Aprendi hoje que existe um instrumento musical que permite uma sonoridade encantatória. Ia no carro e e só queria que o trânsito se atrapalhasse, que os semáforos não abrissem, que mil imprevistos surgissem no meu caminho. Maravilhada a ouvir, espantada por, uma vez mais, constatar como é infinito o meu desconheciento.
E estava sem perceber bem como dizer a palavra, era uma palavra nunca ouvida, e queria retê-la para depois tentar pesquisar e com medo de me esquecer e perder o rasto à fugaz descoberta. Por isso, mal estacionei, escrevi no telemóvel como me soava.
Quando consegui ligar o computador, com uma pessoa à porta a perguntar-me se tinha uma certa manhã livre para me enviar um convite para uma reunião, indelicadamente pus-me a googlar. Disse: 'Desculpe estar a falar consigo e a ver uma coisa no computador mas é que tenho mesmo aqui um assunto urgente'. Ele desculpou: 'Ora essa. Veja se quer que volte mais tarde'. Mas já o google corrigia a palavra e me sugeria a palavra certa. Percebi que era isso. Copiei a palavra para um mail que enviei para mim própria.
E hoje foi dia grande: de manhã muita coisa que fazer e, ao almoço, uns meninos com a mãe foram ter connosco para o mais crescido escolher uma bicicleta e a seguir almoçámos juntos. Saí dali a mil para uma reunião que, para mim, era decisiva. Depois, ao fim da tarde, saí a mil mas um trânsito danado dificultou-me a vida pelo que, mal saí do elevador, senti cheiro a comida o que me enervou instantaneamente. Cozinhar é meu pelouro, meu território, minha bandeira. Era ele que, vendo que eu estava atrasada, se atirou aos tachos. Felizmente, conseguir conter o estrago. E, num ápice, assumi o comando e, minutos depois, as quatro placas estavam a bombar e tudo sob controlo.
Quando estava a acabar, começaram eles a chegar. Os da hora do almoço e os outros. Parecem touros desembolados quando entram na arena. Correm, riem, brincam, pregam partidas, perseguem-se -- ou seja, festejam a alegria de estarem juntos. E, em menos de um foguete, a mesa grande estava cheia e as tropas todas comendo. No fim, cantaram-se os parabéns a você pois durante a semana não tinha sido possível reunir toda a gente e hoje, ao fim do dia, com uns regressados do sul e outros de mais acima, era o momento ideal para o festejo e, claro, o melhor sítio é cá em casa, abrigo e ninho que gosto de ter cheio.
Amanhã há outra vez proliferação de programas pelo que, para estarmos todos juntos, esta sexta à noite é que era mesmo. Em privado, o eu marido tenta torcer ao nariz: 'Eh pah, não sei porquê mas à sexta à noite é que tinha que ser...'. Mas não é. Ou seja, não é só á sexta. Por exemplo, a partir de amanhã à tarde e até domingo é também, e vai ser non stop, embora não todos ao mesmo tempo. Portanto, não se percebe porque é que ele fala das sextas à noite.
Os últimos saíram há pouco. Não vale a pena pôr-me com grandes arrumações porque amanhã tudo será revirado, de novo.
Há bocado, enquantos uns ainda jogavam à bola, estivemos a ver fotografias de quando éramos todos mais novos, os meus filhos ainda miúdos, todos nós tão jovenzinhos. Irmãos, cunhados, primos, sobrinhos, tudo na flor da idade. E tanta gente que já não está entre nós. E a nossa casa in heaven no meio do nada, sem árvores, uma aridez pedregosa de mato rasteiro e seco, e todos por lá, grandes fotografias de grupo, todos incluindo a nossa querida cãzinha, primeiro ainda bebé, uma bebé fofinha ao colo dos meus filhos, também ainda pequenos e fofinhos, depois mais crescida, pêlo cor de mel, macio, olhos inteligentes e meigos.
E, agora que liguei o computador, vi o mail que me enviei. Uma única palavra: shakuhachi. Caí em mim: é que, com o redemoinho que foi o dia, já nem de tal me lembrava.
Poucas outras coisas a esta hora poderiam saber-me melhor do que o som tranquilo desta flauta de que nunca antes ouvira falar. Som mais bom...
