Não me lembro se dormi no carro mas acho que em estado de completa consciência também não vim. Sei que depois de almoço me deu um daqueles sonos pesados. A casa, como sempre, está fria. Fechada durante a semana, guarda nas suas grossas paredes a frescura das pedras originais. Por isso, achei melhor estender-me lá fora. Abri a espreguiçadeira debaixo da figueira que, com as suas folhas nascentes, já faz sombra.
Abri... é como quem diz. Não sei porquê, esta espreguiçadeira que a minha filha nos deu tem para ali qualquer coisa que transforma o que deveria ser uma simples operação num complexo desafio. Abro de um lado, fecha-se do outro, puxo pela parte dos pés, fecha-se a parte do assento, tento a pega de cernelha e fecha-se toda, caída no chão. Não quis dar o braço a torcer pelo que não fui pedir ajuda mas, como sempre que tento levar a cabo a faena por mim, foi uma luta.
Qualquer coisa nesta base:
Sei é que, quando consegui, estendi-me e, pimbas, tiro e queda, adormeci de súbito e dormi profundamente.
Acordei hora e tal depois a sentir-me a assar. O sol tinha-se chegado à frente e a sombra recuado e eu estava à torreira do sol.
Puxei a espreguiçadeira para trás e, com essas manobras, acordei. Estive, então, a ler o livro do Jaime Bulhosa com os seus apontamentos, histórias de livros e memórias de quando era livreiro.
E a verdade é que, ao despertar, senti que estava melhor. Depois de ler, fui dar o meu passeio. Estava curiosa: estariam ainda lá os gatinhos?
Quando dei por mim, ia o gato cor-de-mel à minha frente. Em silêncio e à distância, segui-o. De vez em quando parava, olhava para trás como que a certificar-se de que eu ali continuava. Eu parava também. E ele prosseguia e eu, à distância, devagar, atrás dele.
Deu uma volta grande, uma volta por fora, pelas extremas, a mesma volta que dou quando faço a minha caminhada. Contudo, quando estava a aproximar-se da toca, desapareceu. E eu, quando me abeirei dela, constatei o expectável: nem sinal dos gatinhos.
Ainda andei a espreitar, na esperança de ver algum a fugir, mas apenas havia o cantar dos passarinhos e o silêncio. E a paz e o perfume tão bom que se respira aqui, in heaven.
Depois, andei a fotografar. As flores. Os frutos.
A abelha a preparar-se para fazer 'mel de rosmaninho' |
O primeiro abrunho -- um rouge que faria inveja à Dior e à Chanel |
A nêspera, a primeira do ano, antes de ser comida |
E depois voltei para casa porque o entardecer veio com fresco e voltei a sentir-me um bocado congestionada e, antes que a coisa retrocedesse, abriguei-me e agasalhei-me.
E agora já jantei e, para me provar que bem-bem ainda não estou, sinto-me, de novo, pedrada de sono, pedrada, pedrada. Não percebo se isto é das little ceterizinas, se é de outra coisa qualquer, mas a verdade é que, desde o meio da semana, parece que uma enorme onda de sono se abateu sobre mim. Já nem sei que faça. Hoje já não vou tomar nada. Aliás, tenho ideia que aquilo é para tomar só três dias. Se conseguisse tirar de mim esta coisa, este sono, este abatimento, e dar-lhe um bem-dado murro nas fuças, era bom. Seria um alívio.
Assim como este fez ao canguru. Coisa bem dada.
E, com isto, estou de novo naquela circunstância que me deixa incapaz de garantir que ainda consiga cá voltar hoje.
Olá, UJM!
ResponderEliminarMas, porque carga d'água há-de exigir de si coisas que o corpo não lhe pede?
Não queira ter a pretensão de ser uma super-mulher. Cuide-se e durma mais, durante as noites nos dias úteis. Verá que ao chegar o fim de semana se sentirá com mais energia.
Gostei dos vídeos. Se não se importar venho buscar o do canguru. Gostaria de o publicar lá no meu estaminé. Quando isso acontecer linkarei este seu bonito espaço, "in heaven". :)
Um abraço, UJM!
Fique bem e seja feliz!
Olá Janita,
ResponderEliminarAndei a dormir pelos cantos durantes uns dias porque tomei um anti-histamínico que me deixou KO. E escrevo aqui não por dever ou obrigação mas apenas por devoção. Gosto de escrever.
E vi que já publicou o vídeo do canguru e que os seus leitores apreciaram.
Dias felizes para si, Janita.