sábado, setembro 15, 2018

António Lobo Antunes, a Pléiade e, finalmente, um Nobel*


Tal como os antigos comentadores biblícos, Borges e Scholem debateram a questão fundamental: 
A que sucesso pode aspirar um artista? 
Como pode um escritor alcançar o seu propósito, quando tudo o que tem à disposição é a ferramenta imperfeita da linguagem? 
E, acima de tudo, o que é criado quando um artista parte para a criação? 
Será que surge um mundo novo e proibido, ou será que um espelho negro deste mundo é erguido para nos vermos reflectidos nele? 
Será uma obra de arte uma realidade duradoura ou uma mentira imperfeita?

in "Embalando a minha biblioteca", Alberto Manguel

[O excerto acima vem mais ou menos a despropósito da mais recente parvoíce de António Lobos Antunes: 
Para Lobo Antunes esta publicação numa coleção tão especial, desde a encadernação ao papel bíblia, tem um valor comparável ao prémio da Academia Sueca: "Estar na Pléiade é como receber um Nobel." Acrescenta: "É uma biblioteca onde se encontram vários Nobel da Literatura."
António Lobo Antunes garante que este era o seu sonho de adolescente "porque é o maior reconhecimento que algum escritor pode ter". ]

* Um Nobel à medida dele, claro. Só me pergunto: teria ele necessidade de dizer estas parvoíces? Ficar contente e orgulhoso é normal -- mas não consegue sentir o reconhecimento sem se sair com a parvoíce do Nobel? Que raio de ego ele tem, senhores.

2 comentários:

  1. Olá Isabel,

    Eu, por acaso, tirando os primeiros romances e os livros de crónicas, não me entendo bem com estes romances dele em que ele choca, choca e parece-me que dali não nasce nenhum pinto. É um anda para a frente, anda para trás, uma coisa circular que me atazana um bocado, muita prosa jogada fora para pouco resultado. Acho eu.

    Mas acredito que deve ser impaciência minha. Se calhar, se fosse resistente, resiliente e todas essas coisas talvez chegasse a descortinar o génio que se esconde nestes últimos livros.

    Mas, seja como for, que despropósito o dele o de andar sempre a desdenhar o Nobel, mostrando que o facto de ainda o não ter recebido lhe está ali a entupir os gasganetes.

    Abraço, Isabel.

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