quarta-feira, abril 08, 2020

Que desçam dos montes, que subam dos vales, que saiam das grutas e do fundo dos mares todos os bichos a quem o corona está a abrir as ruas





Desde o início, as contas do Buescu não me convenceram. Começou por bolsonarizar a questão, que era coisinha boba, gripezinha de nada, coisa que matava menos que corriqueiro resfriadinho. Dias depois, já tinha soltado a exponencial que existia dentro dele e já ia nos dezanove mil infectados até ao fim de Março. De cada vez que o li e ouvi coloquei os dois pés atrás.

Sempre fui cautelosa: modelo não se faz com contas de poucos dias nem isolando os números da carne e osso que os mantêm de pé. Não há números puros. Só se forem os que pintam dentro de laboratório, em câmara de vácuo, coisa de onanismo de quem não sabe da realidade os sobressaltos da dúvida. Número de verdade é bicho elegante, às vezes ave de voo alto, às vezes pingando sangue e gordura, bicho com misticismos ocultos, que tem sol de um lado, sombra do outro, bicho que tem cheiro e astúcia, que tem música dentro, que tem mãos boas para festejo ou que, noutras vezes, tem ondulação como maré em dia de lua cheia. Número tem humor, tem sensibilidades, tem queda para tendência.

Imagina, então, se a conversa é vírus. Vírus é coisa nenhuma, nem coração tem, não tem boca nem olhos. Não tem tamanho, não tem voz. Vírus é ao mesmo tempo coisa do capeta e coisa banal como erva rasteira. Ninguém vê, ninguém dá por ele. Imagina imaginar uma curva a pensar no coisa de nada. Nem pensar. Tem que ser curva é a pensar no rasto que deixa. Se o primeiro-ministro e a rainha de belém resolvem fechar a malta em casa e pregar rasteira no merdinhas é uma coisa. Mas, mesmo nessa coisa, a malta obedecer é outra. Ou a malta obedecer mas cuspir para o chão ou tossir para a mão é outra. Ou se a coisa é bem pensada e há entrevistas, folhetos, medidas a sério, publicidade e tudo ao mesmo tempo, e toda a gente resolve fazer frente ao exército de coisinhas invisíveis e, aí, é outra. E a curva ondula ao sabor, esticando o número para cima ou para baixo conforme toca a música.

O que posso dizer é que sempre me pareceu que, com um costa inteligente e um celinho a gostar de ser amado, a coisa podia correr menos mal. Não falo em 'correr bem' porque quando há muita gente a sofrer, muita gente a morrer, muita gente a ter medo, muita gente a trabalhar muito, correndo riscos, e quando há muita gente a ver a sua vida a derrapar para a mais absoluta incerteza, não se pode falar em correr bem. Mas menos mal

O importante, desde o início, era ganhar tempo para que os hospitais conseguissem encontrar respostas e para que morresse o mínimo de pessoas até que o tratamento ou as vacinas apareçam.

Quando a gente conhece médicos que trabalham como doidos e que chegam a casa exaustos, esgotados, aterrados, e a família, em vez de os abraçar, tem é medo que eles tragam o merdinhas agarrado a eles, ou quando a gente conhece uma pessoa que num dia tem um familiar que adoece mas nada de mais, nada de mal, nada a ver com o covid, e, passada uma semana, o familiar já se foi e afinal era mesmo covid e, às tantas, toda a família e amigos se calhar também estão contaminados, aí a gente só pensa é que temos que fazer ainda mais, andarmos todos à patada à curva, espezinhá-la, saltar-lhe em cima. Todos à uma até que os cientistas sequenciem muitos mil genomas, contrastem muitas mil substâncias activas com as espirais que se escondem nos interstícios do coisa nenhuma, façam muitos mil testes.

Mas, se já não sou só eu a duvidar das boas contas do Buescu, a verdade é que não consigo adivinhar quando e como será o day after. Não acerto nisso nem no euromilhões. 

O que posso dizer é que, se chegarmos ao fim de Abril na vizinhança dos 30.000 casos confirmados, então de certeza que os números reais são mais do que 100.000, talvez entre os 150.000 e os 200.000. Se não mais. Digo eu. E isto porque há os assintomáticos e os assintomáticos que eles contagiam e que também são assintomáticos.

