E isso apesar de, em geral, não ser muito dada a instalar Apps. Na maior parte das vezes as apps pedem que lhes concedamos autorizações aos nossos contactos ou à nossa localização -- por isso, a menos que conheça a proveniência e a lógica de utilização, não as instalo. No entanto, na maior parte das vezes, a maior parte das pessoas dizem que sim sem pestanejar. A maior parte das pessoas que conheço têm os telemóveis carregadinhos de aplicações. Para tudo e mais alguma coisa. Não sabem quem fez as aplicações, nem onde fica guardada a informação nem o que fazem com ela. E instalam-na sem pestanejar. Já para não falar nas redes sociais, nomeadamente as do sinistro Zuckerberg, o Facebook ou o Instagram que quase toda a gente tem. Instalam, usam, colocam a sua informação mais pessoal. Julgam que, por não a partilharem senão com amigos, estão a salvo. Mas julgarão que não está tudo em computadores algures (onde? sabem onde?), aos quais muita gente acede (quem?)? Julgarão que o que lá colocam não é 'lido', vasculhado e 'tratado'? E hesitam em usar? Nem pó. Nem pestanejam. Colocam tudo lá.
E depois há o StayAway Covid, uma aplicação de nada, coisa inócua, anódina, feita por gente que se sabe quem é, uma aplicação rastreada e validada por meio mundo, uma aplicação útil, desenvolvida com os mais sérios, lógicos e nobres intuitos... e aqui d'el rei, que nos estão a cortar a liberdade. Mas qual liberdade? Nem consigo interpretar tal coisa. Ignorância? Vontade de dizer mal?
Transcrevo da Resolução do Conselho de Ministros n.º 88-A/2020 (Publicação: Diário da República n.º 200/2020, 1º Suplemento, Série I de 2020-10-14), o que lá aparece sobre o assunto:
12 - Recomendar a utilização da aplicação STAYAWAY COVID pelos possuidores de equipamento que a permita.
É isto. O drama todo é este. A menos que haja outro documento oficial, que desconheço, a conversa toda que por aí vai é sobre isto. Eu gostava de ver o telemóvel da malta que anda por aí a brandir argumentos, como se o governo fosse um bando de anormais a querer cercear as liberdades da malta e a querer obrigar a malta analógica a comprar smartphones. Aposto que nem leram o que está escrito na resolução do Conselho de Ministro. E aposto, mas aposto às cegas, que, em contrapartida, estão carregadinhos de Apps perigosas sob todos os pontos de vista. E aposto que as instalaram e usam sem se interrogarem sobre que quer que seja relativo à privacidade, segurança e garantias que aquilo lhes oferece.
É por estas e por outras que tantas vezes penso que vai chegar o dia em que hei-de fatigar-me tanto, mas tanto, da estupidez humana que ainda me resolvo a viver em higiénico isolamento, em prolongados retiros, na companhia apenas dos meus e dos passarinhos, dos coelhos que saltitam à minha frente, da raposa que se esquiva e esgueira pelas noites.
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Quem estiver interessado em conhecer os grandes riscos que comporta a ultilização da app, pode ler a entrevista ao criador da aplicação Stayaway covid, Rui Oliveira, do INESC-TEC
Concordo em absoluto!
ResponderEliminarhttps://gatoaurelio.blogspot.com/2020/10/assim-nao-ha-condicoes.html?m=0
"12 - Recomendar a utilização da aplicação STAYAWAY COVID pelos possuidores de equipamento que a permita.
ResponderEliminarÉ isto. O drama todo é este"
Claro que não é. O "drama" é a OBRIGATORIEDADE de instalação da aplicação. Que até a Comissão Europeia não recomenda e reprova. Não falando da ideia completamente amalucada (e perigosa) de pôr a PSP, GNR, Polícia Marítima e Polícias Municipais a fiscalizarhttps://lishbuna.blogspot.com/2020/10/blog-post_69.html.
"A maior parte das pessoas que conheço têm os telemóveis carregadinhos de aplicações. Para tudo e mais alguma coisa. Não sabem quem fez as aplicações, nem onde fica guardada a informação nem o que fazem com ela. E instalam-na sem pestanejar. Já para não falar nas redes sociais, nomeadamente as do sinistro Zuckerberg, o Facebook ou o Instagram que quase toda a gente tem. Instalam, usam, colocam a sua informação mais pessoal. Julgam que, por não a partilharem senão com amigos, estão a salvo. Mas julgarão que não está tudo em computadores algures (onde? sabem onde?), aos quais muita gente acede (quem?)? Julgarão que o que lá colocam não é 'lido', vasculhado e 'tratado'? E hesitam em usar? Nem pó. Nem pestanejam. Colocam tudo lá"
Gente, obviamente tola, sem dúvida. E com nenhuma autoridade para desconfiar da StayAway. O que não significa que se deva meter no mesmo saco aqueles que desconfiam dessas (e não as instalam, como eu, por exemplo) e, pelas mesmíssimas razões, também da StayAway. Todaa as maravilhosas tecnocoisas actuais são sempre benévolas, criadas com as melhores intenções, querem muito o nosso bem e a nossa felicidade. Até ao dia em que o "dark side" surge.
