O título foi longo e poderia ficar-me por aí. Mas, como sou extrovertida, aproveito para responder a alguns comentários e mails e, de caminho, para acrescentar uns pontinhos.
Acredito que o Orçamento ainda pode ter pernas para andar. Convém termos presente aquela coisa da estupidez: a estupidez é uma burrice sem beneficiários. Ora, se a estupidez ainda não se materializou, ou seja, se a votação ainda não ocorreu, ainda pode acontecer que os que se meteram nisto armados em leões percebam que o melhor é saírem de fininho. Entrada de leão, saída de sendeiro. Melhor isso do que se atirarem da ribanceira abaixo.
Ou pode acontecer que, num derradeiro acto de misericórdia, o Costa lhes atire um peanut qualquer para eles, perante os seus fiéis, poderem fingir que ganharam alguma coisa.
Quanto ao PCP, acredito que o coração deles balança. Por um lado, a linha mais racional quer ter uma atitude responsável mas, por outro, a linha dura, a linha que gosta de manifs e punho erguido, quer é ter motivos para o protesto e, para isso, têm os portugueses que estar a ser bem lixados. Portanto, a ver o que o Jerónimo vai fazer: se opta por satisfazer os comunas de linha dura ou se opta por querer o bem dos portugueses.
Mas também acredito numa coisa. Se por uma bizarra convergência de burrices, houver mesmo eleições antecipadas, acredito que
- o PS ver-se-á reforçado já que nisto tudo é quem, a par do PAN, tem mostrado ter cabeça e sentido de responsabilidade;
- o PSD levará uma tareia das valentes, ainda por cima destrambelhados como andam ;
- o PCP e o BE, obviamente, levarão um valente chega para lá pois ninguém gosta de irresponsáveis, arrogantes e gente que se porta de forma estúpida;
- o CDS quase desaparecerá do mapa;
- a IL talvez se aguente pois o Cotrim, para além de ter pinta e de se saber vestir, é elegante e educado;
- o Chega deve subir, repescando os distraídos, os manipuláveis, os desiludidos e os destituídos que assim se juntarão aos desinformados, aos ignorantes, aos arruaceiros e aos patifes que já lá estão.
Portanto, acreditando que, a haver eleições, o PS sairá reforçado, a verdade é que não me agrada nem um bocadinho que, em vez de haver uma oposição construtiva e responsável, se tenha apenas um bando de gente desorquestrada e de um Chega perigosamente circulando com via verde para fazer a porcaria que quiser.
E essa não é, seguramente, a forma como quererá ser recordado. Marcelo sabe bem que a memória das pessoas é curta. Os últimos tempos do seu mandato facilmente apagarão os seus áureos tempos pré-pandemia, o tempo dos afectos, das selfies e dos beijinhos.
Por isso, pode muito bem acontecer que esteja a pôr toda a sua habilidade de experiente jogador político ao serviço da aritmética que pode garantir pelo menos mais um ano de governação estável.
E depois há aquilo em que parece que ninguém antes tinha pensado e que pode ser saída para se seguir em frente. Em frente mas com uns a irem ao charco e outros enfiados num saco de gatos. Em frente mas com os comentadores todos em histeria, todos a terem epifanias -- uma coisa também muito difícil de suportar.
Enfim, vamos esperar que, fruto de interpretações regulamentares, habilidades alheias ou arrependimentos próprios, haja quem, à última hora, consiga que não se perca tempo com frivolidades e que, pelo contrário, possamos concentrar-nos no que é necessário (desenvolver-nos, por exemplo).
E agora vou pensar noutra coisa para não cansar a minha beleza.
Ainda bem que é extrovertida, como diz, e acrescentou os tais pontos.
ResponderEliminarEu diria o mesmo, se o soubesse dizer assim, é claro. Sem tirar nem pôr.
Um abraço
Olá Maria Dolores,
ResponderEliminar... e o pior é que a coisa deu mesmo para o torto...
A ver é se agora não vai de mal a pior.
Tenhamos esperança.
Dias felizes, Maria Dolores.