E, se assim for -- e, por um lado, ainda bem pois isso significa que a taxa de gravidade e letalidade são efectivamente mais baixas que os números oficiais -- a verdade é isso também significa que, depois de se ter vivido confinado durante todas estas semanas e de se ter destruído parte significativa da riqueza da economia do país, pouco se avançou no grau de imunidade. Ou seja, não será possível voltar tão cedo à vida normal. A esperança é que daqui por uns meses aconteça o milagre. Ou seja, que, com o tempo quente e a menor probabilidade de transmissão, venha também a notícia de um tratamento. E falo no tratamento pois admito que surja antes da vacina. 

Na China, depois de cerca de dois meses e meio de confinamento a doer,  estão agora num lento abrir de cancela. Mas a manada está sob controlo: a malta toda a ser vigiada como gado com chip -- por acaso, não na orelha mas no telemóvel --, um rótulo verde, amarelo ou encarnado, os passos vigiados em tempo real, tudo rastreado, por onde andou, com quem esteve, por quem passou perto. Não é só o controlo absoluto, não é só a malta a ser tratada como prima do merdinhas, as pessoas feitas peças de jogo virtual, não é só o absurdo e o risco de tudo, não é só o teatro experimental em que só falta a malta ser posta a rebolar-se pelo chão e ainda agradecer. Não. É também a tecnologia que o permite, são os meios de produção que permitem que, de repente, desatem a fabricar ventiladores aos muitos milhares, máscaras aos muitos milhões, câmaras de rua em cada canto e esquina, brutais processadores que tratam e reconhecem imagem em tempo real e cruzam caras com nomes e com a vida toda de cada um. E isto ao fim de dois meses e tal. Fará nós sem nada disso. Abre-se a cancela e vai tudo repimpar-se no areal da Caparica ou para os copos no Bairro Alto, na Baixinha ou na Ribeira.

O império do meio com um big eye a meio da testa versus a malta do mediterrâneo que gosta da liberdade e do sol -- e, no meio, como fiel da balança, um merdinhas invisível. O cúmulo do nonsense, isto tudo.


Mas, lá está, em Maio isto há-de começar a aliviar devagarinho e, em Junho, já quentinho, mais uns aliviozinhos e aí já estamos com calor à brava e, logo a seguir, ou o soro dos imunes ou o mata-piolhos ou a cloroquina ou derivados hão-de aparecer em força para salvar o mundo.

E o mundo há-de estar ávido de coisa boa e há-de voltar a haver vida de verdade.

E haveremos de saber viver com inteligência rejeitando o que nos mata. Haveremos de aprender a respeitar o planeta. Acredito nisso. Não quero crer que sejamos mais burros do que um merdinhas da treta que nem olhinhos tem, quanto mais neurónios.

E eu só espero que a bicharada que está a sair dos montes, das grutas, do fundo dos mares, e a começar a ocupar as ruas, também por cá venha fazer das suas. Por exemplo, que um urso prateado seja avistado a passear em plena Avenida da Liberdade, que uma lontra gigante venha refastelar-se ao sol no Cais das Colunas, que uma raposa sedutora venha, toda prosa, encantar as rosas dos jardins do Palácio de Queluz ou que um leopardo azul venha espreitar-me e deixar ouvir a sua ardente respiração quando eu estiver aqui a escrever à noite.

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Fotografias da bicharada a invadir as cidades enquanto as pessoas se resguardam em casa aqui, 

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Desejo-vos um dia bem passado. Saúde.

18 comentários:

  1. Foi um espectáculo hoje de manhã, um gato preto sem dono, abeirou-se da passadeira aqui da rua, olhou para um lado, olhou para o outro e com toda a tranquilidade atravessou a rua, em linha recta e sempre pela passadeira. ;)
    Bom dia.

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  2. Isto é melhor ir por partes:

    1)"Começou por bolsonarizar a questão, que era coisinha boba, gripezinha de nada, coisa que matava menos que corriqueiro resfriadinho"

    Axioma: o Bolsonaro é um troglodita. Daí que "bolsonarizar" seja um neo-verbo que convém usar com pinças. E o problema está - e, do meu ponto de vista, não deixou de estar - na "gripezinha de nada". Porque a gripe sazonal, de facto, mata anualmente, em todo o mundo, entre 400 000 e 600 000 pessoas. Em 2020, até ao momento em que escrevo, já matou 131 064. Até agora, o coronacoiso despachou 82 421. Ou seja, tanto um como outra, matam para diabo. Claro que o "merdinhas" agrafa-se-nos muito mais rapidamente e, por isso, engarrafando os SNS (onde os há), complica tudo.