O Costa não será o Xi Jin Ping mas, muito provavelmente, de cabeça perdida e pessimamente informado, corre o risco de, guardadas as devidas proporções, se deixar tentar por "soluções" perigosamente próximas das "chinoiseries" correntes https://www.rtp.pt/noticias/mundo/covid-19-china-quer-classificar-cidadaos-com-base-na-saude-e-estilo-de-vida_n1231848.
Olá João,
ResponderEliminarA questão é: onde é que lê que há obrigatoriedade? Em algum lugar oficial ou apenas na comunicação social e nas redes sociais? Eu fui ler o documento oficial (Resolução do Conselho de Ministros n.º 88-A/2020) que, até à data, que eu conheça é o único onde isso consta. E o que vejo lá é uma recomendação.
Ouvi também perguntarem ao Costa se ia pôr a polícia a inspeccionar os telemóveis das pessoas e ele respondeu que obviamente não.
Portanto, não sei se não é, uma vez mais, um daqueles forrobodós que nascem e morrem na rua sem qualquer suporte factual. Se na Assembleia forem discutir se é de se ir mais além do que uma recomendação é outra coisa. Mas vão? Não sei. Mas, se forem, é com eles, são deputados, representantes dos eleitores, podem discutir o que quiserem. Mas falar agora nisto também me parece especulação pois pode ou não acontecer, Agora, repito, por escrito, o oficial, na Resolução do Conselho de Ministros, o que lá vejo é uma recomendação.
Bom sábado, João.
Aquilo que durante toda a semana se discutiu foi única e exclusivamente, o carácter obrigatório da medida. Na Resolução do Conselho de Ministros poderá não constar isso mas, então, a Comissão Nacional de Proteçção de Dados https://eco.sapo.pt/2020/10/14/protecao-de-dados-avisa-que-obrigar-ao-uso-da-stayaway-covid-suscita-graves-questoes-de-privacidade/, o INESC TEC (que a desenvolveu) https://eco.sapo.pt/2020/10/14/inesc-tec-surpreendido-com-intencao-do-governo-de-obrigar-uso-da-stayaway/ e o próprio Costa https://eco.sapo.pt/2020/10/14/governo-quer-mascaras-obrigatorias-na-via-publica/ cairam no caldeirão do LSD e estão todos a alucinar?
ResponderEliminarBom fds.
UJM, o desagrado e a indignação de que se fala é em relação à obrigatoriedade de ter de se instalar a app, caso ela venha a ser decretada.
ResponderEliminarNão é isso que se encontra em vigor, mas tem sido aventada essa possibilidade.
O "drama" tem que ver com a hipótese aventada de a tornar obrigatória e não com a recomendação (ou muito menos com esta).
Isabel e João,
ResponderEliminarNão faço ideia de onde partiu essa da obrigatoriedade -- que só me pareceria absurda por não haver como verificar a sua utilização e, portanto, decretar a obrigatoriedade e não ter como garanti-la seria daquelas que mal valia estarem sossegados (pois, se estivesse a ser 'alimentada' devidamente, poderia uma ferramenta deveras útil no combate à pandemia e seria pena que o máximo de pessoas, para sua defesa e dos outros, não a usasse).
Tirando o fuzuê em volta do tema ainda não vi nenhum documento oficial a referi-lo e , portanto, enquanto não vir, não alimento tal conversa.
Suponhamos que o André Ventura, tendo lido a Resolução do Conselho de Ministros a recomendar, resolvesse armar baderna e lançasse para a opinião pública que o governo a queria tornar obrigatória. A partir daí ter-se-ia desencadeado a confusão que se vê. A seguir entrevistam o INESC e perguntam-lhe a opinião, entrevistam A, B e C e perguntam o que se acha sobre a obrigatoriedade. E meio mundo fala sobre a obrigatoriedade. Mas se se perguntar 'onde é que isso está escrito?' alguém sabe responder? Eu gostava de ver para, então, me pronunciar.
Tendemos a ser envolvidos em ruído e, de forma geral, acabamos por nem perceber de onde nasce a confusão.
