Não sou conhecedora da história da sua vida mas tenho ideia que era um homem bondoso e muito culto, com inteligência e dotes de oratória. Mas acho que não é apenas por isso. Admito que seja por um qualquer outro motivo que não alcanço que simpatizo tanto com o Santo António. Fui agora ver em que altura viveu e fiquei surpreendida. Crê-se ter nascido em Lisboa em 1195 e morreu em Pádua em 1231. É, pois, dos antigos. E, no entanto, vejo-o como um moderno.
É ele o Santo Padroeira da Lisboa popular. Haverá quem invoque São Vicente e lá terá as suas legítimas razões mas contra factos não há argumentos. Quem vive no coração dos lisboetas é Santo António e contra isso batatas: não há historiadores ou escoltas de corvos que consigam dar a volta ao afecto alfacinha.
Tenho em casa algumas figuras religiosas. Tenho, por exemplo, vários pequenos presépios. Assim, de repente, sem ir conferir, acho que tenho também duas Nossas Senhoras e tenho dois crucifixos. E tenho uns Santo Antónios. Gosto deles. Aliás, posso dizer que tenho um carinho especial por eles. Mas há uma coisa: por algum motivo que também desconheço, gosto de os ter representados de uma forma pouco canónica. Gosto de versões que transmitam a inocência ou a graça da expressão popular.
Como ontem, em resposta ao Francisco, falei nele como sendo um Santo muito cá de casa, ele teve a gentileza de me enviar fotografias dos Santo Antónios de sua casa. São muito bonitos. O maior, então, é uma maravilha.
Obrigada, Francisco.
Riqueza,
ResponderEliminarObrigado pela cortesia ;)
Santo António foi isso tudo, um homem de vida, de ação, que se deixou tocar por aquilo que viveu e por quem se cruzou. A santidade é isso mesmo e não a piedadezinha cultivada por um certo pensamento eclesiástico que perdurou séculos e ainda vai subsistindo (old habits die hard).
Gostei imenso dos seus Santo Antónios, adoro esse toque de criatividade, a obra que vem do coração, o sentido pessoal da personagem que se retrata.
Um bom domingo!
Bom dia!
ResponderEliminarQue maravilha de imagens. Embora o Sto António lembre logo Lisboa, tive vontade de voltar ao Minho - talvez Barcelos - onde se encontram figuras inocentes, às vezes toscas, mas muito bonitas, coloridas e populares.
Sempre vi imagens de santos à minha volta, embora com ar de celeste e sofredora santidade, nem sempre inspirador. Havia até um altar em casa das minhas tias.
Um domingo bem colorido e, já agora, que todos os alegres santos ajudem.
Ah! E o Sermão de Sto António aos Peixes, do Padre António Vieira, continua a 'pintar' muitas figuras atuais!
Quando a UJM for à capital, ou melhor, se o António a deixar lá entrar, poderá visitar o museu do dito, isto se ele estiver aberto.
ResponderEliminarAté lá, aprende-se muito nesta “Visita”, ou não seja um dos seus oradores um “confesso não crente”:
https://www.rtp.pt/play/p8647/e551393/visita-guiada
Olá Francisco,
ResponderEliminarPenso que é como diz: old habits die hard. Foram muitos anos, séculos, de subversão dos princípios mais genuínos que, em minha opinião, deveriam enformar o sentido de religiosidade. Há coisas que devem ser respeitadas enquanto espontâneas e simples e não excessivamente submetidas a preceitos e preconceitos. A doutrina tende a enquistar-se em torno de regras e temores. E, para mim, deve haver acima de tudo uma tolerância e uma generosidade e não censura e apelo à exclusão.
E o Santo António, aos meus olhos, tem essa ligação aos outros, ao saber, aos sentimentos. E seja ele representado da forma elegante e erudita (como os seus) ou popular e bem disposto como os meus, é uma figura que me agrada muito, que, de certa forma, me é próxima.
Uma semana feliz, Francisco.
Olá Maria Dolores,
ResponderEliminarNão me revejo nas imagens sofredoras, tristes, distantes. Prefiro as figuras muito simples, populares, próximas. A ver se amanhã fotografo os meus crucifixos. Em tempos pintava-os e vou ver se descubro alguns dos quadros em que eles ali estavam, aparentemente muito a despropósito.
E gosto especialmente das minhas Nossas Senhoras. A figura maternal é-me muito especial. Pode representar Maria, mãe de Jesus, mas pode ser qualquer outra mulher que se dá para ser mãe e que protege o seu filho e sofre com as suas arriscadas andanças.
Quanto aos meus Sto Antónios não sei se reparou que um deles, o que está de boca aberta, espantado, tem o menino num dos braços (também espantado) e um peixe na outra, aludindo ao sermão. Acho uma graça.
E uma boa semana para si, Maria Dolores. Saúde e alegria nos seus dias.
Olá Amofinado,
ResponderEliminarEm Lisboa ando geralmente, agora à zona da Sé já não vou há mais de uma ano. Não sabia que havia um Museu de Sto António. Fiquei com muita vontade de ir conhecer. Já comecei a ver o interessante vídeo que enviou. Engraçado como o não-crente também tem essa ligação e afeição por um santo. Achei graça a ele ter falado em ternura.
Fiquei também curiosa com o livro do Mega. A ver se o leio para conhecer melhor esta figura que não sei porquê sinto como próxima.
Muito obrigada. As suas dicas são sempre preciosas.
Uma semana feliz, Amofinado.