Fomos e viémos. Tínhamos coisas a fazer e eu queria estar com a minha mãe e ver o outro pessoalzinho. Mas a cidade, numa situação como a que vivemos, condiciona os nossos movimentos.
Imagino o sufoco que tem sido o confinamento para quem está fechado num andar com crianças pequenas. O contacto com a natureza parece-me fundamental, cada vez mais. E, para suportar a perda de liberdade, nada como a largueza do campo.
Imagino o sufoco que tem sido o confinamento para quem está fechado num andar com crianças pequenas. O contacto com a natureza parece-me fundamental, cada vez mais. E, para suportar a perda de liberdade, nada como a largueza do campo.
Saímos na quinta feira ao fim do dia, debaixo de chuva, e regressámos este sábado com um calorzinho bom.
Uma luz bonita de fim de tarde. Se não estivesse com preguiça ia buscar a máquina fotográfica para ver as fotografias que fiz. Os meninos sorriam e brincavam em contra-luz e eu via-os através da lente, encantada com a luz que vinha deles. Deles e da mãe deles.
Uma luz bonita de fim de tarde. Se não estivesse com preguiça ia buscar a máquina fotográfica para ver as fotografias que fiz. Os meninos sorriam e brincavam em contra-luz e eu via-os através da lente, encantada com a luz que vinha deles. Deles e da mãe deles.
Agora que já todos se acomodaram para o descanso, estou aqui. Estou com um pouco de dor de cabeça. Acordei cedo a pensar no muito que tinha que fazer e com a pressa nem dei tempo a acordar como deve ser. E não me passou. Por vezes passa-me ao longo do dia mas hoje ainda não. Nada de mais mas é uma presença desnecessária.
Depois de jantar. estivemos a ver a Frankie e a Grace, dois episódios de seguida. Até o meu marido gosta de ver.
Mas agora estou na base da digital terrestre, circunscrita aos canálios nacionálios e, depois de vistoriados os demais, foquei-me na sic, nos agricultores. Chega a ter graça de tão extraordinário que é. Não sei como recrutam os agricultores-candidatos nem as candidatas a putativas mulheres dos ditos. Mas repito: tudo fantástico. Este mundo encerra infindáveis surpresas. Eu não acho bem nem mal, apenas fico beige com o que vejo, estrangeira num mundo em que as pessoas falam a mesma língua que eu mas onde tudo me surpreende.
Mas agora estou na base da digital terrestre, circunscrita aos canálios nacionálios e, depois de vistoriados os demais, foquei-me na sic, nos agricultores. Chega a ter graça de tão extraordinário que é. Não sei como recrutam os agricultores-candidatos nem as candidatas a putativas mulheres dos ditos. Mas repito: tudo fantástico. Este mundo encerra infindáveis surpresas. Eu não acho bem nem mal, apenas fico beige com o que vejo, estrangeira num mundo em que as pessoas falam a mesma língua que eu mas onde tudo me surpreende.
Por exemplo, um António, já não especialmente jovem, com um brinco e ar marialva, parece que sempre a fazer-se à câmara, com três jeitosas com idades compatíveis com a dele e que funcionam num comprimento de onda idêntico ao dele. Ele, que mais parece um puto apalermado, fá-las cair e elas rebolam-se no chão, anafadas e divertidas. Um triunvirato feminino de alto lá com o charuto a ver se cativam um barrigudo pintarolas que, diria eu, não interessa nem ao menino jesus. Mas há gostos para tudo e ainda bem e, se estão todos divertidos, melhor para eles.
Em Rio Maior um outro curioso pintarolas, empertigado, cabeludo, com um boné com pala para trás e que a toda a hora diz que é bom demais, com uma Mafalda assanhada e uma loura apardalada que está para ali a chorar porque acha que os outros gozaram com ela por ser gorda. E o curioso é que não é gorda. A outra, a Mafalda, tem uma vozinha do caneco e, para se desculpar, alega que chama porta-chaves ao cabeludo. E o cabeludo diz que também lhe chamam micro-ondas e outras coisas, concluindo que lhe chamam mais nomes que ao tabefe. E eu olho para aquilo tudo e acho que, na volta, estão a representar alguma peça de Beckett.Um mundo paralelo àquele em que vivo. Olho-o com curiosidade. Ao mesmo tempo penso que é gente corajosa, que não teme expor-se, que não teme envolver-se emocionalmente perante o olhar das câmaras. Na volta são aventureiros e sentem-se felizes assim.
Mas estou a ver isto e com a cabeça noutra coisa: tenho participado em reuniões e visto relatórios e planos a prepararem o regresso. Encaro-os com sentimentos mistos. Não consigo entusiasmar-me com essa perspectiva. Se pudesse, ficaria a trabalhar remotamente durante mais uns tempos. Haveria de aprender a dosear, a não trabalhar até me esgotar. Talvez fosse melhor do que voltar ao trânsito, à confusão. E pior ainda há-de ser tudo já que vai ser isso mas misturado com máscaras, com desinfecções de mãos, com medo de tocar aqui, ali e acolá, com receio de que esteja contaminado. E eu, que não sou disto, distraio-me e toco em tudo e, a toda a hora, me chamam a atenção e, às tantas, já estou desorientada, enervada, impaciente.
Mas, sobretudo, não sei se vou conseguir viver longe do canto dos pássaros ou da luz pousada nas folhas e nas flores.
Enfim. Tempos de perplexidade.
Mas, sobretudo, não sei se vou conseguir viver longe do canto dos pássaros ou da luz pousada nas folhas e nas flores.
Enfim. Tempos de perplexidade.
______________________________________________________
Já agora, deixem que vos diga que as pinturas são de Rafael Martínez Padilla e que partilhe convosco um vídeo muito bonito, com apontamentos destes tempos de recolhimento
E a todos os que aí estão desse lado desejo um feliz dia de domingo
Ui essa cena manhosa da mais fina telebasura está de volta? Eu por acaso até tenho algum conhecimento de bons candidatos a embarcar numa tanga dessas.
ResponderEliminarAí au paradis, esteve rico dia? Aqui está maravilhoso.
Uma bela semana.