Às vezes dá-se às coisas o nome de quem as faz mesmo antes de saber se as coisas vão ser especialmente bem sucedidas. Pode acontecer que, depois, as coisas ganhem vida própria e o nome das coisas passe a existir por si só, esquecidas de quem as fez e de quem lhes deu nome.
Sucedeu hoje que, ao ver a notícia de que uma certa pessoa tinha sido encontrada sem vida na sua cela de prisão, não tenha prestado atenção: nem o nome nem a cara me diziam nada.
Agora, ao rever os sucedidos do dia, percebi quem tinha sido a pessoa: o autor do antivírus McAfee.
John McAfee. Nunca me tinha ocorrido que o nome do antivírus era o nome do seu criador. O produto mantém-se vivo, vai tendo novas versões, e, enquanto isso, o seu criador é preso por fuga ao fisco. E, agora, ao saber que ia ser extraditado e que arriscava uma pena de dezenas de anos, não terá aguentado mais. E assim acaba a vida de uma pessoa que um dia desenvolveu uma aplicação que se tornou internacionalmente célebre e com a qual certamente ficou mais do que multimilionário.
Nestas coisas, volta e meia, as pessoas pensam que são eternas, que viverão milhares de anos, e que, para tal, precisam de aferrolhar muitos milhões, se necessário for fugindo ao fisco para ficarem com ainda mais. Até que a coisa dá para o torto e o homem eterno e muito rico acaba, morto, numa cela num país estrangeiro.
Mais uma história triste que só prova uma coisa: os humanos são frouxos das ideias.
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O meu dia foi tranquilo apesar de activo. Estou a tentar o equilíbrio, coisa que me é um pouco estranha. Pouco antes das sete da tarde, antes de ir fazer arroz de tomate para acompanhar os filetes, o meu marido apanhou-me a escrever um mail. Ele não sabia mas deveria ser o décimo no espaço de pouco tempo. Escrevo razoavelmente depressa. Disse-me: 'Olha para isso, a escrever compulsivamente há não sei quanto tempo. Estás a voltar ao mesmo, não consegues, está-te no sangue...'. Disse-o com ar censor mas acho que tem razão. Depois de uns dias em que tentei travar às quatro rodas, aos poucos vou reatando o meu normal. As ideias surgem-me e, com elas, a vontade de fazer, de fazer acontecer. Pode alguém ser quem não é?
De tarde, fiquei sozinha. Preocupam-se que eu fique sozinha em casa. Eu não. Então, para reduzir o tempo em que estava sozinha em casa, o meu marido sugeriu que eu fosse ao supermercado comprar fruta. Achei absurdo. Ideia mais sem jeito.
Contudo, quando acabei de almoçar, apeteceu-me mesmo ir dar um giro. A ideia do supermercado pareceu-me tentadora. Ao que eu cheguei.
Meti-me no carro e fui. Comprei pêssegos normais, pêssegos do paraguai, morangos, maçãs, laranjas. Gosto muito de fruta. Gosto de comer, gosto de comprar, gosto de sentir o perfume da fruta quando estou na cozinha.
Lavo-a toda e coloco-a em taças para estarem sempre disponíveis para serem comidas. Assim é que deve ser. E não venham com isso da língua portuguesa ser muito traiçoeira que eu não vou nessa.
Aproveitei e comprei uma loção corporal. Para avaliar qual delas, se a da tampa amarela se a da tampa lilás, levantei um pouco a máscara para sentir o perfume. Mais agradável a amarela. Trouxe, imaginando-me cheirosa como uma taça de frutas.
Trouxe também um vasinho com uma hortênsia cor-de-rosa. Agora terei que arranjar um vaso bonito para a pôr e, claro, um lugar bem pensado para pôr o vaso. Estas coisas nunca se ficam só pela primeira derivada. E aqui não é uma questão de língua portuguesa mas de cálculo diferencial.
Bem.
Era para lavar a cabeça esta quinta-feira de manhã mas afinal pediram-me para antecipar uma reunião que tinha convocado para o início da manhã. Vai ter que ser muito cedo. Para não ter que me levantar ainda mais de madrugada e depois estar com o cabelo a pingar, lavei-o de tarde. Depois do banho, com o corpo ainda húmido, apliquei a loção. Fiquei a sentir-me mesmo bem, frutada.
Ah, e mais: confirmo que, quando vou sozinha ao supermercado, consigo cirandar por onde habitualmente passo a correr e descobrir coisas impensáveis, deveras tentadoras. Assumo: trouxe uma máscara regeneradora. Imagine-se.
Depois do banho, tirei a dita da embalagem e apliquei-a. Olhei-me ao espelho e pensei que deveria fazer uma selfie. Uma legítima múmia. Deitei-me no sofá e por pouco não adormeci, apesar da coisa molhada na cara.
Quando a tirei, fui observar-me ao espelho e, para dizer a verdade, não descobri nada de diferente. Se calhar, não faz efeito à primeira. Também não se pode esperar que uma coisa que custa um euro e picos produza o mesmo efeito que o botox. Se calhar, tenho que reincidir. A ver se me informo qual a periodicidade aconselhada para me mascarar.
Portanto, a tarde foi boa. Claro que trabalhei mas teve estes motivos extra de interesse.
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E, por falar em extras, uma que é deveras extra.
Agora à noite, quando fui conferir as notícias, vi uma que me animou mesmo. Os astrónomos pensam que talvez existam 29 planetas habitados por seres que podem observar-nos e captar todas as nossas comunicações. Isto é um pouco perturbador mas, por acaso, a ser verdade, acharia o máximo.
Acredito que não são verdes nem parecidos connosco. Podem ser transparentes, podem ser raios de luz, pode ser qualquer coisa que não se nos assemelhe de maneira nenhuma. Mas pode haver inteligência mas talvez seja uma outra forma de inteligência. Andamos mortos por pôr o pé em Marte sem nos ocorrer que o mesmo pode estar a passar-se com seres de outros planetas em relação a nós. Mais: quem nos garante que não estejam já entre nós? Partículas inteligentes a ouvirem-nos, a rirem que nem umas perdidas com a nossa totozice.
Não tarda, vai ser divulgado pelo Pentágono um relatório sobre ovnis e acontecimentos relacionados com actividade extraterrestres e aí é que vamos todos ficar com a pulga atrás da orelha. A pulga ou um alien -- nunca se sabe. Um alien atrás da orelha, isso é que era, a ouvir tanto como nós, a conhecer todos os nossos segredos, a fofocarem uns com os outros com as coisas que vão ouvindo aqui e ali.
E, aliás, levantando um pouco o véu... quem vos garante que esta que vos escreve não é uma alien?
Alguém me está a ver?
Alguém tem provas de que sou humana?
Vou...!
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Mas, antes de ir, informo que os frutos são obra de Frida Kahlo e as hortênsias de Svetlana Lileeva
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Mas, antes de ir, desejo-vos um dia feliz
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Se UJM for uma alien, no problem, até o seu casamento é válido.
ResponderEliminarÉ que “os ETs também são filhos de Deus”, garante o padre jesuíta argentino José Gabriel Funes, director do Observatório Astronómico do Vaticano. E acrescenta ainda que "não podemos colocar limites à liberdade criativa de Deus".
https://www.publico.pt/2009/11/12/jornal/vaticano-vida-extraterrestre-nao-contradiz--a-fe-crista-18203891
E sobre essa “liberdade criativa”,
https://youtu.be/seaj3FHbJXk