    2) "coisa de onanismo"

    Como qualquer ateu digno desse nome, a Bíblia é uma das minhas leituras preferidas. Como eu dizia aqui https://lishbuna.blogspot.com/2010/11/e-um-livro-do-caralho-pode-dizer-se-nao.html, "um portento de sexo e fornicação tórridos, belíssimas cenas de acção e sanguinária violência "gore", ficção científica de meter todos os Encontros Imediatos num chinelo, hippies janados a tripar no deserto, magia e artes ocultas capazes de envergonhar o Aleister Crowley, e, na segunda parte, a mais famosa história de zombies - JC The Living Dead - de sempre!". Indo directo ao assunto, "onanismo" não é o que, habitualmente, se pensa (é uma confusão mais do que comum) mas sim, "coitus interruptus". Segundo a lei judaica, aquando da morte de um homem sem descendência, o seu irmão deveria engravidar a cunhada para continuar a linhagem, A meio do acto, porém, Onan arrependeu-se e "lançou a sua semente sobre a terra". A Bíblia é o máximo!

    3) "Vírus é coisa do capeta"

    Não é nada! É coisa, como diz o Rui Reininho, da "horrorosa Natureza pseudo-mãe"!

    4) "O que posso dizer é que, se chegarmos ao fim de Abril na vizinhança dos 30.000 casos confirmados, então de certeza que os números reais são mais do que 100.000, talvez entre os 150.000 e os 200.000. Se não mais"

    Ainda assim, bem longe do milhão anunciado pela Graça Freitas...

    5) "que um urso prateado seja avistado a passear em plena Avenida da Liberdade, que uma lontra gigante venha rebolar-se ao sol no Cais das Colunas, que uma raposa sedutora venha, toda prosa, encantar as rosas dos jardins do Palácio de Queluz ou que um leopardo azul venha espreitar-me e deixar ouvir a sua ardente respiração quando eu estiver aqui a escrever à noite"

    Grande final! Mas qualquer post que traga a June Tabor lá dentro é logo muito bom.

    Bom meio de semana.

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    1. João,

      O seu resumo da Bíblia é perfeito! Hahahahaha.

      Também gostei muito deste faz já vem mais que 10 anos: https://youtu.be/yPIsZ7qxA74

      Abraço,

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  3. Olá, ujm pois eu que nada percebo de números e muito menos da sua poesia parece - me que a ujm faz aqui exatamente o mesmo em que tanto o critica sem razão absolutamente nenhuma. Convinha não se ater às televisões, todas, que só querem sangue. Pessoalmente dou graças a ter existido um santo buescu porque o pessoal apanhou cá um cagaço que cumpriu como deve ser. Sim acho que muito do nosso sucesso reside aqui.
    Vou repetir o que já aqui escrevi. Com os valores que ele dispunha naquele momento o resultado só podia ser aquele. Não querer enchergar isto já é teimosia.
    Ora, como não tem Facebook vou deixar-lhe aqui o ultimo comunicado. Como só aceita X palavras cada campo vou ter que o subdividir.

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  4. Ujm optei por abrir o meu blog e deixo-lhe o link

    https://doquekalhar.blogspot.com/2020/04/santo-buescu-7.html

    ;)

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  5. Uma maravilha de escrita! Um milagre nestes tempos em que tudo é feio. Obrigado.

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  6. https://www.publico.pt/2020/04/08/sociedade/opiniao/tempo-rigor-cientifico-favor-nao-deitem-perder-1911556?fbclid=IwAR0rnwRjgxidBU-1NI758LgM_prKL6yWAD37bfpHU8xTdVt027tE41MBzhY

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    1. GG,

      Neste artigo do público o homem até têm razão nos alertas quanto ao relaxamento. No entanto, apela a que o ouçam (os matemáticos), quando lá por os epidemiologistas usarem muito a matemática não quer dizer que um matemático é um epidemiologista. E claramente por ele ser "apenas" matemático, no início acertou completamente ao lado, ao dar suposta sustentação à ideia da gripezinha (https://www.ulisboa.pt/sites/ulisboa.pt/files/public/ha_mais_curados_do_que_infetados.pdf).
      Mais, o que ele está a fazer é muito pouco científico. Ele mistura a ciência com a decisão técnica e política. Não são a mesma coisa! A ciência fornece informação e a técnica/administração/política decidem! Um estudo científico bem feito é sempre um experimento controlado. Não abarca nunca todas as variáveis que têm de ser consideradas numa decisão. E o homem teima em não perceber isso e reclama um papel para os cientistas que não pode ser! Quer um exemplo? A questão das máscaras. Têm sido feitos ataques inqualificáveis à diretora geral da saúde, à DGS e à OMS, acusadas de uma atitude criminosa perante a orientação que a certa altura deram sobre o uso de máscaras. O grande argumento usado contra essas pessoas / instituições é uma suposta evidência científica que contraria tal decisão política e técnica. Nada mais falso! E a decisão até têm fundamento científico.

