Casos a arrastarem-se e arrastarem-se e arrastarem-se durante anos, incapacidade total para fixar e fazer cumprir prazos, sistemáticas fugas de informação e quebras do segredo de justiça, sistemas informáticos em que, pelos vistos, nem os responsáveis confiam, casos mediáticos em que o julgamento ocorre na praça pública ainda antes de haver acusação de facto -- estas, para mim, são algumas das características dominantes da era Joana Marques Vidal.
O meu ponto de vista é o de uma vulgar cidadã e, não obstante ter orientações naturais,
(ex: sou heterossexual, sou agnóstica, sou a favor da liberdade, da democracia, da igualdade de oportunidades, sou humanista, sou contra a exploração do homem pelo homem -- e, daqui por algum tempo, acrescentarei que também sou contra a exploração do homem pelos robots ou pela algoritmia decorrente da inteligência artificial -- etc.),
tento ser objectiva e imparcial na formulação das minhas opiniões. Por isso, não é porque o Marques Mendes, as Direitas-Unidas e sei lá quem mais defende que a Santa Mana Joana é a única alma à superfície da terra que pode desempenhar o cargo com competência que eu estou aqui a dizer que se vão catar.
Digo-o porque, do que conheço, o que há é uma mão cheia de argumentos para lhe dizer que adeusinho, bye-bye, que vá mas é fazer aquilo para que tem jeito. E se não souber o que é -- eu também não sei pelo que aqui não poderei deixar a dica -- pois que vá fazer testes psico-técnicos. Mas, se lhe der aquilo que é óbvio, que tem jeito é para o marketing auto-promocional, esqueça. Para esse peditório o país já deu. Já está santificada em vida sem nunca ter feito qualquer milagre. Que quer mais? Pense noutra, nessa não. Ou, se já não estiver para ir em busca do seu verdadeiro eu, pois que veja se o Costa muda a cena da idade da reforma e do diabo do factor da sustentabilidade e vá mas é curtir a vidinha.
Em alternativa à Sta Mana, há quem se lembre da Maria José Morgado. Outro susto. Falando sempre num registo encriptado, lançando insinuações contra incertos, como se tivesse muita sujeira escondida na manga e, a todo o momento, pudesse pôr a boca no trombone, dali nunca se ouviu nad que se pudesse aproveitar. Aridez total. Quem a oiça dirá que Portugal é um antro de corrupção, de sacanagem e de total ladroagem e que nada há a fazer pois, em cima disto, existe um polvo de interesses políticos, futebolísticos e, quiçá, religiosos, um gigantesco e sinistro polvo que tudo abafa, que tudo compra. E soluçoes para isto, ó Senhora Dona Magistrada? - dá vontade de lhe perguntar. Mas, se alguém lhe perguntar isto, ela certamente fará um daqueles seus sorrisos que insinuam secretas podridões e dará a entender que não valerá a pena sequer tentar. E, no meio daquelas afirmações redondas mas sempre atiradas com uma assertividade extraordinária, parece perceber-se-lhe a insinuação de que o que é preciso é uma justiça musculada, atalhar a eito, passar por cima dos direitos e liberdades individuais. E, inevitavelmente, somos levados a desconfiar de que naquele peito ginasticado pulsa um coração que, mesmo que de forma não confessa, é ainda um fiel devoto da pura e dura linha mrpp.
Por isso, por favor: a Maria José Morgado também não.
Mas não há crise, o povo é sereno: sendo Portugal um país de mentes brilhantes, algum magistrado capaz haverá de haver que consiga exercer a função de Procurador-Geral com denodo e competência, voltanto a devolver a confiança aos portugueses. Tenhamos fé.
Pertenço à magistratura do Ministério Público e concordo com tudo o que diz.
ResponderEliminarA perspectiva de quem está no meio é ainda mais pessimista; a gestão de quadros é dantesca, os dirigentes intermédios escolhidos pelas senhoras são do pior que tem a magistratura, gente sem qualidades técnicas e humanas e completamente incapazes. Fui, eu e outros, alvo de pressões para organizar circos completamente despropositados e sem qualquer fundamento técnico. Perdoe-se-me o português; é tarde e o cansaço é grande. Aguarda-de que, por uma vez, o poder político tenha a coragem de não reconduzir uma PGR que está a levar a cabo uma campanha sem precedentes com vista à sua recondução.
Por razões óbvias, não me identifico.
Z
Parece haver muitos inocentes que ainda acreditam que neste momento quem dita o que se deve ou não fazer na magistratura e na República é uma agremiação sem rosto e internacional que escolhe quem e como deve ser conduzida a política internacional em proveito de uns poucos.
ResponderEliminarConcordo e percebo o seu anonimato.
ResponderEliminarConcordando a 200%.
ResponderEliminarÉ isso mesmo. A Santa tem o problema de só ver de um olho, e a MJM aparenta ser mais uma defensora de um corporativismo profissional excessivo, mesmo para um dos grupos que na sociedade portuguesa é sinónimo de corporação e no que mais de pejorativo o conceito abrange.(ex: não há nada a fazer pelo segredo de justiça, pois nunca vem de dentro mas sim dos advogados para manipular os processos. Parece que acredita que somos todos tontinhos e qualquer argumentação serve para quem é, o que a torna potencialmente perigosa) A república dos juízes que na Itália teve os resultados que vemos e no Brasil o que nem imaginávamos ser humanamente possível. Há cerca de 10 anos era com confiança e esperança que a escutava, hoje é exactamente como descreve. Só posso lamentar.
ResponderEliminarmm