segunda-feira, janeiro 13, 2020

Primavera a caminho






Não há estações que representem especificamente o nascimento, o esplendor da vida, o ocaso e a morte pois, em todas as estações, existem, em simultâneo, nascimentos, o gozo do esplendor da vida, ocasos e mortes. E nenhuma morte é definitiva pois o que parece morrer é, afinal, a semente e o terreno fértil onde a vida há-de florescer. É um contínuo, um devir. Contactar de perto com a natureza é perceber a magnífica e permanente coreografia de transmissão de vida que em todas as formas e em todos os momentos se manifesta. 


Encanto-me com tudo na natureza e, para melhor observar o que, quando desatenta, não vejo, baixo-me, olho longamente, ando muito devagar. E dentro de mim é quase uma oração que nasce, um agradecimento, e quase tento tornar-me parte do que me é dado ver.


E fotografo. O acto de fotografar dá-me o pretexto para me debruçar sobre a infinita beleza das coisas naturais. Parecem-me um milagre a beleza, a perfeição, a harmonia cromática, a delicadeza do que nasce, cresce, e, que, uma vez tendo embelezado o mundo, regressa à terra onde novas formas de vida já fazem o seu percurso.

Tendemos a achar que somos sapientes, habilidosos, seres superiores. Não somos. Somos meros elementos de uma longa cadeia de vida que habita o planeta. E se nem de nós sabemos tratar quanto mais do resto e, por maioria de razões, quanto mais sermos capazes de perceber a génese de todos os elementos. Somos, sim, elementos de uma longa cadeia. E nem de longe nem de perto somos os mais fortes ou os mais inteligentes. Aparentemente a única diferença é a nossa capacidade de abstração, capacidade que, aparentemente, os outros animais não têm. Pelo menos, o Harari acha que sim. Tenho é dúvidas que a saibamos utilizar bem. Mas isso, como é agora moda dizer, são outros quinhentos.


Tal como à noite contei, no sábado andei no campo, in heaven, e não conseguia parar de me deslumbrar com as cores, com a luz sobre as cores, com a delicadeza requintada das flores, dos perfumes, com a harmonia entre tudo, com a paz tão absoluta, quase palpável.

À medida que a tarde ia avançando, uma poalha dourada ia pousando sobre as flores e quando veio o pôr do sol a luz ficou quase rosada, quase etérea, e foi com subtileza que se foi despedindo do perfume das flores.


Estive há pouco a ver as fotografias feitas e escolhi umas quantas para partilhar convosco. Depois reduzi. Ficam estas que aqui estão. Não quero maçar-vos pois, quando a realidade é distante, quem vê pode não perceber a razão do encantamento e achar uma maçada tanto êxtase, tanto arrebatamento.


Até já

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