      Mais, a definição de pico adoptada pela DGS é claramente diferente do que o Buesco propõe. Porque tem objetivos de clareza comunicacional. Pode discutir isso nesses termos, mas daí a vir mais uma vez colocar em causa a seriedade institucional, dando a ideia de que estão a fazer borrada desmascarada pelo cientista, é absurdo.
      A ciência tem um processo de produção de conhecimento muito mais complexo. Nem sequer existem verdades absolutas, mas sem largos consensos científicos. Não vamos atribuir à ciência o que ela não pode nem deve dar.

      Ps: e falo isto num contexto de ciências naturais, porque em ciências sociais todos estes cuidados têm de ser redobrados. As consequências de não os termos podem ser muito piores que um coronavirus mais afoito - é lembrar a celebre regra do endividamento público nos 90% do PIB, por exemplo. Só por ser um exemplo recente e conhecido.

      Abraço!

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  7. Olá Lúcio,

    Um gato preto a atravessar a avenida pela passadeira...? Ui... O corona até deve ter desatado a fugir com medo do azar que o gato preto pode dar.

    Agora uma coisa é certa: os gatos devem andar perplexos com o que está a acontecer: os humanos recolheram aos abrigos, deixando a cidade para eles...? O que estará a acontecer?

    Miaaauuuuu.............

    😜

    Um dia tranquilo, LF.

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    1. Permita-me só sublinhar que, com isto, não quero desvalorizar a ciência! Bem pelo contrário! Mas este alerta é importante, em especial quando as consequências de uma afirmação de um cientista ou de um pequeno grupo de cientistas reclama resultados / consequências avassaladoras. Geralmente é de desconfiar. Até porque essa é cada vez mais a estratégia de muitas fake news que circulam por aí fora, cada vez mais audíveis e em tudo o que é assunto - das alterações climáticas, ao 5G e à origem da CoVid...

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  8. Olá João,

    Por partes, então.

    1) É isso: é pegajoso demais. E pior: é sonso, pega-se sem que o próprio saiba que o tem. Pior ainda: mantém-se tinhoso durante horas mesmo em naturezas mortas.

    2) A Bíblia deve ser mesmo do caraças. Tenho uma Bíblia numa capela que tenho aqui in heaven e, quando lá vou, gosto de abrir ao calhas e ler um bocado. Talvez tenha coisa, sim. Mas nunca me deu para ler de seguida ou para me dedicar à pesquisa. Tem muita fofoca pelo meio, muita coisa a atirar para a lição de moral e até duvido que esse tal de Onan não apareça ali só para tentar dar lição ao pessoal.

    (Agora mais a sério. Sendo eu agnóstica, tenho isto que não sei explicar: gosto de capelas e gosto de espreitar o livrinho. Cenas.)

    3) Coisa do capeta? Piolho de morcego? Rasteira do planeta? Pois não sei. Sei é que se formos mais burros que ele, mereceremos que ele nos coma vivos como anda a tentar fazer.

    4) Tudo depende do contexto em que se lê o que os modelos dizem e da forma como eles se constroem.

    Um milhão de infectados é pouco. A imunidade consegue-se aos 60 ou 70%. 10% é nada. Resta saber em que horizonte temporal. Ter 6 milhões de infectados ao longo de uns pares de anos pode não ser nada de mais se forem diluídos no tempo, se houver tratamento para os graves, se o sistema hospitalar estiver preparado.

    Agora, logo no primeiro mês, sem haver camas, ventiladores, sem o sistema estar organizado, ter 40 ou 50 mil seria dramático pois as mortes seriam muitas, nem tanto pela letalidade em si mas por não haver forma de acolher todos os que precisassem. Um modelo não pode reduzir-se a pegar em funções matemáticas e, sem querer saber de comportamentos e medidas de restrição, deixar que as curvas se desenhem por si. Se o nosso governo fosse do género Bolsonaro ou Trump, claro que os infectados ao fim de um mês seriam dessa ordem e, se ninguém fizesse nada e apostasse na imunidade da manada, claro que se iria ao primeiro milhão sem dificuldade. Mas vivemos em Portugal e somos governados por gente inteligente e decente. Portanto, as funções matemáticas têm que ser modeladas em função disso.

