O Verão agora começa em Setembro. Antes, em Maio ou Junho, assoma ao de leve e, nesses dias em que se anuncia, vem com força. Mas é apenas um preview, coisa breve. Verão a sério, do bom, é em Setembro. Uma luz indecorosa de tão límpida que é, um azul vibrante e omnipresente, um mar que chama por nós, afável, bom para mergulharmos nele, peixes em nossa volta, a pele num sossego, um entardecer suave, dourado, umas noites tépidas, boas para passear, para estar nelas.
No trabalho, tudo regressando, tudo a bombar e a gente nem aí, a gente assistindo de longe, a gente no bem bom.
Não há televisão, não há rotinas ou horários, o carro nem a gente se lembra dele, parqueado, em repouso.
Bom mesmo é nadar. Entrar nas águas, entrar, ir andando até que é só um pequeno impulso para começar a nadar e ir. Nadando, mais ao longe as águas mais verdes, mais fundas, aquele cheiro bom do mar. E mergulhar. O corpo todo debaixo de água. Tão, tão, tão bom.
Vejo agora, pelos títulos, que deve ter havido debate na televisão. Costa e Jerónimo, não foi? Na volta, pela cidade, já cheira a eleições. Aqui não, aqui só cheira a maresia. Por isso, não posso pronunciar-me: estou fora. Ontem também vi título com uma tiradinha do Marques Mendes. Certamente mais uma das suas abelhudices, coisa de chico-espertinho que mete o bedelho em tudo. Não retive: estou fora. Ou isso ou o arrufo, de verdade ou pseudo, entre o Costa e a Catarina. Tenho visto título por aí, gente a tomar posição. Não sei detalhes, não me assiste: estou fora. E também quase me sobressaltei com a perspectiva de uma snap election lá por terras da Sta Sua Majestade, terras daquela santa senhora que pode ver o reino desmoronar-se que não mexe um dedo, quanto mais uma palha. Mas não mergulhei no assunto: estou fora. Mergulhar só mesmo na água: ou no mar ou na piscina. Bom, mesmo bom. Sou bicho das águas. E às vezes da terra, das pedras, do regaço das árvores. Sou bicho, portanto.
Ah, é verdade: levei mesmo um livro para ler enquanto estava na praia mas não sei onde estava com a cabeça para achar que teria cabeça para ele (e sorry pela redundância da cabeça mas a falta de cabeça dá nisto, para usar o seu santo nome em vão). O solzinho bom a dar em mim, a aguínha boa a chamar por mim, os motivos a florescerem chamando pela minha câmara e eu... filosoficamente a ler o José Gil...? Está bem, está. Ainda tentei, ainda li salpicadamente umas quantas páginas mas naquelo registo vadio em que à segunda página a gente já nem sabe bem de que se tratava na primeira. Um desperdício. E a culpa não é do José Gil, atenção. Os seus Trajectos Filosóficos devem ser coisa fina, nada em que alguém possa pôr defeito. É minha a culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Amanhã tentarei outro, mais à medida das minhas limitadas circunstâncias.
A registar ainda um facto que, por sinal, é identicamente pouco épico mas não tem mal, é o que é. De manhã, antes de irmos para a praia, o meu marido disse que tinha visto uma loja de chineses numa das ruas a caminho da baixa e que achava que deveríamos ir lá ver se tinham candeeiros pequenos para agarrar ao computador. Queixa-se amargamente de eu, à noite, ficar de luz acesa, custa-lhe a adormecer. Percebo. É sempre isto. Por causa disso, noutra vez, já se arranjou um desses candeeirinhos mas, como é bom de ver, esqueci-me de o trazer. Lá fomos. Duvidei que tivesse. Contudo, a chinesa, mostrando ser muito à frente, não desarmou: 'É USB?'. Dissemos que sim. Chamou um colega, falou-lhe em chinês e ele lá nos levou. E tinha mesmo. E dá boa luz, até tem duas intensidades à escolha. Tem é um problema: o cabo é minúsculo. Como não me apetece estar sentada à secretária ou ali no sofá ou, mesmo, num dos cadeirões, estou a escrever deitada, ligeiramente soerguida. Numa perna, que está flectida, o portátil e, na outra, aberta talvez a 45º. o candeeiro em equilíbrio, apontado ao computador. Uma ginástica. Mas ilumina bem o que escrevo e não interfere com o sono do meu companheiro de leito.
É extraordinário como estas lojas têm de tudo o que se possa imaginar. O que também sei é que andava a precisar de uns calçõezinhos brancos, que dão imenso jeito para usar com uma túnica ou coisa assim ligeira para a praia, já que os outros que tenho já estão muito usados, bons para usar é lá no campo quando ando ao figo ou a cortar mato -- e, já que ali estava, resolvi ir espreitar. O meu marido, como é fácil perceber, passa-se: 'Só visto, vens a uma loja de chineses no Algarve comprar calções?'. Pois comprei, sim senhor. Uma bela compra. Nove euros. Altura e largura certas, tecido levemente elástico, cós na cintura também elástico. Mesmo tudo no ponto. E, na caixa, outro achado. Estava ele já a pagar o candeeiro e os calções, vi uns brincos de pérola, pérola genuína, uns em cor-de-rosa e outros em azul claro. Um jeitaço. Um euro cada par. Hoje à noite já estreei os azuis. Lindos.
