Depois da Susana Pombo a falar da gripe das aves, só me faltava mesmo ver Gouveia e Melo a chorar em frente ao Daniel Oliveira. Não é possível, isto. Só emoções fortes.
Mas, pergunta a minha insana curiosidade: o que é que ele ali foi fazer? Não sabe que, com aquele ali, quem ajoelha tem que rezar?
Não sei qual a sucessão de perguntas que pôs o homem naquele estado, de voz embargada, os olhos marejados, a tentar conter a indómita lágrima. Na volta, o senhor acabou a falar do dia mais difícil da sua vida, do bisavô de cuja falta ainda não se refez, do bullying de que foi alvo em pequeno, do excesso de peso que em tempos teve, da fome que passou antes de começar a dar vacinas, do estaladão que a madrinha lhe deu num dia de anos, da nostalgia da fraternidade no quartel, de quando pôs o joelho em terra para pedir a mulher em namoro, da emoção de quando nasceu o primeiro filho, de onde deixou ficar o coração ou, simplesmente, de que falam os seus olhos.
Não vou ver o programa todo porque não vejo televisão durante o dia e à noite tenho mais que fazer do que pôr a box a andar para trás. Por isso, tenho que me ficar pelo anúncio. O Vice que quase ia sendo não sei o quê nas Forças Armadas antes que as vizinhas e as comadres tivessem arranjado maneira de não, ali, a ser como é no Alta Definiçao. Garboso, de farda, a fazer o gostinho ao Daniel e às audiências.
A mulherada adora ver um homem a chorar. Se bem que agora consta que tudo o que é homem e vai dar entrevistas (daquelas a que chama de vida) sejam ao Daniel, à Júlia ou ao Goucha desata a chorar. A lágrima masculina banalizada, mainstream, déjà-vu. Eu, se calha ver, sabendo que estão ali para isso, acho sempre que, para a coisa ficar mais composta, era aparecer alguém da produção a dar-lhes um lencinho de papel e a pôr-lhes uma chucha na boquinha.
Gosto de homens altos, de barba, bonitos, com classe e charme, sóbrios, vestidos de oficiais de marinha. Gosto. É uma coisa cá minha. Mas não sei se o Vice, um fulano que está para os jornalistas e comentadores das televisões como o Cesar Millan para os cães raivosos, tinha necessidade de se ir para ali pôr a jeito, prontinho para o justo correctivo.
Não sei. Acho que não havia necessidade.
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De qualquer maneira não sei se a sua presença no Alta Definição conseguirá superar a sua participação na reunião da task-force "Para Resolver os Problemas da Humanidade"
Subscrevo!
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