Fiz agora duas fotografias para aqui colocar. Uma com uma espátula para bolos que a minha filha me trouxe e que amei. Happiness is a piece of cake. Usámo-la com a tarte de framboesas que foi o bolo dos anos do menino mas, depois de a lavar, fiquei com medo que se partisse e gostei tanto dela e tanto que a minha filha se lembrasse de a trazer para mim que vou guardá-la aqui numa estante com portas de vidro. Mais um objecto precioso na minha vida.
Depois fotografei também um cavalinho e um animal da selva que saíram à cena e que foram dormir a sesta ao pé da senhora do gatinho. Não sei de onde saíram mas aqui em casa é sempre assim. Aparecem coisas vindas não se sabe de onde. Mas, assim como aparecem, também desaparecem.
Há bocado um dos meninos deu um pontapé com mais força e a bola roçou nas coisas de uma mesinha de apoio. O meu marido, arreliado, de imediato suspendou a partida. Passado um bocado, o menino apareceu com a cabeça de uma das figurinhas que está nessa mesa. Silêncio. E perguntou porque é que a cabeça da senhora estava ali. O meu marido devolveu a questão: 'Adivinha'. E ele: 'Não sei'. E eu a sentir-me quase um pouco aborrecida: 'Deve ter sido a bolada, bem te avisámos'. E então ele abriu uma caixinha e disse: 'Se fosse isso, como é que a cabeça ia parar dentro de uma caixa fechada?'. E abriu a caixinha e mostrou a cabeça. Desatei a rir. O meu marido não desatou a rir mas ficou calado, certamente a tentar conter-se. Agora uma coisa é certa: nunca tinha reparado que a senhora que ali está, estava de cabeça perdida.
Vou fotografar para vos mostrar.
Fiz agora duas fotografias para aqui colocar. Uma com uma espátula para bolos que a minha filha me trouxe e que amei. Happiness is a piece of cake. Usámo-la com a tarte de framboesas que foi o bolo dos anos do menino mas, depois de a lavar, fiquei com medo que se partisse e gostei tanto dela e tanto que a minha filha se lembrasse de a trazer para mim que vou guardá-la aqui numa estante com portas de vidro. Mais um objecto precioso na minha vida.
Depois fotografei também um cavalinho e um animal da selva que saíram à cena e que foram dormir a sesta ao pé da senhora do gatinho. Não sei de onde saíram mas aqui em casa é sempre assim. Aparecem coisas vindas não se sabe de onde. Mas, assim como aparecem, também desaparecem.
Há bocado um dos meninos deu um pontapé com mais força e a bola roçou nas coisas de uma mesinha de apoio. O meu marido, arreliado, de imediato suspendou a partida. Passado um bocado, o menino apareceu com a cabeça de uma das figurinhas que está nessa mesa. Silêncio. E perguntou porque é que a cabeça da senhora estava ali. O meu marido devolveu a questão: 'Adivinha'. E ele: 'Não sei'. E eu a sentir-me quase um pouco aborrecida: 'Deve ter sido a bolada, bem te avisámos'. E então ele abriu uma caixinha e disse: 'Se fosse isso, como é que a cabeça ia parar dentro de uma caixa fechada?'. E abriu a caixinha e mostrou a cabeça. Desatei a rir. O meu marido não desatou a rir mas ficou calado, certamente a tentar conter-se. Agora uma coisa é certa: nunca tinha reparado que a senhora que ali está, estava de cabeça perdida.
Vou fotografar para vos mostrar.
Que absurdo, credo. Afinal não é uma senhora, é um cavalheiro em fato de banho e touca também de banhista. Parece mentira como sou tão distraída. A cabeça dentro do pato que é uma caixinha, pato esse que, também misteriosamente, está com uma rosa ao pescoço. Não me perguntem quem foi que não faço ideia, nem da cabeça escondida nem da rosa em volta do pescoço do pato. Só sei que me dá vontade de rir.
Desejo-vos um belo sábado.
E do not forget: happiness is a piece of cake.
Veja bem o seu heaven era tão inóspito e agora até já lá se fazem bodas de casamentos blogosféricos...😁😁😁
ResponderEliminarOs seus cozinhados devem ser uma maravilha...
Um rico fim-de-semana na companhia da marotada.