É extraordinário como estas lojas têm de tudo o que se possa imaginar. O que também sei é que andava a precisar de uns calçõezinhos brancos, que dão imenso jeito para usar com uma túnica ou coisa assim ligeira para a praia, já que os outros que tenho já estão muito usados, bons para usar é lá no campo quando ando ao figo ou a cortar mato -- e, já que ali estava, resolvi ir espreitar. O meu marido, como é fácil perceber, passa-se: 'Só visto, vens a uma loja de chineses no Algarve comprar calções?'. Pois comprei, sim senhor. Uma bela compra. Nove euros. Altura e largura certas, tecido levemente elástico, cós na cintura também elástico. Mesmo tudo no ponto. E, na caixa, outro achado. Estava ele já a pagar o candeeiro e os calções, vi uns brincos de pérola, pérola genuína, uns em cor-de-rosa e outros em azul claro. Um jeitaço. Um euro cada par. Hoje à noite já estreei os azuis. Lindos.
Bem. Abreviando. Fotografo de gosto, estou nas minhas sete quintas. Fotografo os casais que passam, meu motivo habitual, fotografo momentos de ternura maternal, fotografo veleiros, velhos e novos, gaivotas armadas em patinhos -- tudo. E hoje pensei: vou fotografar actividades mais ou menos desportivas na praia. Pensei: desportos náuticos. Mas depois alarguei o âmbito. É o que aqui agora mostro.
Fotografei também outra coisa -- e as feministas que não me roguem pragas nem ranjam os dentes que isso me arrepia. O meu marido, observando-me sempre a ver através da lente, disse-me: 'Olha lá, um bom motivo para fotografares sabes qual é? Fios dentais. Para se poder eleger o melhor fio dental'. Penso que já deve ter dado para perceber que ele tem um lado bem safadão. Não machista, não senhor, que eu isso certifico. Simplesmente safadinho. Mas eu gosto dele assim, malandreco. Pareceu-me bem, a ideia. Não propriamente para eleger mas para glorificar. É que há corpos que, a descoberto, são obras de arte e acho que glorificar o corpo das mulheres nunca será de mais.
Mas, depois, derivou. O tema já não era 'fios dentais' mas 'cus dentais'. Volta e meia, estava eu a focar uma mãe a ajudar uma filha a equilibrar-se numa prancha ou uma gaivota a sobrevoar um veleiro ou um casal a passar e dizia-me ele: 'Cu dental à esquerda, junto ao chapéu de sol verde'. E, portanto, fiz fotografias de uns quantos.
Mas é o que vos digo: apesar de nada fazer, chego a esta hora e estou pedrada de sono. Por isso a ver se durante o dia publico a série de cus dentais que, entretanto, colhi. Hoje fico-me pelos desportos náuticos. Lato sensu, claro está. Tanto lato sensu que termino com a fotografia da bela nadadora-salvadora que, a bem dizer, se tudo correr bem não precisará de nadar para salvar ninguém. Mas, pelo menos, passeia a sua beleza pela praia e isso também me parece um desporto bastante meritório.
Mas, depois, derivou. O tema já não era 'fios dentais' mas 'cus dentais'. Volta e meia, estava eu a focar uma mãe a ajudar uma filha a equilibrar-se numa prancha ou uma gaivota a sobrevoar um veleiro ou um casal a passar e dizia-me ele: 'Cu dental à esquerda, junto ao chapéu de sol verde'. E, portanto, fiz fotografias de uns quantos.
Mas é o que vos digo: apesar de nada fazer, chego a esta hora e estou pedrada de sono. Por isso a ver se durante o dia publico a série de cus dentais que, entretanto, colhi. Hoje fico-me pelos desportos náuticos. Lato sensu, claro está. Tanto lato sensu que termino com a fotografia da bela nadadora-salvadora que, a bem dizer, se tudo correr bem não precisará de nadar para salvar ninguém. Mas, pelo menos, passeia a sua beleza pela praia e isso também me parece um desporto bastante meritório.
Que lindas fotos!
ResponderEliminarVeio o verão, é verdade, o tempo está maravilhoso, por aqui anda nos 30.
Continuação de ricas férias.
Olá Francisco!
ResponderEliminarAs temperaturas excessivamente altas, a falta de chuva, etc, é tudo motivo de preocupação. Mas, caraças, com o que eu estava precisada de uns dias de férias, nem sabe o bem que me sabe este clima tropical e eu, aqui, na boa, a banhos. Andei a passear até há bocado e nem uma ponta de frescura: uma noite fantástica. As esplanadas cheias, as ruas cheias, gente a tocar e a cantar. Os trópicos chegaram-se aos Algarves.
E por aí também bem bom, então. Menos quente que por aqui mas 30º é ainda melhor, um calor mais ameno.
Boas braçadas, bons mergulhos, bons passeios. Em suma, dias felizes para si, Francisco.
Ah, sim, calor ma non troppo...
EliminarÉ verdade é tudo preocupante, mas nós lá vamos querendo o calorzinho para belas praiadas e passeatas.
Agradeço e redobro os votos para a UJM.