Foi como aquela do tribunal de Contas. Fizeram-se artigos de jornais, debates televisivos, todo o mundo e mais alguém se pronunciou: que o Costa tinha estado mal, que, uma vez mais se provava que 'quem se mete com o PS leva', que o anterior senhor tinha contestado algumas coisas e portanto ia ser corrido, etc, etc. Afinal o Marcelo veio dizer que a decisão de não reconduzir era sua e que tinha escolhido a pessoa que o Rui Rio tinha preferido.
Quando isso foi público algum dos que andou assanhadamente a criticar o Costa veio fazer mea culpa...? Está bem, está. E, no entanto, tinham falado com toda a assertividade do que não sabiam.
Uma boa noite!
Olá Gata Aurélio,
ResponderEliminarObrigada. Li o que escreveu no seu sítio. Subscrevo.
Uma boa noite para si, Gata.
"Não faço ideia de onde partiu essa da obrigatoriedade"
ResponderEliminarBasta fazer uma pesquisa rápida pelo tema, que se encontra, inclusive, o primeiro-ministro a falar sobre essa questão.
Não, a obrigatoriedade não está 'escrita' porque não foi decretada.
Olá Isabel,
ResponderEliminarSei que ele falou, ouvi perguntarem-lhe e ouvi-o a responder que obviamente ninguém vai andar ver os telemóveis de ninguém. A minha dúvida é: se não está escrito, se não está decretado, então porque é que tanta gente anda a protestar como se estivesse?
É isso.
Bem... a querer acreditar nas declarações do primeiro ministro e na comunicação social, está em preparação uma proposta de lei que o governo irá submeter de urgência à assembleia da república para tornar obrigatório o uso da app e da máscara (na rua).
EliminarPara mim, antes de todo este alarido, a questão central é: é isto o que o governo tem a oferecer como solução?
E mesmo está solução é assim, apresentada de forma completamente atabalhoada? Isto cheira mais a quem quer fazer fogo de artifício (para desviar os olhares de várias coisas incómodas: uma epidemia a caminhar a passos largos para o descontrolo, um garrote orçamental gravíssimo que ninguém tem coragem de retirar e um orçamento em grande impasse que poderá não ser aprovado...
Mas vamos a duas ou três coisas que me parecem legítimas: 1. Então o que sobra de medidas é uma app (que é útil, mas de forma muito limitada? Sobretudo porque serve sobretudo para descentralizar a facilitar o contact tracing - é uma ferramenta.mais.de. mitigação do que prevenção)?! Nada de recursos humanos, de plataformas / robots / automação para agilizar a imensa burocracia em que atolaram os médicos e os cuidados primários em particular?
2. Então não.se gastou milhões de € em jeito de apoio à comunicação social (suposta compra antecipada de publicidade), mas não se vê praticamente nenhuma ação de comunicação massiva a apelar ao uso da máscara ou, simplesmente, a explicar como funciona a porcaria da APP? Nem o Rui Rio sabe, acham mesmo que meio país sabe? Eu por exemplo tenho muitas dificuldades em explicar aos meus famíliares... Claro que instalei e deixei-lhes aquilo a funcionar (obviamente quanto aos.meus avós... têm um telemóvel incompatível...) mas já várias vezes dei com aquilo desativou porque ou desligam coisas sem saber ou sei lá...
3. Que raio de estratégia de comunicação é esta, quando se sabe que obviamente grassam as teorias da conspiração e os oportunistas políticos a fazer memes ao A. costa com simbologia comunista... Eis que a comunicação social avança que a proposta de lei propõe multas de até 500€ a quem não inserir o código na APP em caso de infeção?! Então mas se é tudo tão anónimo como se aceita propor uma norma destas? Acham mesmo que é recorrendo a ameaças do estilo parental (que não são para cumprir) que vai funcionar? Somos todos crianças agora é?
Enfim.
E já agora deixo-lhe o link correto que está a criar polémica. Porque não é a resolução. É mesmo a proposta de lei: https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063446f764c324679595842774f6a63334e7a637664326c756157357059326c6864476c3259584d7657456c574c33526c6548527663793977634777324d693159535659755a47396a&fich=ppl62-XIV.doc&Inline=true
ResponderEliminarBasta pesquisar "Proposta de lei n.º 62/XIV" e vai encontrar (em PDF) o texto completo da proposta de lei que o Governo pretende que seja aprovada na A.R.
ResponderEliminarA verdadeira questão é qual a real intenção desta proposta, que até pode nem ser aprovada. Aqui há grande déficit de informação por parte do Governo.
Olá Paulo!
ResponderEliminarComo sempre, straight to the point. Afinal existe mesmo um documento escrito em que se propõe a obrigatoriedade, não para a população em geral mas em contextos bem identificados, nomeadamente os profissionais ou escolares, uma vez que existe grande circulação de pessoas em que é grande a probabilidade de contactos. Em abstracto, parece-me bem. É uma questão de responsabilidade já que nesses contextos uma pessoa infectada pode contagiar muitas outras.
