Havia aquilo das messes. As coisas na realidade só custavam custavam X mas eles compravam por X+g. As Forças Armadas pagavam X+g aos fornecedores. E o g, g de gorjeta, era transferido pelos fornecedores para aqueles que assim negociavam. Ou seja, as Forças Armadas, ou seja, todos os pagam impostos, estavam a pagar para alguns receberem umas gorjetas. Consta que chorudas gorjetas. Ouvi falar em milhões. E quem lhe chama gorjeta, chama gratificação. Ou comissão. Ou fee. Não sei se isso já foi apurado ou se ainda anda enleado nas malhas da Justiça.
Houve também aquilo das armas. Falava-se em roubo e comercialização de armas. A barraca maior aconteceu em Tancos. Não terá sido a única barraca mas foi a mais cabeluda. Mais do que barraca, foi uma barraquinha. Uma historieta marada. Coisa de gatunagem miúda à mistura com alguma mais graúda e tudo condimentado com guerra de bairros, alfama contra mouraria, judite-tropa ou judite-civil. Ou whatever. Uma cambada de malucos e de marados que nunca deixou que se percebesse bem quem era quem na máfia das armas. Claro que ainda anda tudo enleado nas malhas da Justiça.
A nossa Justiça é daquelas badalhocas que já perderam a vergonha na cara, que falam demais, que têm uma língua comprida e venenosa difamando meio mundo e que, dentro de portas, guardam sacos cheios de restos de linhas e de lãs, tudo emaranhado, onde mesmo que se encontre uma ponta e se puxe, não se consegue tirar tão presa estás nos outros fios.
Pois bem. Desta vez parece que a coisa fia mais fino. Coisa digna da Place Vendôme: ouro e diamantes. Não sei se, pelo meio, havia umas e outras para cheirar ou se era sobretudo ouro e diamantes. E eu disse parece pois nestas molhadas em que é tudo ao molho e fé em deus com o Super-Judge Alex à mistura a gente nunca sabe se é mais um dos mega delírios que ele gosta de apadrinhar ou se, pela primeira vez, dali vai sair algum rato. Centenas de agentes, vários suspeitos, vários detidos. Diz o nosso impagável Marcelo que esta investigação só os prestigia. Coisas lá dele. Eu, por acaso, preferia umas Forças Armadas impolutas mas, lá está, inocências cá minhas.
Seja como for, nada de dramas: tal como uma passarinha não faz a primavera também uma fiada de diamantes não ensanguenta todos os Comandos. Para além disso, claro que todos são inocentes até prova em contrário.
Mas, a ser verdade que há fumo porque houve fogo e a ser verdade que agiam conluiados, com o espírito de fraternidade que costuma uni-los, cá para mim devem ter combinado uma estratégia das valentes: caso cheire a cocó no beco, nada de pânico.
Mas, com tantas centenas de agentes à solta nas ruas e a farejarem casa a casa... sempre gostava de ter visto como reagiram os ditos militares e ex-militares.
Não é por nada mas só espero que tenham reagido melhor que estes aqui abaixo. A menos que tiritar de pânico também seja coisa que prestigie a tropa.
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