Há pouco, à revelia do meu marido, quando o apanhei pelas costas, espreitei a conferência de imprensa de Bruno de Carvalho, talvez a sua última. Um louco a desafiar o destino. Não percebeu que o seu tempo acabou e que ele próprio se encarregou de esvaziar o reservatórios de últimas oportunidades. Ao seu lado, um zombie com ar de pobre coitado que não tem onde cair morto e, do outro, o comentador que antes pensei que fosse um homem com bom senso e que agora deu em porta-voz do maluco. Ambos mudos e quedos enquanto o doido ia perorando naquela sua voz alucinada que não prenuncia nada de bom. Tenho ideia que apenas a SIC estava a transmitir aquela demonstração de loucura.
E eu, tal como no início disto, o que me ocorre é que, a arrastar-se este carnaval, não faltará muito para que os funcionários daquela empresa deixem de receber ordenados (incluindo os desportistas que vivem do que recebem do clube) ou para que os compromissos junto dos fornecedores deixem de ser honrados.
Os nossos jornalistas, que são capazes de estar, durante horas, a transmitir estes longos monólogos do doido varrido, parecem incapazes de ver dois palmos à frente do nariz e dá ideia que não percebem o descalabro que pode estar prestes a acontecer.
Com um rombo nos activos, com a credibilidade nula, imagino que os bancos não vão poder acudir. A emissão de obrigações foi abortada e, do que se sabe, a tesouraria estará no vermelho. Portanto, imagino o desequilíbrio que já aí estará à espreita e sem se perceber que a mão que o poderá travar.
Por curiosidade cá minha, gostava de saber qual o volume fixo de despesa que o Sporting tem todos os meses (entre pagamentos de salários, encargos sociais, impostos, contratos de manutençao ou outras prestações de serviços indispensáveis) e de ver uma demonstração da origem dos fundos para fazer face a esses compromissos. Gostava.
Em vez da coboiada que a comunicação social gosta de explorar e das tricas e retricas que são exploradas até à náusea, não seria interessante perceber quantos postos de trabalho podem estar em causa, quantas instalações podem ter que ser fechadas, etc?
E nem estou a entrar em linha de conta com a outra bomba cujo rastilho pode estar a arder devagarinho: aquilo da corrupção, aquilo dos milhares em dinheiro no gabinete do adjunto do ex-Presidente do Sporting, essas coisas nefastas que, a provarem-se, podem ter implicações que ainda mais rapidamente poderão empurrar o Sporting ribanceira abaixo. Porque, se isso entrar na equação, o buraco pode muito bem ser ainda mais tenebroso.
Digo eu. Ou melhor: temo eu. Mas, admito, posso estar a ser, simplesmente, pessimista.
Digo eu. Ou melhor: temo eu. Mas, admito, posso estar a ser, simplesmente, pessimista.
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Para este post não ser um mero enunciado de uma preocupação que talvez seja infundada, juntei-lhe uns pós de Rothko (por acaso, da fase sombria) e nem sei porquê o Portugal do O'Neill, aquele tal que
se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
As contas do Sporting só não estão no vermelho porque entretanto o Bruno mandou-as pintar de verde.
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