Ontem, ao passearmos pelo campo, tive uma epifania. Íamos pé ante pé. Pouco tempo antes, tinha aparecido mais uma cobra. Grande como a outra. Uma cobra rateira. Eu ia a andar e, a dois passos de mim, senti no chão aquele movimento que me faz estremecer. Parei. Ela parou também, estacada, a olhar para mim. A olhar ou a perceber o que iria eu fazer. Depois esgueirou-se por entre as pedras. O meu marido já tinha vindo a casa avisar. Na curva lá ao fundo, no lugar onde se começa a descer, uma cobra. Tinha-se levantado na sua direcção. Deve ter percebido que dali poderia vir perigo.
Por isso, quando, mais tarde, ia com a minha filha e com os meninos, íamos devagar, auscultando os sons, temendo que a bicha se levantasse para nos desafiar.
Por isso, quando, mais tarde, ia com a minha filha e com os meninos, íamos devagar, auscultando os sons, temendo que a bicha se levantasse para nos desafiar.
A dada altura, estando nós a observar já nem sei o quê, talvez alguma flor, já não me lembro se foi um dos meninos se foi ela, um deles gritou: 'Ali! Ali! O que é aquilo ali?'
Pusémo-nos a olhar. Nada se via. Tal como as partículas elementares que apenas podem ser apercebidas pelo rasto que deixam, também neste caso o que era apenas se via quando se movimentava.
Aquilo era como que um pequeno filamento brilhante que se deslocava na horizontal. Muito fininho, talvez em esverdeado prateado, talvez um centímetro de comprimento mas fininho como uma agulha. Não lhe vi mais nada, nem antenas nem patinhas ou asinhas. Apenas um pequeno, quase invisível filamento brilhante que se movimentava de uma forma invulgar.
Eu disse que era um ovni. Os meninos não perceberam. A minha filha traduziu: 'UFO'. Perceberam.
Fiquei a pensar: quem nos diz que não há extraterrestres entre nós e nós não os vemos? Quem nos diz que os extraterrestres não são nano criaturas? Imaginamo-los à nossa semelhança ou, quanto muito, pequenos robots, pequenos seres. Mas... e se forem serem ínfimos, ínfimos, ínfimos, super-inteligentes, super-observadores? E se um dia, quais coronas, resolvem virar o nosso mundo do avesso? Claro que podem ser malta do bem e simplesmente gostem de andar por aí a divertir-se vendo a bizarria deste mundo.
Estive a ver agora se poderia ser o bicho-pau mas não, não, não tem nada a ver. E, de resto, agrada-me a ideia de, por aqui, para além de toda a bicharada que aos poucos se vem chegando, cada vez mais -- agora até os pássaros já deixam que eu os veja de perto -- também possa haver extraterrestes, seres menos do que microscópicos, menos do que minúsculos pontos de luz, intangíveis, invisíveis. Gostava que, apesar disso, ouvissem as músicas que eu aqui, â noite, gosto de ouvir, que também gostem de poesia, de flores, de luz, de paz, de silêncio. Ou que gostem de outras coisas, muito diferentes, coisas com as quais nem sonho, coisas muito novas, coisas que um dia me deixem conhecer. Gostava de saber que há todo um outro mundo, coisas absolutamente outras, impensáveis. Gostava que, um dia, uns seres de um outro mundo, invisíveis, arranjassem maneira de me dar a conhecer o que de melhor existe no seu mundo.
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Fotografias de Nick Knight ao som de Love me por Yiruma
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A todos desejo um bom sábado
Pensando bem, o que seria deste mundo, se os animais, as aves, bicharada, por um dia falassem?
ResponderEliminarO que nos contariam dos mundos onde vivem?
Decerto que muitas surpresas nos trariam.
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Deixando uma 🌹
Feliz fim de semana