As escolas vão fechar e, com isso, muito mais pessoas vão ser retiradas de circulação. Numa altura de crescimento exponencial da curva de contágios isso é relevante. O factor multiplicativo é reduzido e numa altura em que o sistema de saúde está nos limites, a redução do crescimento ajuda. Não resolve mas ajuda. Ainda há pouco ouvi, e acredito, que a desgraça vai levar meses a retroceder. Só se resolveria se parassem de chegar doentes aos hospitais. Como nem tão cedo isso vai acontecer, apenas já se pode esperar que o número dos que precisam de apoio hospitalar se reduza.
Portanto, é relevante que as escolas fechem porque haverá menos pessoas em circulação. Mas não chega. Contudo, quem leia ou ouça as notícias é levado a crer que isto do fecho das escolas é a solução. As pessoas são assim: arranjam uma coisa (uma de entre muitas), focam-se nela como se não existissem outras, fazem-se debates e mil notícias sobre isso, e parece que todos os males do mundo estão relacionadas com essa coisa.
Engano.
No caso desta maldita pandemia, neste momento há todas as outras pessoas que continuam sujeitas a contágio. São as pessoas imprescindíveis. Se essas falharem, falham as cadeias de abastecimento (supermercados incluídos), falham as reparações de equipamentos imprescindíveis (equipamentos hospitalares, redes de abastecimento de água, luz, telecomunicações, etc), ou seja, falha tudo aquilo sem o que as coisas poderão ficar verdadeiramente a doer.
Por isso é preciso ver um pouco mais longe: esta subida a pique dos contágios resulta de quê? Da nova variante? Mas o que significa a variante ser mais contagiosa? Significa que as máscaras que usamos não são suficientes? Que o vírus se mantém por mais tempo em suspensão no ar quando em espaços fechados? O quê? Que cuidados adicionais têm que ter os que estão dentro de fábricas, dentro de clínicas, dentro de supermercados?
Onde é que toda esta gente está ser contagiada assim de repente? Sei de casos em que, no espaço de poucos dias, os trabalhadores de uma empresa começaram a aparecer contagiados. Não sabem como. Dizem que faziam o que sempre fizeram e nada lhes acontecia. Dizem que andavam sempre de máscara, que o distanciamento estava respeitado. Contudo, agora aconteceu e tem sido como fogo em palha. São os sistemas de ar condicionado? São as máscaras que deixam passar o vírus? É o quê?
Alguma coisa é. E tem que se perceber o que é.
Já vi que é tema em estudo e que em alguns países estão a emitir recomendações nesse sentido. Máscaras de pano feitas em casa podem não ser suficientes, em especial em espaços fechados. Mesmo algumas máscaras, de compra, podem ser insuficientes se não forem de três camadas. Por via das dúvidas, que sejam divulgadas recomendações de acautelamento. Mais vale prevenir do que remediar. Uma máscara simples de pano pode ser suficiente num passeio na rua mas pode não ser recomendável num transporte público ou num qualquer outro espaço fechado.
Não é o facto de se fecharem as escolas que vai resolver estes casos. E que não se pense que não nos diz respeito. Diz. Sempre que trabalhadores, sejam da saúde, sejam de supermercados, sejam do que forem, aparecerem infectados, deixam de ir trabalhar. Deixando de ir trabalhar, o que eles faziam deixa de ser feito. E aí problemas muito sérios começarão a acontecer.
Daí o meu apelo. Não se pode andar atrás da pressão mediática. É preciso pensar em todos os factores relevantes e tentar arranjar solução para cada um.
Nota
Tenho andado a insistir na necessidade de haver regulamentação para os sistemas AVAC em especial para os locais frequentados por muita gente, em especial quando não se pode abrir janelas seja porque as não há seja para não entrar chuva ou frio (desde logo lares de terceira idade, mas também clínicas, centros comerciais, supermercados, etc). Hoje, ao procurar outra coisa, dei com isto no site da DGS:
Orientação nº 033/2020 de 29/06/2020
Portanto, menos mal. Contudo, não deveria ser 'orientação' mas regulamentação e não deveria estar numa lista geral no meio de uma página de um site mas, sim, ser amplamente divulgada e, de seguida, sujeita a inspecções. Há temas que deveriam ser levados muito a sério. Claro que os jornalistas andam sempre atrás dos ossos que lhes atiram mas os governantes têm que ver para além disso.
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E, pronto, só mais uma musiquinha para animar as hostes.
Yo-Yo Ma, Kathryn Stott - Ol' Man River
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Saúde
Quando se diz que o País pára ,como parou em Março último, vê-se que a maioria continua alheia à realidade.A produção industrial continua, as pescas, a energia,os transportes,a agricultura,as agroindustriais,as forças de segurança, as forças armadas,resumindo,tudo continua menos o ensino, a burocracia , as manicures e afins.Fica a ver-se a experiência de vida dos que vêem tudo parado. Que a real paragem nunca aconteça, para evitar o suicídio desses temerosos.
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