Vou votar em Marcelo até porque me parece o candidato mais apto a blindar a democracia contra os porcos imundos que tudo fazem para a destruir

 

É mais forte do que eu: não consigo perder tempo com vacuidades, inanidades. Se calha passar por algum, estaciono por breves minutos e, de imediato, dou o tempo por perdido. Falam como se estivessem a candidatar-se ao cargo de Primeiro-Ministro e dizem que faziam e desfaziam como se tivessem poderes executivos, como se fossem formar governo ou, se mais modestos, candidatar-se ao lugar de líder parlamentar. São conversas pejadas de equívocos, de bolas de efeito, de troca de argumentos como se fosse um debate entre comentadores, frequentemente um debate futebolístico. Chamem-me lisboeta burguesa e elitista que fico na mesma. Poderiam chamar alentejana proletária que diria a mesma coisa. Não dá. Aqueles debates são tudo menos esclarecedores, educativos. São combates de boxe ou de galos em que, os comentadores que, a seguir, vão intervir discutem quem é que foi ao tapete, quem é que ficou com dois dentes a menos ou quem é que ali esteve só para passar o tempo.

Mas hoje vi quase todo o debate entre Ana Gomes e o André Ventura. E uma vez mais me interrogo: como é que, em democracia e polidez, se lida com um porco tão imundo? Eu não sei. Acho que o decoro e a higiene mental exige que ninguém que seja boa gente fale com um animal tão ordinário. 

E é que o perigo não é só aquele arruaceiro: é toda a tropa fandanga de extrema direita, fascistas, xenófobos que se alberga à sombra daquela conversa fácil, acusatória e trauliteira. Um covil de marabuntas disfarçadas de porcos a fingirem que são gente.

Uma vez mais me interrogo: não há em democracia mecanismos para impedir que tal alarve conspurque a liberdade de expressão, a decência e a verdadeira e nobre essência da própria democracia? Deve haver. A democracia não pode ser aquele espaço em que, por delicadeza, deixamos que alguém a destrua.

Porque é muito difícil para uma pessoa de bem pôr-se ao mesmo nível que um canalha, ele levará sempre a melhor, o que mais o enaltecerá junto da turbamulta: ele insinua, ele besunta com a sua baba aporcalhada, ele insulta, ele lança as mais torpes suposições. Uma pessoa de bem não consegue lidar com uma tal criatura. 

Em plena consciência acho que só há uma maneira: encontrar maneira de o meter na prisão. Forçosamente, há no que ele faz, ilegitimidades. Ao conspurcar os outros, ao incitar à falta de solidariedade com os outros com base em mentiras, ele deve estar a praticar ilícitos. Ou, então, e lamento dizer o que me vai na alma, dar-lhe, em público, na televisão, o correctivo de que ele precisa: um copo de água pela cabeça abaixo, uma estalada bem assente. Não é possível lidar com tal criatura num plano de decência e normalidade democrática. 

Não sei se a criatura tem pais ou filhos mas, se os tem, devem estar todos envergonhados. Não sei como André Ventura -- e sim, digo o nome dele, digo, digo para que não haja dúvida: André Ventura enoja-me -- consegue chegar a casa e ver-se ao espelho, ou como consegue falar com os pais ou com os filhos, caso os tenha. Uma vergonha para eles e, certamente, um desgosto.

Vou votar em Marcelo Rebelo de Sousa. Considero que -- apesar da apetência mediática que tem, apesar da carência emocional crónica de que padece e que o leva a precisar desesperadamente que toda a gente goste dele, apesar dos laivos de deslealdade a que, volta e meia, não consegue fugir, apesar de coisitas aqui e ali -- tem sido um bom Presidente. É culto, é intrinsecamente bem formado, é humanista, é inteligente, é decente, é um representante digno do nosso País, e considero que continuará a desempenhar o seu papel de Presidente com hombridade e melhor do que qualquer dos outros candidatos. Pela sua maneira informada, ágil, inteligente e inclusiva de levar a Presidência talvez encontre uma maneira inteligente de blindar a democracia para que marabuntas nojentas não a devorem. Conto com ele também para isso. E para o resto, claro, que não vai ser fácil. Tempos de perturbação requerem muita preparação.

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Proponho que passe a ser este o hino do Chega

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E queiram descer para assistirem a documentos relevantes para se compreender ao que leva o populismo bacoco como o do guru do Ventura: Trump.

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Desejo-vos um bom sábado