Tenho a dizer que os fatos de banho que aqui mostro são os mais fantásticos, elegantes e apetitosos fatos de banho de homem que já vi. Li na Vogue que são libidinosos -- e estou de acordo. A palavra é correcta. Libidinoso = Sensual; lascivo; caprichoso; dissoluto.
Vejo as sofisticadas tangas com olhos de ver, amplio para ver bem as costuras e a perfeição do corte -- e não lhes encontro defeito.
No entanto, posso estar a ser tendenciosa pois posso estar a pôr todos os atributos na peça de vestuário quando, para ser sincera, o que acredito mesmo é que dependerá muito de quem os vestirá.
Por exemplo, no outro dia vi um homem vestido a rigor a tentar fazer kite surf. Mas, coitado, por mais que se esforçasse não conseguia sair da areia, dando divertidos saltinhos a ver se o vento lhe pegava e levava pelos ares. Mas nada, não descolava. Quando me aproximei, disse ao meu marido que estava tudo explicado. O meu marido não percebeu. Expliquei que, com aquele fácies, era óbvio que não ia a lado nenhum. Passando-lhe perto constatei que não era apenas a cara, era também o corpo que era para esquecer. Claro que enfiado dos pés à cabeça num fato de um reluzente neopren a coisa disfarçava. Agora imagine-se se aquele cromo se apresentava com um fato de banho como estes. Ou uma pessoa desatava a rir à gargalhada ou afastava-se cautelosamente não fosse o maluco desatar o atilho.
Também tenho que confessar outra coisa: se, por exemplo, o meu marido me aparecesse, em público, nestas figuras, acho que o embrulhava rapidamente numa toalha e mandava chamar os bombeiros para o levarem, atado, para o Júlio de Matos. Ou se fosse o meu filho. Credo, nem quero pensar. Acho que teria uma conversa com a minha nora para avaliarmos o que poderíamos fazer para ele ganhar juízo. E nunca mais ia ter à praia com eles enquanto ele não voltasse aos habituais calções de banho.
Já o disse: para mim os homens querem-se frugais, despojados, sem espalhafatos ou inovações estéticas. Clássicos ou desportivos mas sempre sóbrios, discretos. No caso do meu marido e do meu filho, ambos usam calções normais, um pouco acima do joelho, tecido, corte e cores 'normais'. Mesmo os meus netos usam calções de corte direito, compridinhos, do mais simples e discreto que há.
Mas isso são os meus 'homens'.
Agora os homens das outras ou os que estão sem dono/a, os que não se importam de mostrar que estão no mercado, os que estão disponíveis para serem olhados, ah... ah esses, sim, podem ousar à vontade, podem ser extravagantes, em especial se seguirem a velha máxima de 'menos é mais'.
Poderiam, até, ter apenas uma simples parra à frente e uma simples folhinha de limoeiro atrás. Ou vice-versa. Ou, melhor ainda, uma única folhinha de louro.
Os modelos que aqui apresento são obra de Ludovic de Saint Sernin, the designer who made poetic sensuality his brand's signature. Ludovic de Saint Sernin se fait connaître en 2018 avec sa mode libidinale et son vestiaire "genderless" alliant chic et poésie. Son premier vestiaire, présenté en tant que finaliste du prix LVMH, a fait l'effet d'une bombe avec autant de modèles audacieux célébrant le corps masculin et ses attributs
" Quando me aproximei, disse ao mesmo marido …", que é como quem diz, ao meu marido, meu salvo seja …
ResponderEliminarE será que alguém vai perguntar se esses fatos de banho são comíveis ?
Um bom dia com alegria !
UJM, infelizmente continua a reproduzir-se a ilação e pré conceito de que o poder ousar à vontade, a extravagância, o uso de dress code apelidado de 'libidinoso', caracteriza e está do lado das pessoas que "estão sem dono/a, os que não se importam de mostrar que estão no mercado, os que estão disponíveis para serem olhados".
ResponderEliminarPor outro lado, mas infelizmente também - e mesmo que se trate dos "nossos" - persiste mais do que seria suposto, a "legitimação" das formas de censura aos gostos alheios, por forma a tentar ajustá-los aos de quem emite as críticas ou simplesmente não aprova.
Olá Amofinado,
ResponderEliminarComíveis...? Comestíveis...? Boa ideia. Dessa ele não se lembrou. É caso para, tal como dizia o outro, dizer também: 'Comia-os todos...'
E como são pequeninos (os fatos de banho) nem haveria risco de ficarmos com indigestão.
Olhe, vá mas é registar a patente...
E um bom dia com alegria também para si!
Olá Isabel,
ResponderEliminarAcho que já outra vez lhe disse: não deve fazer leituras literais do que eu escrevo. Se eu não me levo a sério, porque há-de a Isabel levar-me?
Mas, e de resto, que mal tem uma pessoa estar disponível para que os outros a olhem? Estar disponível para ser desejado?
E que mal tem a gente não gostar de algumas coisas e tentar dissuadir os que gostam de gostarem?
Aqui no UJM, Isabel, não venha à procura do politicamente correcto nem de lições de moral. No dia em que me encostar às tábuas e me preocupar com o que os outros vão pensar, fecho a loja.
Por isso, Isabel, dê desconto. A vida são dois dias (e o carnaval três) -- não é o que se costuma dizer?
Por isso, nada como pegar uma farrinha de quando em vez (mesmo que a farrinha se resuma a um post descomprometido -- seja lá o que 'post descomprometido' queira dizer)
Dias felizes!
UJM, interessa-me mais o comentário relativo a ponto de vista diferente, quer seja eu a fazer ou a receber. Não se trata de levar ou não alguém em específico a sério ou a brincar, ou de ter de conhecer ou adivinhar o tom de quem escreveu, ou muito menos ainda de tentar aborrecer.
ResponderEliminarA escrita passada a público e com sítios destinados a comentários prestam-se a dar opinião, quer seja afinada com a do texto ou diferente, e também se presta ao até onde nos leva.
Não me interessa o politicamente correcto.
Sobre a segunda e terceira perguntas, não tem mal nenhum. Também não me referi a isso. O que quis dizer por outras palavras, é que é redutor interpretar-se à cabeça que quem gosta/costuma/pode ousar à vontade, está no grupo das pessoas ' disponíveis no mercado'. Extrapolando - e não é que tenha sido dito ou que esteja a pôr a hipótese de ter sido pensado - este tipo de ilação simplista legitima no dia-a-dia observações e atitudes incorrectas, como o 'oferecido/a, o que é que ele/ela queria...', em vez de em primeiro lugar se 'ver'/pensar que é o gosto da pessoa. Não sei o que acontece na maior parte das pessoas quanto ao principal alvo pensado e às escolhas que fazem relativamente à imagem, se é o gosto pessoal e o gosto de gostar nelas que vem em primeiro lugar, ou se é a busca de aprovação dos outros. Agrada-me que a segunda hipótese seja algo muito secundário e residual, e que cada vez se faça mais caminho nesse sentido.
Mas entendo que tem mal tentar dissuadir os outros de gostarem do que gostam porque não corresponde aos meus gostos, se os outros não perguntarem opinião, não manifestarem indecisão, etc. Tem implícito uma lógica de supremacia, de eu ver o meu lado acima do que é a escolha do outro.
Bom fim-de-semana