Há uns anos vi o filme e, claro, sendo eu devota de Richard Gere desde os tempos do saudoso Gigolo, até ao Breathless, passando pelo Oficial e Cavalheiro, gostei bastante. Tinha, além do mais, Jodie Foster como a mulher estranhamente iludida, tinha uma história muito interessante com fundo verídico e tinha paixão, drama e estranheza.
A propósito de embustes, ilusões e coisas não muito fáceis de explicar, andou Mr. X a contar, em fascículos, a história de Arnaud. Chamou-lhe a Rede e deixo o link para o epílogo. E eu, lendo-a, tive vontade de rever imagens de Sommersby, ainda com pena do exagero do desfecho. Naquela altura, a malta era de extremos e gostava deles. De cada vez que havia enforcamento era uma festa.
Sendo eu, por princípio e em regra, muito contrária a penas exageradas que retiram partes da vida a pessoas que talvez conseguissem regenerar-se se a pena fosse mais razoável, não posso deixar de sentir alguma inquietação por uma pessoa como a que a Conceição Lino reportou na reportagem da SIC -- pessoa essa que manipulou e condicionou a vida de várias outras -- continuar a exercer a sua profissão de professora do ensino básico. Perante uma situação destas, que mereceu uma condenação (light) em tribunal, não deveria aquela criatura ser sujeita a testes psicológicos para se verificar se tem a estabilidade emocional e a estrutura mental adequadas ao exercício da sua função? Afinal, um professor do ensino básico ajuda a estruturar a personalidade das crianças à sua guarda na escola e nem imagino que danos lhes poderá causar se tiver comportamentos desviantes, manipuladores, estranhos.
Mas, enfim, let's look at the trailer.
Sommersby com Richard Gere e Jodie Foster
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E queiram continuar a descer para as adivinhas, nomeadamente para a que ainda está em aberto: a do tomate roxo (que vem à mistura com a CGD, os enfermeiros, o PCP, a Elizabeth Holmes e etc).
Escreve Montaigne, nos Essays, a propósito do caso Guerre:
ResponderEliminar«Je vis en mon enfance, un procès que Corras Conseiller de Toulouse fit imprimer, d’un accident étrange ; de deux hommes, qui se présentaient l’un pour l’autre : il me souvient (et ne me souvient aussi d’autre chose) qu’il me sembla avoir rendu l’imposture de celui qu’il jugea coupable, si merveilleuse et excédant de si loin notre connaissance, et la sienne, qui était juge, que je trouvai beaucoup de hardiesse en l’arrêt qui l’avait condamné à être pendu. Recevons quelque forme d’arrêt qui dise : La Cour n’y entend rien ; Plus librement et ingénument, que ne firent les Aréopagites : lesquels se trouvant pressés d’une cause, qu’ils ne pouvaient développer, ordonnèrent que les parties en viendraient à cent ans. (III, 11, 1601)» Ou seja, para ele, o caso é de tal modo maravilhoso (palavra dele) que o ideal seria que o juiz tivesse seguido o conselho dos Areopagitas: suspender o julgamento por mais cem anos. Creio que pecou por defeito: quase quinhentos anos depois e ainda não sabemos o que pensar de tais casos.
Concordo consigo, em relação à professora. Só uma pessoa muito louca, maquiavélica, fazia uma coisa destas. Esta pessoa precisava de ser tratada por um bom psiquiatra.
ResponderEliminarÀs vezes não compreendo a Justiça.
Beijinhos e boa semana:))
Olá Mr. X,
ResponderEliminarContente por vê-lo por aqui.
E, sim, por vezes quinhentos anos não chegam para percebermos algumas coisas. Não são os próprios que, envolvidos nas situações, têm o discernimento ou a consciência plena para saberem ajuizar sobre o que lhes está a acontecer; não são os outros, que estão fora, que poderão abarcar a abrangência de motivos alheios.
Melhor, pois, é ter uma regra simples:
Causa dano ligeiro: tente-se evitar recaídas.
Causa danos sérios e há reincidência e intencionalidade no mal: puna-se mas, ao mesmo tempo, tente-se compreender.
Não causa dano a ninguém: então, deixe-se.
E que passem mais quinhentos até que, aqui, voltemos a interrogar-nos sobre histórias intrigantes. Certamente voltaremos a sorrir e pediremos mais quinhentos. E mais quinhentos anos nos serão concedidos.
Uma boa noite, Mr. X.
Olá Isabel,
ResponderEliminarJá viu? Consegue imaginar uma pessoa destas -- cuja personalidade se desdobra em vários personagens, que arquitecta situações, enredos, maldades à toa, que rouba fotografias para construir alibis e estratagemas -- a, no intervalo das suas tramóias a ensinar crianças pequenas...? Não é de susto...?
Só espero que alguém se lembre de a mandar tratar antes que cause danos psicológicos nos miúdos...
Uma boa semana, Senhora Professora.
Também acho! Esta mulher devia tratar-se!
ResponderEliminarBoa semana:))