O que me parece absurdo no meio disto é o que já referi: tornar obrigatória uma coisa relativamente à qual há impossibilidade prática de controlar o seu cumprimento.
E concordo plenamente consigo, Paulo. Claro que tudo terá que funcionar muito oleadamente para que a aplicação cumpra o seu objectivo. Desde os médicos que acompanham os doentes, aos próprios infectados, a toda a gente.
E concordo plenamente quanto à necessidade de se fazer melhor divulgação de tudo (aliás, estou capaz de fazer mais um post sobre isso).
E obrigada, Paulo, pelos seus esclarecimentos e testemunho.
Saúde para si e para os seus, nomeadamente para os seus queridos avós.
Um belo domingo!
olá UJM,
ResponderEliminara propósito de bichezas e distrações várias, esta é também a minha preocupação de hoje:
https://gatoaurelio.blogspot.com/2020/10/fastidiosa-cultura-intensiva.html
cá para mim isto anda tudo (des)ligado...
Permito-me comentar este seu bizarro Post, transcrevendo uns textos de um outro Blogue (Aventar) que você segue. Aqui vai:
ResponderEliminar“Faz-me imensa confusão, esta comparação disparatada entre a possibilidade do governo nos enfiar uma app telefone adentro, transformando agentes de segurança em monitorizadores de telemóveis, e os dados que entregamos voluntariamente aos Facebooques da vida. Será assim tão difícil de perceber a diferença entre uma imposição coerciva e uma decisão pessoal e voluntária?
Sejamos sérios: se eu, ou qualquer um de vocês, decide entregar informação pessoal a uma plataforma digital, bem ou mal, é de uma escolha livre que se trata. Uma escolha que pode ser revertida a qualquer momento. Se um governo decide impor uma aplicação, fazendo uso de multas e de patrulhamento policial, é o espírito da democracia que está a ser posto em causa. São os nossos direitos, liberdades e garantias que estão na prancha.”
“…Por outro, a app Stayaway Covid, como todas as outras do género, usam as API da Apple e da Google, conforme se use iPhone ou Android, sendo os dados recolhidos e processados por estas duas empresas. Nenhuma delas indica o que é que fazem com esses dados. E o software por elas usadas não é open source, o que invalida verificações independentes.
Na prática, uma lei vai obrigar a entregar dados pessoais a empresas privadas e estrangeiras, sem que se saiba o que é feito com eles e sem o controlo nacional a que a lei portuguesa e europeia obrigam (RGPD, por exemplo). Se isto não é um problema grave de proteção de dados pessoais, nada o será.
Há uma enorme diferença entre se fazer uma campanha a convencer as pessoas a utilizarem a app de livre vontade e fazer uma lei a tornar obrigatório o seu uso.”
a)Júlio D.
Olá Júlio D,
ResponderEliminarHá que sopesar os meios e os fins, os riscos e os benefícios. Como digo no post não sou a favor da obrigatoriedade e não sou sobretudo porque a obrigatoriedade seria inexequível já que seria de impossível controlo.
Contudo, acho, e repito-me uma vez mais, que deveria ser fortemente recomendada.
Podemos elencar uma série de contras, grande parte deles académicos e/ou irrelevantes. Mas deveremos também ter presentes os prós.
Suponha que não estaríamos a falar de ser informados da proximidade de alguém infectado (para que, sabendo isso, nos protejamos, quer pela máscara quer pelo distanciamento) mas da queda provável de um míssil perto de nós. Iríamos pôr-nos a questionar aquilo que hoje questionamos? Não quereríamos ser avisados? Ou, se soubéssemos que um míssil iria ser disparado para atingir a zona xpto, não deveríamos ter meios de informar as pessoas que estão nesse local?
Dir-me-á: 'ah, um míssil é um míssil e, se me cair em cima, mata-me de certeza'. E quem lhe garante que o coronavírus não o mata se o atingir?
Ou pense na sua mãe, pai ou avós. Não quer que eles sejam informados caso corram risco de contágio? Prefere discutir se o software da app é open source?
Cada um sabe de si, claro.
Mas eu, se fosse responsável pela saúde pública do meu país, tudo faria para reduzir os riscos. Dentro da lei, claro, mas muito focada na premência de salvar vidas.
Bizarro isto?
Pois que seja.
De qualquer forma, obrigada pelo seu comentário. É bom podermos trocar pontos de vista e defendermos aquilo em que acreditamos.
Um dia feliz para si (sem covid's ou mísseis por perto...)!
:)