terça-feira, fevereiro 05, 2019

Charlot forever


Nunca percebi como é que os médicos fazem bancos e, no dia seguinte, estão frescos. Dizem-me: na maior parte dos dias dá para uma soneca, ali pela madrugada a coisa amaina, a gente encosta-se, tá-se bem. Pois, não sei. Eu daqui a nada estou acordada vai para umas vinte e quatro horas e estou longe de estar fresca. Claro que já podia estar na caminha mas o corpo é bicho de hábitos. O meu, habituado que está a ir já a dormir para a cama, se vai mais cedo e ainda acordado, fica às voltas e a coisa resulta sempre mal.

Já contei que o dia foi longo, cheio de coisas sérias, na companhia de gente que consegue ser muito séria (embora às vezes eu consiga rir-me com eles), e com viagens longas e frios e canseiras. E amanhã vai ser outra vez longo -- embora não preveja maçadorias de maior e, inclusivamente, anteveja um final à maneira. 

Em tempos tinha colegas que me faziam rir imenso, outros que viviam tórridas paixões à vista desarmada de toda a gente e conversávamos sobre tudo e era uma equipa levada da breca, muito bem disposta, muito unida. Havia um substracto humano cheio de layers e texturas que davam uma graça especial aos dias. Não era preciso porem-nos com animadores para fazermos team building. Agora há muita seriedade, muita gente que se leva demasiado a sério. E a mim cansam-me muito as pessoas muito auto-centradas e que se acham a referência, o modelo perfeito, o padrão. 

Em dias de imersão no mundo dos homens de negócios, em que sou um deles, chego a esta hora e só me apetece rir. Não me falem em planeamentos, em ebitdas, em business plans ou em funfuns e gaitinhas senão chego ao fim do dia e ponho-me à procura do charlot ou de bean ou de outros pândegos. 

Não tendo, por ora, mais adivinhas ou trocadilhos e estando eu própria pelada de ideias peludas -- que é como quem diz, descabelada de ideias cabeludas (vide comentário no post abaixo) -- nada mais me resta senão pedir ao meu querido Charlie Chaplin que aqui venha fazer-me umas coceguinhas mentais para eu me desatar a rir.





Tenho que ensaiar estes passos para os usar em contexto profissional. 
Ia cá ser uma surpresinha para quem assim me visse.

2 comentários:

  1. Imagino a seca que apanha com tais pessoas, a UJM eventualmente desejosa de meter esse pessoal num virote, mas a ter de sincronizar na engrenagem e aturar os pavões.
    Adorei o Chaplin!

    Um abraço.

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  2. Olá Francisco,

    Na engrenagem, eu sou um deles. Talvez desalinhada, talvez sempre com vontade de abrir a janela e deixar entrar os pássaros.

    Mas não é fácil. E na engrenagem também nem tudo é chato. Mas é uma engrenagem, lá isso é.

    Abraço!

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