Este blog vai acompanhando as minhas preocupações, as minhas vivências, as minhas rêveries. Como agora as preocupações são constantes sobra-me pouco espaço para as divagações. E sinto falta delas. São oxigénio puro. E, em especial, nestes tempos de resguardo, ser-me-iam preciosas. Mas sinto-as distantes.
Temo andar a maçar os meus queridos e pacientes Leitores falando tanto da covid mas quer na empresa, quer em família, quer em geral o tema é incontornável. Não, não é apenas o efeito intoxicante das estatísticas nem o efeito de redomas desnecessárias. Não, é mesmo o contacto com uma realidade que se aproxima mais a cada dia que passa. Hoje uma amiga, por telefone, contou-me que o irmão está com covid, sintomático. Sozinho em casa, cheio de febre, com dores no corpo e na cabeça. Ela sem saber como ajudá-lo. E estão muito preocupados pois ele vai habitualmente almoçar ou jantar com os pais, ambos com mais de oitenta, ambos a antecipar o que já pode ter-lhes acontecido. A minha filha também me falou de um colega, também com covid, também em casa, sem poder exercer a sua profissão tão essencial nos tempos que correm. E a outra minha colega, não me lembro se cheguei a falar dela, a que tinha o marido e os filhos com covid, ela isolada numa ponta da casa a ver se escapava, ficou também sem forças, cansada, dorida, dores de cabeça. Covid.
Chego aqui e gostava de ter vontade de falar de outra coisa contar histórias, sonhar como se fosse uma ave sonhadora ansiando por encontrar um ninho ou, simplesmente, por aninhar-me. Gostava de olhar para as flores que me rodeiam e acreditar que era primavera a aproximar-se. Mas não, a primavera vem longe. A esperança é ainda um conceito abstracto que quero agarrar mas que sinto ainda tão longe.
Hoje, ao telefone com a minha mãe, eu dizia que só lá para o verão é que deveria haver vacinas para a população em geral, que primeiro seria para os grupos de risco, os doentes, os cuidadores de lares, os mais idosos. Disse-me que nem pensem que vai vacinar-se com uma vacina mal testada, feita a correr. Tempos difíceis estes.
E reparem, por favor, naquela laranja ali mais acima, tão grande, qualquer dia a parecer uma abóbora |
Por agora, enquanto não me chega a inspiração, mostro-vos fotografias aqui de casa: uma romã a que os pássaros me tomaram a dianteira, um cantinho da minha cozinha, com florzinhas e laranjas de cá mesmo, e os ímans que, quando nos mudámos, andaram perdidos deixando-me com a sensação de ter perdidos os meus brinquedos e que agora cá estão, na parede resguardada do frigorífico.
E, entretanto, não levem a mal mas gostava de partilhar um vídeo com a qualidade Guardian que explica isto da vacina. Recomendo.
As borboletas são muito, muito pirosas. Tanta preocupação estética e depois dá estes desgostos aos leitores. Não se faz.
ResponderEliminarAh!!!Ah!!! as ratazanas foram ás romãs.
ResponderEliminarPois, pois cada um com a sua verdade.
ResponderEliminarA idade em que estou já me exige esforço e boa vontade para acreditar em muitas coisas.
Os grandes negócios e corridas à volta das vacinas leva-me a comungar da opiniao de sua mãe.
Tempos difíceis sim, para quem nos tenta convencer do contrario.
Um beijinho e Bom fim de semana.
Olá Anónimo da Estética Pura,
ResponderEliminarPois, que quer que lhe diga? São a bit kitsch sim, bem sei. Mas gosto delas ainda assim. E posso pô-las a voar umas atrás das outras, em diagonal, ou a par, ou viradas em conversa. Gosto. Tenho este lado infantil. E não mostrei um outro que ali está que não sei se é piroso ou se está simplesmente deslocado. A ver se fotografo para lhe pregar um susto ainda maior, ok?
De qualquer forma, acho que ali, entre um íman Arte Nova e outro Amadeo, as minhas borboletas lindas ficam bem. Não me pergunte porquê mas acho que sim. É como quando uma pintura colorida sobressai mais se estiver sobre fundo escuro.
Mas não é caso para desgostos: ainda não se habituou que comigo não há muita previsibilidade?
🦋🦋🦋 E um bom domingo... 🦋🦋🦋
Anónimo/a,
ResponderEliminarCaneco! Não me diga! Ratazanas?!?! Voadoras...?
Acha que trepam por ramos, mesmo ramos fininhos e pendentes, e conseguem, em pleno equilíbrio, fazer tal estrago...?
Ná... Cairiam, estateladas, no chão.
Acho que são os melros. Há sempre pássaros grandes, pretos, no chão a comer. Também ouço barulho parece de pica-pau, devem ser eles a dar bicadas para furar a casca e manjar os sumarentos bagos.
O que acha?
Olá Pôr do Sol,
ResponderEliminarDou-lhe razão. Disputas de alto coturno, cartadas sob a mesa, espionagem... há de tudo nisto das vacinas. Não tarda haverá um filme relatando o momento febril que a indústria farmacêutica atravessa. Quando há muita desgraça para uns há sempre grandes oportunidades para outros.
No meio de tantos bi$€$€, uns quantos danos colaterais não fazem grande estrago na carteira de quem tem muito a ganhar com tudo isto.
Por isso, apesar de a minha mãe pertencer a um grupo de elevado risco, não tentarei convencê-la a vacinar-se. E eu, enquanto não tiver passado mais algum tempo para deixar que afinem as vacinas e avaliem todos os efeitos secundários, também não me candidatarei a tal.
Proejamo-nos, cuidemo-nos... e vivamos o melhor possível no meio das restrições.
Saúde e um beijinho, Sol Nascente.
Infelizmente, talvez o comentador de14 de Novembro tenha razão. Parece o tipo de estrago feito por ratazanas. São perfeitamente capazes de subir alto e chegar até ramos muito finos. Mas é sempre mais simpático pensar que são os melros :-)
ResponderEliminarAi Anónimo... credo... e logo ratazanas... Não ratinhos pequeninos do campo...? Logo ratazanas...? Fogo...
ResponderEliminarNunca tinha imaginado um rato a subir às árvores e a comer fruta.
Será que também gostam de laranjas ou apenas de romãs...? Não me dê mais nenhum desgosto, se faz favor...
Tinha numa arrecadação exterior umas decorações com laranjas secas que ficaram com o tipo de estrago que se vê na foto da romã. Completamente esvaziadas. Neste caso, não seria possível serem pássaros. Vicissitudes da vida junto ao campo...
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