Por motivos que não vêm ao caso, tivemos que ir à cidade. Muita gente. Muita gente sem máscara e outros com meia máscara. Fez-nos muita impressão. Desviávamo-nos, incomodados. Mas aquela gente não sabia que ainda estamos em regime de confinamento? Esqueceram-se que ainda há covid? É certo que estávamos na rua mas, bolas, cruzando-nos uns com os outros em quase permanência, gente a passar por nós a menos de um metro... Andámos aos ss na rua, a fugir de um, a fugir de outro, tentando ser discretos, sem perceber a que mundo tínhamos ido parar. E tantas lojas abertas. Não conseguimos perceber.
Ao presenciar toda aquela movimentação, fiquei a pensar que, afinal, se calhar, ao contrário do que por vezes penso, quando a pandemia for debelada tudo voltará ao que era. Para nosso grande espanto, não fora algumas pessoas de máscara, dir-se-ia que estávamos nos tempos de antes do corona. Na loja, várias pessoas comprando e escolhendo coisas com vagar, umas tirando dúvidas junto dos funcionários, outras revirando objectos. Preocupação por estarem num espaço fechado, zero.
Pelo telefone, o meu filho desvalorizou: que quase um ano de vida alterada acaba cansando a disposição das pessoas, que isto é natural. Os mais novos sentem-se praticamente a salvo e, a menos que por dever cívico queiram proteger os outros, virão para a rua gozar a vida. Diz ele. Talvez. Acredito que sim.
Era quase noite. Provavelmente os que vi, entre o sítio em que estacionámos, o largo onde havia assuntos a tratar, a rua, o percurso para a loja e o caminho de volta ao carro, terão sido umas cem pessoas na rua, talvez mais, não sei calcular. Dessas, talvez metade das pessoas andasse sem qualquer preocupação de afastamento. Talvez uns trinta ou quarenta por cento estivessem sem máscara. Vários dos que estavam de máscara estavam de nariz de fora. Talvez seja uma amostra pouco significativa, talvez não possa tirar conclusões precipitadas. Não sei. Mas fez-me muita impressão. Achei um excesso de à vontade.
Se não tivesse sido tão prontamente denunciado haveria de andar já meio mundo nas televisões a discutir mais uma treta, uma de entre tantas.
Há bocado, ao tentarmos ver alguma coisa, deu-nos uma aversão total a esta comunicação social que explora a má língua, a acusação, a leviandade, a estupidez. O meu marido disse: vamos desligar a televisão. Mas não fui tão radical mas fui ver outra porcaria, o MasterChef Brasil. Aquilo não é culinária, são casos sociais
Não serão grandes objectivos, eu sei, mas agora é o que há. Parece que já nem sei ter grandes ideias nem grandes desejos...
A minha mãe, ao telefone, dizia que pelos anos não quer nada, que tem os armários e as gavetas cheias de coisas de que não precisa, que já nem tem onde guardar mais nada. Eu disse que estou na mesma, que há um ano que não compro praticamente nada a não ser comida e que não sinto falta de nada. Mas, se sinto um certo orgulho por me ter tornado assim, a verdade é que penso que, se muito mais pessoas estão como eu, isto é o desastre total para a economia. E é que eu acho que isto não é apenas enquanto durar a pandemia, acho que isto é assim forever. Mas, lá está, na volta é comigo e pouco mais porque, se calhar, mal nos desconfinemos, meio mundo irá a correr gastar dinheiro em traparia. Não sei. Aliás, não sei mais nada de nada.
Por isso, calo-me. Espero que gostem das fotografias de Philotheus Nisch e da companhia de Natalia Lafourcade e Omara Portuondo a interpretarem Tú me acostumbraste. E espero que gostem também de ver os vídeos que hoje vi e de que gostei.
Dame Judi Dench e Benedict Cumberbatch Unite Us
Já agora, deixem que partilhe o vídeo de alguém que fala das várias gerações, desde as memórias da bisavó da mãe até aos seus sete netos. E eu que tenho tantas saudades dos meus -- pimentinhas mais lindos, que agora só os vejo por fotografias ou filmes ou conversas à distância.
Chico Buarque fala sobre sua relação com seus netos
Bom dia,
ResponderEliminarUma ideia para mover o vaso, levanta de um lado e poe parte de um tapete por baixo, o mais difícil será conseguir que a base do baso fique no tapete, depois é só arrastar.
JPFerra
Mais umas dicas: Na ilha de Páscoa um ancião dizia a um investigador que "as estátuas andam" e o investigador fê-las andar... com muito engenho! Sugiro que coloque o vaso na horizontal em cima de um pneu e fazê-lo deslizar sobre uma prancha larga de contraplacado, adicione um pouco de imaginação para fazer deslizar o pneu (por ex. um cabo de 1mt de ferramenta de jardim), jeitoqb, pelo menos 4 braços e persistência .. No Leroy existem porta cargas com 4 rodas. JSF
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ResponderEliminarOlá a todos quantos deram dicas (mesmo aos que depois as apagaram).
ResponderEliminarComeço por agradecer. Os vossos conselhos incentivaram-me a insistir ainda mais com quem poderia ajudar a tarefa a bom porto.
Grande demais para descer escadas só amparado ou segurado por ambos, optámos pela via que não me tinha ocorrido mas ocorreu a ele. O vaso, impossível de deslocar de per se, está em cima de um pequeno estrado com rodinhas. O que ele resolveu foi fazê-lo galgar o lancil da porta. Não foi fácil pois para além de uma roda em cada canto, tem uma roda a meio, o que dificultou grandemente a alavancagem. E, de tão grande, foi à justa que coube pela porta. Colocar em cima de um tapete, tentámos mas impossível. Experimentámos ver se as rodas não riscavam os moleanos do chão. Como as rodas felizmente são revestidas a plástico ou borracha ou lá o que é, não riscou. Lá foi então de viagem, atravessando o corredor e a sala. Depois teve outra vez que galgar aquele socalco da porta e essa foi a grande dificuldade. Mas lá conseguimos e daí até à ponta em que ficou foi um bocado. Ainda tentámos transportar o monumento até ao recanto em que eu queria colocá-lo mas o piso era irregular e o paquidérmico animal nem se movia.
Mas, portanto, já está. A ver se agora, em local mais recatado, recupera melhor. E o terraço da entrada está mais desafogado e mais bonito.
Obrigada!