Já não moro no centro da cidade. Mudei-me para os bairros da periferia onde o apelo ao consumo não existe. Por isso, não sei se, nos centros urbanos, já começaram as instalações de Natal. Sempre que as via a despontar sentia um misto de contrariedade e de quase angústia. O acelerar do tempo, o consumo e o fútil a dominar as nossas existências. Agora que já não vivo dentro delas parece que sinto uma espécie de nostalgia. É uma ficção e um apelo ao consumo mas é também o pretexto para iluminar e embelezar as ruas e isso é uma coisa boa.
Pela parte que me toca, resisto sempre e, se cedo, é sobretudo pelas crianças que enfeito a casa. O ano passado até bolas pendurámos nas árvores e nos arbustos do jardim. Gosto de uma pequena árvore dourada com luzinhas nas pontas que, quando acesa, dá um aspecto muito confortável à sala. Gosto tanto dela que está na pedra da lareira ao longo de todo o ano.
Mas se a euforia consumista não me seduz, em contrapartida aprecio a publicidade de qualidade que, nesta altura, mostra como a criatividade faz toda a diferença na divulgação de um produto.
Por vezes, os criativos embalam, o anúncio ganha vida própria e dificilmente se percebe o que tem a ver com o produto ou serviço que pretende promover. Pode até haver um excesso que faça pender a balança para o quase kitch. Não interessa. Se está bem feita, gosto de ver.
Tenho ideia que a melhor publicidade é a dos perfumes franceses. Excedem-se.
A publicidade é isto: em vez de apregoar o produto, induz-se o sonho, a ilusão de que, se usarmos o produto, poderemos habitar o mais belo romance.
Tudo isto pode parecer frívolo (e até é) mas, não nos esqueçamos, é também o motor de toda uma série de máquinas produtivas que estão por trás, o motor de várias indústrias, o motor de uma economia que, se equilibrada, não poluente e sustentável* é vital ao bom desenvolvimento dos países. E, quando comparadas com outras máquinas -- como a dos vídeos ou jogos em que a violência e a banalização do mal são omnipresentes --, são até o menor dos males.
Portanto, para nossa momentânea paz de espírito, esqueçamo-nos um pouco do lado negativo destas coisas e deixemo-nos encantar com a graça ou a beleza que que sempre é possível encontrar nestas coisas.
Muito interessante a reflexão publicitária e os belos exemplos.
ResponderEliminarUm rico fim de semana.
UJM - "O que não fazemos por amor?" DM - Exemplo: "Eu transferi-me de Coimbra para Évora."
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