domingo, agosto 19, 2018

A tarde de sábado foi assim


Assim:



Com a diferença que, na maior parte do tempo, não estive deitada mas, sim, sentada. E com a diferença que não pareço irmã da minha filha.

E com a diferença que da cor daquelas duas formosas veraneantes está a minha filha e não eu. Nem nunca estarei. Nem nunca estive. Os morenos apanham um ar de sol e ficam com uma cor de dar gosto. Ela, tal como o pai e como o filho mais velho, têm uma pele fantástica, num tom mesmo bonito. O meu marido, então, ainda mais acentuado: apanha um raio de sol e vira marroquino (e eu tenho esta particularidade: gosto de homens tisnados). Eu ou fico vermelha ou mantenho-me branca. Na melhor das hipóteses, no fim do verão, adquiro uma leve tonalidade de pêssego. Mas está tudo certo. Já interiorizei esta minha deficiência. Já lá vai o tempo em que me sentia frustrada quando, regressada ao trabalho e achando-me detentora de um belo tom de bronze, toda a gente olhava para mim e, com pena, perguntava: 'Então...? Este ano não foi à praia..?.'. Agora, olhem, já aceitei: sou copinho de leite por dentro e por fora e nada a fazer.


E, em relação às duas beldades, também com a diferença que começo a assimilar que nunca mais terei o corpo que tinha há uns anos, e nem vale a pena ter uma alimentação moderada. É de mim, é da genética. E é da idade. E haja saúde.

E com a diferença que quer eu quer ela estivemos a ler. Ela mais que eu. Eu estive a fotografar, a conversar, a olhar para o ar. Ela esteve a acabar o Livro da Emma Reyes. Eu comecei o último do Pedro Juan mas achei que quando os tenho por perto prefiro dedicar-lhes toda a atenção. O Pedro Juan pode esperar. Amanhã logo me ocupo dele. Cubano danado. Ainda não perdeu a mão. Nas primeiras páginas comecei a arreliar-me. Frases muito curtas. Cortes despropositados. Não aprecio quando a lógica do corte não me parece elegante. Na escrita como na vida em geral a elegância é fundamental. Mas depois, com o caminhar da escrita, aquela carnalidade bruta do Pedro Juan voltou a impor-se. Não é coisa que se leia com o pessoalzinho à volta.


E já há figos. Já levaram para casa e eu já me alambei com alguns. Agora é que vou voltar a engordar de verdade. Os figos são bicho calórico. Pior: são bicho tentador, carne suculenta, mel rosado. O meu marido põe-se a olhar para mim e diz: 'Estás mais bonita'. Gosta de me ver com os quilos que eu acho que estão a mais. Naturalmente, fico balançada: ou agrado a ele ou agrado a mim. O pior é que, para agradar a ele, na verdade, também agrado a mim pois comer bem é, para mim, um dos prazeres da vida.


A casa cheira a orégãos. Os meninos fotografaram a mesa onde, ali na sala de jantar, os pus a secar. Um cheiro bom a campo. E os figos também cheiram bem. No outro dia tive que ir à farmácia a ver se comprava uma coisa para o meu pai. Enquanto esperava a vez pus-me a cirandar. Perfumes, cremes, loções corporais. Tentam-me. É aquele meu lado etrusco -- mas agora não vem ao caso pelo que não vou desenvolver. Uma loção cheirava a figos. Havia um tester: pus um bocado no braço. Cheiro bom. Mas vai que há mais quem, como eu, não resista a figos. Um risco. Não trouxe. Não quero chegar a casa já meio comida. Já basta o que basta.

E mais?

Assim de repente não estou a ver. Só se for que estava descalça, dei uma topada numa pedra. Agora tenho um dedo do pé super dorido e, acabei de constatar neste preciso instante, inchado e ensanguentado. E, note-se, já tomei banho pelo meio. Portanto, só pode ser grave. Ou seja, estou imprópria para dançar em pontas.



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PS: É certo que há aquilo do nome do agremiação do Flopes afinal não ser o Partido do Sexo e do Love mas sim Caves Aliança. Não tem graça, muito déjà-vu. Não comento. Só comento coisas que se aproveitam, não desinspirações, indigências. Sou caridosa.

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Até já.

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