Nos tempos que correm pode parecer estranho que a homossexualidade ainda seja tema olhado com algum desconforto. Em meios mais pequenos, a homossexualidade é ainda vista como uma característica desviante, como se um homossexual fosse um ser perverso, defeituoso ou ridículo. Mesmo em meios supostamente mais evoluídos, pelo menos por cá, quem é homossexual ainda receia expor-se à censura ou ao desdém. As pessoas homossexuais que conheço, apesar de pertencerem a meios cosmopolitas, não assumem a sua orientação. Creio que sejam habitados por um permanente receio de que sejam descobertos e que, sendo-o, passem a ser olhados com comiseração ou desconsideração. Uns tentam disfarçar contando muitas anedotas sobre gays, outros falam com displicência como se fosse tema que não lhes dissesse respeito e outros especializaram-se em, inteligentemente, desviar o assunto para outros terrenos.
Em todos os grupos, sejam grupos do que for, há os que se situam na média, geralmente a grande maioria, e os que se situam nas franjas, geralmente uma minoria. Portanto, que se diga que os homossexuais são uma minoria é apenas uma constatação, não é mal. O que é mal é que isso venha acompanhado por censura ou repúdio.
Claro que se frequentarmos outros meios, por exemplo, se passearmos no Chiado (quando o podíamos fazer), veremos casais homossexuais assumidos que não escondem o seu afecto. Por exemplo, quando, numa outra vida, podia satisfazer o meu gosto por aliar o ambiente da beira do rio e o dos edifícios decadentes, indo passear para um dos lugares mais belos do mundo, o meu saudoso Ginjal, era frequente ver casais de mulheres homossexuais abraçadas, beijando-se. Não sei se fora dali mostrariam o seu afecto com a mesma naturalidade mas ali eram normais casais de pessoas enamoradas. De qualquer forma é ainda uma situação pouco frequente.
Já aqui o disse muitas vezes. Eu percebo que é mais confortável a gente sentir que não destoa da maioria e que, se nos sentirmos destoantes, nos inibamos de exibir a nossa diferença. Mas muito pior será se os outros apontarem a dedo, gozarem, achincalharem os que já, por si, se sentem pouco à vontade com situação. Mas se eu sou heterossexual porque o sou e não por opção, também os que são homossexuais o são porque são e não porque o queiram ser. E da mesma forma que não me imagino a escamotear a minha orientação sexual para não ser objecto de repúdio social, imagino o que seria o meu sofrimento se fosse homossexual e passasse uma vida inteira e escondê-lo.
Por isso, tudo o que se faça para mostrar que qualquer pessoa deve ser livre de viver a sua sexualidade em paz e sem vergonha é pouco.
O vídeo que abaixo partilho convosco mostra uma série de fotografias que mostram o amor entre homens.
Transcrevo parte do artigo da Vogue que apenas por preguiça transcrevo sem traduzir, desejando que parte dos meus Leitores consiga entender ou que o tradutor da google não deforme muito o texto.
“Ils s'aiment” : un siècle d'hommes amoureux en images
Cela n'était censé être qu'une simple collection. Depuis des années, Hugh Nini et Neal Treadwell accumulent des photographies vintage d'hommes qui s'embrassent et s'enlacent, des hommes qui s'aiment, tout simplement. Comme une leçon de vie et une manière de faire perdurer ces amours, à l'époque interdites et réfutées, le duo compile pas moins de 350 photographies dans l'ouvrage Ils s'aiment, publié aux éditions Les Arènes et 5 Continents.
Ces clichés, qui datent d'entre 1850 et 1950, ont été pris à une époque où l'homosexualité était complètement maudite, voire jugée comme un délit. Ils s'aiment est plus qu'un simple livre, c'est un manifeste de tout ce qu'il y a de plus pur : l'amour. Dans leur quête, Hugh Nini et Neal Treadwell ont réussi à dénicher des clichés qui proviennent du monde entier, des États-Unis, de France, du Canada, de Bulgarie, du Japon mais aussi de Thaïlande. Ces photographies, plus éclectiques que jamais, immortalisent des hommes provenant de tous les milieux de classes sociales : dandy new-yorkais ou ouvriers de province, riches et moins riches, blancs ou noirs, civils ou militaires… C'est un authentique hymne à l'amour ponctué de moments tendres et passionnés, enfin dévoilés au grand jour. (...)
