terça-feira, dezembro 04, 2018

Que presente de Natal para cada signo do Zodíaco?


Tem graça isto que acabei de ler na Vogue parisiense: o presente ideal para cada signo.
Isto dos signos é aquela coisa cuja defesa não abona a meu favor. Mas eu não defendo, só espreito. E sou racional: penso que há milhões de caranguejos, incluindo os que se comem (bem, dependendo da interpretação, todos se comem -- mas isso agora não vem ao caso) e nem todos hão-de ser iguais a mim pelo que não pode ser que estas coisas dos horóscopos batam certo para toda a gente. Mas o meu lado racional tem momentos. Ou seja, volta e meio questiono-me -- mas na volta e meia em sentido contrário estou-me nas tintas para raciocinar e acho graça a qualquer parvoíce. No outro dia, uma pessoa dizia-me: exponha o que tem a dizer sem emotividades, use apenas o seu lado racional. Isto porque eu estava destemperada, a disparatar por tudo o que era canto e esquina, sem poupar vivalma, disposta a pisar a pés juntos a linha mais vermelha de todas as linhas vermelhas. Ouvi aquilo e fiquei cheia de vontade de rir: então uma pessoa desbocar-se à cara podre é sinónimo de ser irracional? Emotivazinha? Adiante.
Bem. Dizem os oráculos que há que atender que os Caranguejos são assim:
Você adora ficar enroscado em casa, no seu interior reconfortante. Sua criatividade é inerente à sua personalidade e você não pode imaginar uma vida sem arte, cultura ou criatividade. Você precisa de se revigorar num local de aconchego com materiais envolventes.
E, assim sendo, são estes os presentes de sonho: uma aula de ioga, uma assinatura cultural, uma jóia de talismã que a proteja da agressão externa, um perfume que lembre a infância, uma vela, uma manta.
E isto tem graça porquê? Pois bem. Tenho paixão por mantinhas. Há sempre uma mantinha para um just in case. No outro dia quando a minha filha aqui esteve à noite com os meninos, pediram logo uma mantinha. Fui buscar uma ultra macia, quentinha. Adoraram. Há nos sofás, há perto da salamandra, há na cama. E, por onde passo, quando ando às compras, se vejo uma, logo vou passar a mão para sentir o toque. Se vou com o meu marido, puxa-me logo pelo braço: chega de mantas. Mas o ano passado viu-me tão encantada por uma ultra leve, ultra macia, de um veludo quase intangível em verde turquesa, que se deve ter sentido arrependido de não me deixar trazer e, então, voltou lá e surpreendeu-me completamente no natal. Quando abri o saco e vi aquela maravilha até me comovi. 

E velas. Agora parei por já não ter onde colocá-las. Tenho vários castiçais, várias velas, de vários tamanhos, de várias cores. E aqui ao meu lado tenha aquela grande de que gosto tanto e que foi presente do meu filho: 'Under a fig tree'. Nem a acendo para não a gastar. Gosto de fazer render aquilo de que gosto. (Será que isto significa que, na volta, tenho em mim, oculto mas bem vivo, o meu lado conservador?)

E perfumes. Aquela minha demanda por um que seja pura essência de violeta como aquele que, quando era miúda, ofereci à minha mãe? De vez em quando, entro numa perfumaria e, se vejo cara nova a atender, tento: 'tem algum perfume baseado na essência de violeta?'. Nunca têm. Mas não sou esquisita. À falta de melhor, qualquer Chanelito me serve. Este nº 5 em edição natalícia, o frasco perigosamente vermelho, é uma tentação escandalosa. O pior é o preço. E aí o meu lado racional fala mais alto. Mas a verdade é que este frasco que já de si é tão sobriamente elegante, agora em rouge, parece que chama por mim. Que querem? Tenho este meu lado feminino, coquette, fraca, sempre tentada a ceder às tentações.

Jóias que sirvam de talismã, todas. Aliás: jóias, todas, sirvam ou não de talismã. Não ando sem uns fiozinhos, sem um brilhante como piercing, sem colares, pulseiras, brincos. Discretos. Não forçosamente tudo ao mesmo tempo. Ou indiscretos. Jóias verdadeiras ou de meia dúzia de euros. Tudo serve. 

Ioga é sabido que ando com essa curiosidade. Não fosse aquilo de uma pessoa estar sossegada a fazer posições e já estaria mais convencida. Mas é coisa que vem trabalhando na minha cabecinha.

E assinatura cultural claro que sim. Mas enquanto andar nesta minha vida de escravatura não dá. Mas não vejo a hora. Ainda hoje, ao fazer a nossa caminhada, viémos a falar nisso. Bem. Não exactamente. Eu disse: 'Quando tiver o tempo por minha conta vou aprender a tocar piano'. Ele disse: 'Acho bem, era só mesmo isso que te faltava'. Gozão. Mas afinei a ideia: 'Melhor: violino. Mais fácil de ter em casa para praticar'. Ele disse: 'Isso. Devia ter graça'. Acrescentei: 'E tu também'. Disse uma brejeirice que não posso aqui transcrever. Não é dado a cenas artísticas, é escusado. E eu só para ouvir. Tocar nem pensar. Se fosse uma pessoa dada à erudição iria aprender grego (mas do clássico) e piano.  Haveriam de me ver depois, tal e qualzinha a Khatia Buniatishvili a tocar uma valsinha de Chopin.

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E queiram descer para espreitar um cheirinho do Calendário Pirelli 2019

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