Optimista que sou, sempre avessa a cair no desânimo, sem paciência para curtir fossas ou alimentar cadeias de maledicência e/ou moralismos, volta e meia parece que não posso deixar de cair na real e, até, quase na derrota: é quando não posso deixar de reconhecer que há um lado muito estúpido, muito incompreensível, muito tacanho, muito babaca, muito bronco no género humano. Ou, pelo menos, em parte do género humano. Não sei se é coisa genética, se é cultural, se é o raio que a parta. Mas que há gentinha que parece que não evoluiu, ou melhor, que dá ideia que melhor fora se não tivesse evoluído, que mais valia que continuassem a saltar de galho em galho e a catarem-se uns aos outros, lá isso há.
Dir-se-ia que ninguém de bom senso -- e nem falo já em inteligência, falo apenas em senso comum -- votaria num narcisista. Aliás, mesmo que não fosse no campo da política, dir-se-ia que ninguém de bom senso haveria de querer um narcisista por perto. Um narcisista é, por natureza, alguém tóxico que se alimenta de relações que, sendo na aparência relações fofinhas, são, na realidade um exercício de anulação do outro, um exercício de subtil e persistente manipulação emocional, levando os outros a quererem protegê-lo do mundo dos maus, a quererem que ele se mantenha por perto para que, sentindo-se acompanhado, não amue ou não se torne agressivo. Ora se isto é assim com todos os narcisistas, imagine-se um narcisista exacerbado e poderoso. Aí o perigo não é apenas para os pobres coitados que lhe são próximos e que incautamente se deixaram enredar, aí é bem pior, aí é um perigo para um país e, sendo o país os Estados Unidos, um perigo para o mundo.
Acresce que, no caso vertente, o psicopata não apenas manipula, amedronta e seduz os broncos e os mais frágeis (seja economicamente, seja sociologicamente, seja -- o que é mais frequente -- emocionalmente débeis) como é ele próprio um bronco. Mas, egocêntrico, basófias e descarado como é, nem quer saber de ser bronco. Acha que está acima de tudo e de todos. É nojento.
Volto a dizer: não estou politicamente informada para poder jurar a pés juntos que a malta do Lincoln Project é toda republicana, um grupo de republicanos bem intencionados e envergonhados por terem eleito um republicano que é um traste que envergonha os trastes. Supostamente sim. Agora que fazem vídeos muito bem feitos isso parece-me irrefutável.
Estes dois aqui abaixo, bem recentes, mostram como é possível ser-se absolutamente explícito na mensagem política, um mostrando o narciso troglodita que está à frente dos destinos do país e que importa apear, outro mostrando um americano exemplar a explicar como é que, tendo Trump falhado em toda a linha e todos os dias, importa correr com ele.
Esperto...?
O nosso momento
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É de facto uma criatura nojenta!
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