Não há mulheres, no plural. Há uma e outra e outra e outra. Todas diferentes. Nada que as iguale. Nada.
Posso falar do que conheço de outras mulheres mas não falo por elas. Cada uma tem a sua própria voz.
Posso falar do que conheço de outras mulheres mas não falo por elas. Cada uma tem a sua própria voz.
Conheço-as submissas. Conheço-as desconfiadas. Conheço-as abnegadas. Conheço-as lutadoras. Conheço-as sofredoras. Conheço-as arrogantes. Conheço-as inseguras. Conheço-as ingratas. Conheço-as com os pés e as mãos na terra. Conheço-as com a cabeça na lua. Conheço-as destroçadas. Conheço-as frágeis. Conheço-as guerreiras.
Conheço tantas mulheres.
Posso falar delas. Mas, se não falo de alguma em particular, se falo de mulheres, falo da que desconheço melhor: de mim.
Que as mulheres que me lêem não sintam estranheza por não se reconhecerem porque, se falo de mulheres, em abstracto, é de mim que falo, uso a minha própria voz que é a única que, em toda a verdade, sou capaz de usar.
Dos homens não sei. Há homens que eu acho que não têm qualquer interesse. E, no entanto, há sempre alguém que se interessa por eles. Por isso, sobre homens, também apenas posso falar por mim. E, se falar do que como um homem deve ser para ser interessante, é em mim que penso, no que a mim me parece interessante num homem. Mas também não sei dizer muito porque, se falasse, estaria a falar de um ser abstracto e, a mim, o que me interessa são os homens concretos, de carne e osso, de verdade.
Portanto, se eu me pusesse aqui a falar de homens, sobre homens em abstracto, tudo não passaria de teoria, conversa vaga, coisa de nulo interesse. Não o farei.
E um disclaimer que, se calhar, nem vem a propósito: há homens e mulheres que podem ser muito próximos, muito amigos. A grande amizade entre um homem e uma mulher é possível. Os meus melhores amigos sempre foram homens. Mas o mais interessante, o mais raro, o que dá sentido e fulgor à vida, o que cintila no escuro e no coração é a paixão. E, a seguir à paixão, um grande amor, um grande amor entre um homem e uma mulher.
E, claro, estou a falar da condição que é a minha, a heterossexual. Mas talvez tudo possa extrapolado.
Contudo, justamente, porque quero ser precisa, não posso dizer muita coisa. Não saberia o que dizer.
Sei que teria ainda muito para descobrir sobre mim mas não tenho interesse nisso. Gosto de ser surpreendida e isso aplica-se também a mim. E gosto de ser desafiada pois isso leva-me a aventurar-me por caminhos que desconheço e, mais do que conhecer-me a mim, interessa-me conhecer os caminhos por onde a minha curiosidade me pode ainda levar.
E, tirando isso, nada. Não sei o que dizer.
Dou, pois, a palavra a outras mulheres. Este é um post sobre o que pensam as mulheres. Sobre o que sentem as mulheres. Melhor: sobre o que pensam as mulheres quando pensam em homens. Em certos homens. Naqueles que trazem sal, pimenta e beleza à vida, naqueles que fazem com que tudo cintile.
Contudo, justamente, porque quero ser precisa, não posso dizer muita coisa. Não saberia o que dizer.
Sei que teria ainda muito para descobrir sobre mim mas não tenho interesse nisso. Gosto de ser surpreendida e isso aplica-se também a mim. E gosto de ser desafiada pois isso leva-me a aventurar-me por caminhos que desconheço e, mais do que conhecer-me a mim, interessa-me conhecer os caminhos por onde a minha curiosidade me pode ainda levar.
E, tirando isso, nada. Não sei o que dizer.
Dou, pois, a palavra a outras mulheres. Este é um post sobre o que pensam as mulheres. Sobre o que sentem as mulheres. Melhor: sobre o que pensam as mulheres quando pensam em homens. Em certos homens. Naqueles que trazem sal, pimenta e beleza à vida, naqueles que fazem com que tudo cintile.
Os moços tão bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma actriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles não me vêem
como se me dissessem: acomoda-te no teu galho,
eu penso: bonitos como potros. Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero.
Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso.
Mas se o corpo é escrita no leito do papel
onde a mão o deita, desnuda e o invade
lhe acaricia os ombros e em seguida
o possui de bruços e mesmo assim não sabe
saciar o corpo no corpo do delírio
com a avidez de uma emoção rapace
Réstia de sol na sombra do calor
fuso do corpo
tecendo o seu orgasmo
....
....
Penso em ti com apreensivo carinho. Realmente, entre a dor e o sonho, até quando conseguirei manter esta obsessão prática, este quase incesto? O verdadeiro amor é um acto indisponível.
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo sua própria tessitura.
Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
Primeiro poema - de Adélia Prado in 'Bagagem'
Segundo poema - excerto de 'O esplendor do Corpo' de Maria Teresa Horta in 'Eu sou a minha poesia'
Tisana 285 - de Ana Hatherley in '351 tisanas'
Último poema e poema do título - de Hilda Hilst in 'De amor tenho vivido'
Pinturas respectivamente de Frank Dicksee, Solomon Joseph Solomon, Picasso, Solomon Joseph Solomon, Red Cloth, John William Waterhouse, Rubens e Charles Joseph Frederic
Tudo na companhia de Melody Gardot com Our love is easy
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E uma semana feliz a todos, a começar já por esta segunda-feira
Cerrar bem os olhos
ResponderEliminarpara poder ler
as palavras exactas
do teu texto
dos poemas
o que dizem
sem dizer
o que escondem
ao não esconder
o que mostram
a quem quer ver.
Um abraço
Joaquim
Não têm faltado "tipologias" sobre a mulher ao longo dos tempos. Anjo, demónio, fatal, bruxa, ninfomaníaca, pura, virgem, emotiva, para enumerar umas quantas...
ResponderEliminarFrequentemente são as mesmas elaboradas pelo elemento masculino. Muito há a descobrir sobre a "História", no feminino.
Olá Joaquim,
ResponderEliminarTão bonito. Demorei a agradecer porque andava sem energia mas aqui estou para dizer que gostei, que li e voltei a ler. Bonito.
Obrigada.
Dias felizes para si, Joaquim.
Olá Tiago,
ResponderEliminarTem razão. O mundo seria outro se mais mulheres pudessem estar em posição de agir, de decidir, de traçar o rumo das coisas. Com as suas diferentes faces, o mundo poderia ser mais inteligente. As mulheres, em regra, são mais afoitas. Os homens temem o 'não'. As mulheres não o temem. E isso faz toda a diferença.
Dias felizes para si, São Tiago.
Olá UJM,
ResponderEliminarAcho que também haverão homens que não temem o não e mulheres que o temem...
Quanto ao exercício do poder, a história mostra que, quando chamadas a isso, as mulheres podiam ser tão capazes quanto os homens. Mas também de usar certas "armas" de forma que diriamos hoje "dura" ou "cruel" ;)
Dias felizes para si tb, UJM