    5) Ah, a June Tabor é uma cá das minhas. Aliás, canta uma das canções que muito me encanta, a Lili Marlene. Ela canta-a de uma maneira que me emociona. Não acha?

    E umas boas endoenças 😇...

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  9. Olá GG,

    Pois não sei se sou de poesias, cá para mim não sou, mas olhe que de modelos se calhar até sei qualquer coisinha. Não muito. Mas umas coisinhas, se calhar, ainda consigo arranhar.

    A gente pode querer que os modelos falem por si e a gente pode querer achar que os matemáticos são seres que falam a voz de deus, seres ungidos pela verdade. E até podem ser, sobretudo se conhecerem as suas limitações, se respeitarem a fala dos números, se forem humildes e tiverem muitas dúvidas.

    De qualquer forma, tento explicar a ideia na resposta ao comentário acima.

    Se estiver para aí virada, consigo fazer uma curva em que digo que a o corona vai trazer-nos pela trela até a Janeiro do ano que vem. Ou que nos vai trazer ao pé coxinho até Junho, a partir daí aos saltinhos, depois volta a pôr-nos a trela, até que em março de 2021 damos um par de coices no merdinhas. Posso fazer modelos para tudo, em especial se modelar os modelos (passe a redundância) em função de factores exógenos à virose em si.

    É que nisto, como em quase tudo na vida, a política dita a evolução das curvas. Com políticos inteligentes, os humanos dominam a bicheza. Com políticos burros, a bichexa ri na cara dos humanos.

    Não sei se fui clara ou excessivamente poética... 😲

    Uma boa quinta-feira, GG.

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  10. Olá António,

    Essa do milagre é por estarmos quase na Páscoa, certo...? Ou porque, à falta de comemoração do 13 de Maio, já me imagina a mim encavalitada, por aí, numa azinheira, não...?

    (Obrigada. Gostei de ler o que escreveu.)

    Um dia bom para si, António.

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  11. Olá Paulo,

    Sempre oportuno e isento no que refere. Deixa-me frequentemente a pensar. Sim senhor.

    Deixa-me a pensar e a rir com as referências que aqui deixa. Muito bom, o vídeo, sim senhor...

    Abraço, Paulo!

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    1. Olá UJM,

      Palavras amáveis! Embora também eu fique por vezes a pensar se não sou é um velho dos marretas: por vezes, pode parecer que só venho chatear, contradizer. Hahahahaha.
      Mas nada disso. É mesmo com um espírito aberto e de debate que aqui venho.

      De qualquer forma, registe-se ainda, que até acho que muitos modelos aparentemente estapafurdios também têm um papel relevante. E outro, talvez ainda mais relevante - por vezes apontado como um dos calcanhares de aquiles no sistema de produção de conhecimento científico - são os poucos estudos em que os resultados não confirmam as hipóteses de partida e/ou são inconclusivos. Aferir a fiabilidade de uma evidência científica, passa também por mapear e analisar os estudos que, na procura dessa evidência, não foi possível dar suporte a certas hipóteses.
      Um debate interessante este! Mas a mensagem é (sobretudo em tempos de urgência): não se olhe para a ciência como o santo graal da decisão (política, técnica, etc).
      Abraço!

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  12. Bom dia, Paulo B e Ujm
    longe de mim pensar que quem nos governasse fosse ciêntista. O governos dos tecnocrats da UE bem que nos tem provado isso mesmo.
    Percebi finalmente algumas das criticas que são endereçadas a JBuescu em que uma delas assenta que ele se anda a tentar promover para vir a ser ministro de alguma coisa.
    Enfim, farta disto tudo, deve ser da lua e se calhar do confinamento, da chuva que não nos larga e de um feitio do c"ralho que dizem ter ou talvez dessas varíáveis todas que hoje produziram uma curva que me faz recolher ao convento. Lá é que eu estou bem.
    Um abraço

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  13. Não é por nada mas a senhora e os seus confrades não devia ver as previsões meteorológicas que são das coisas mais manipuláveis que existem.

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  14. Anónimo,

    Da parte que me toca, não tenho qualquer receio de modelos manipuláveis. São esses que interessam, não os que são vendidos como certezas absolutas (para isso temos a realidade e esperar que ela aconteça).
    Mas se quiser brincar às manipulações, não para a meteorologia, mas para o CoVid, sugiro-lhe esta brincadeirinha aqui: https://alhill.shinyapps.io/COVID19seir/

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