HAIKU #4: "Ai cu, ai cu, ai, / ai cu, ai, ai, ai, ai cu... / Ai, ai, ai, ai, ai!". DM
ResponderEliminar" ... Mas se eu sou heterossexual porque o sou e não por opção, também os que são heterossexuais", ou que são homossexuais, melhor dizendo ...
ResponderEliminarOlá Amofinado,
ResponderEliminarTem razão. Lapsus linguae. Corrigido. Thanks.
de : d . qu = que
ResponderEliminar"Mesmo em meios supostamente mais evoluídos, quem é homossexual receia expor-se à censura ou ao desdém"
ResponderEliminarA Gay Pride (water) Parade de Amsterdão é a 2ª maior festa popular da Holanda a seguir ao dia do Rei.
https://lishbuna.blogspot.com/search?q=Alegre+Amsterd%C3%A3o
Avós, pais, filhos e netos, ao longo dos canais, assistindo ao desfile, a cidade engalanada, ementas especiais nos cafés e restaurantes, muito mais viva e divertida do que as pobrezinhas marchas populares de Lisboa.
A propósito do “são porque são e não porque o queiram ser”, lembro-me de dois adolescentes com dificuldades em assumir qual a sua orientação, com experiências em ambos os campos, experiências essas pelos vistos não suficientemente compensadoras, a viver na ansiedade e na incerteza. Não sei como é que isto evolui com o amadurecimento da pessoa, se é que evolui.
ResponderEliminarTalvez seja uma drama, talvez não seja drama nenhum. Talvez seja uma liberdade imensa, talvez seja um condicionalismo.
Olá Unkonwn,
ResponderEliminarTemos Poeta!
Com tanta e tão inspirada produção, claro que tive que puxar as suas poéticas criações para a página principal do blog.
E venham mais. E se, um dia destes, for outro o tema a inspirá-lo, pois que não seja por isso. Este é um lugar que acolhe bem os Poetas.
E gracias very much.
UJM, eu agradeço-lhe as suas simpáticas palavras e desejo-lhe um "good samedi". Cumprimentos, DM.
EliminarOlá Anónimo das letrinhas
ResponderEliminarSeria suposto eu perceber o enigma? Ou não é enigma nenhum e eu é que não alcanço...?
Conte-me tudo.
Nos + tempos + de + correm - de + que = Nos + tempos + que + correm
EliminarOlá João,
ResponderEliminarTem razão. Uma festa. Mas por cá quem se assume é uma minoria. Ainda há muita 'novidade' quando passa algum casal gay: invariavelmente alguém olha para trás, alguém disfarça um sorriso. E, em geral, creio que os gays são como os que conheço: não se assumem.
Há tempos um jovem conhecido foi visto a jantar num restaurante por um colega. Estava de mão dada com o namorado. Quando viu o colega, retirou a mão, disfarçou. Cerca de um mês depois apresentou a demissão. Disse mais tarde que não queria correr o risco de que o colega contasse o que tinha visto.
Coisas assim.
Uma vida vivida sem ser verdadeiramente vivida, acho eu. Faz-me impressão e acho injusto. Penso que, por cá, muitos anos terão que passar para que a homossexualidade seja assumida, na rua, em festa, sem vergonhas nem receios. Somos ainda um país de beatas.
Olá Amofinado,
ResponderEliminarPenso que os bissexuais são seres mais evoluídos do que os hetero ou os homo. São pessoas que se sentem atraídas por pessoas. Penso que é um outro patamar.
Diria eu que quem nasce assim deverá esforçar-se por não regredir. Não concorda?
Olá Anónimo de que
ResponderEliminarAté eu, que sou pouco dada a lóis, vou permitir-me dizer: lol. Ou ahahahaha. Ou ehehehe.
Afinal era simples! Já corrigi. Thank you. E quer crer que estou a rir de gosto...?
UJM, eu conheci-a pelo DM. Li "não tenho tempo para rever" e "adoro rir" e fiz-lhe esta brincadeira de pre-carnaval...
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