerónimo de Sousa honesto, embora parado no tempo.
ResponderEliminarHoje lembra-me aqueles condutores em sentido contrario na auto estrada. Um teimoso. Agora O Povo já não é soberano.
Deveria honrar o partido.
Bom domingo, Bons passeios Boa saude.