quinta-feira, junho 28, 2018

Digam-me que estou a ver bem...





Por mais estranho que possa parecer, houve um tempo em que não havia internet. Nem televisões privadas ou por cabo. E, até a um dado momento, o pouco que havia era a preto e branco. Uma coisa cinzenta, meio triste.

Não sei como, mas conseguíamos viver e, até, mantermo-nos razoavelemente informados.

Claro que muitos dos meus Leitores não puseram o pé nesses tempos longínguos, tempos verdadeiramente vcc (velhos como o cara...ças) pelo que isto pode parecer uma realidade paralela, quase ficcional.

Mas aconteceu. Estive lá. Posso testemunhar.


Nesses anos em que sobrevivíamos nas faldas de um monte que ainda desconhecíamos e que, anos e anos decorridos, ainda estamos a começar a subir, eu assinava revistas. National Geographic, por exemplo. Ou a Photo, o magazine francês de fotografia. Tenho, in heaven, uma estante cheia de Photo's. Adorávamos aquela revista. Conhecíamos os grandes fotógrafos, outros mundos. Sempre gostei de espreitar as janelas que se abrem para o mundo e se, a dada altura, o pude fazer através do windows, até lá o mundo chegava-me por correio, em papel. Ou tínhamos que ir lá: para o vermos, tínhamos que nos deslocar pelo mundo.


Na Photo eu gostava não apenas dos editais, das obras de arte de muitos fotógrafos mas, também, das reportagens. Algumas, sempre fantásticas, respeitavam aos metros. Gente curiosa que viajava nos metropolitanos de todo o mundo. Dava ideia que os seres bizarros procuravam os labirintos subterrâneos por onde passavam, fechados em carruagens que mais me pareciam redomas de lata, muitas vezes quase apinhados: drogados, travestis, rufias, starlettes, mães e seus filhotes, dondocas com cãezinhos de estimação, artistas rebeldes, velhos para quem já ninguém olhava.

As revistas ainda lá estão mas tudo aquilo deixou de ser novidade e as imagens à velocidade da movimentação dos dedos sobre um teclado chegam-nos a todo o instante.


Em mais um dia esgotante, deixo-me ficar por aqui a descansar a mente e a vaguear pela rede, essa gigante teia que a todos toca e prende. E a net trouxe-me uma colecção de extraordinárias fotografias captadas nos metropolitanos do mundo dito civilizado que o Bored Panda compilou e que me fizeram recuar até a esses tempos longínquos em que eu, uma dinossaura sobrevivente ou a uma descendente em linha primeiro grau da Lucy, cheguei a viver. Hoje, olhando em retrospectiva, penso que, se calhar -- e permitam-me a falta de originalidade da expressão -- vivi-os para contá-los. 
Um passageiro pavão que não faz espécie a ninguém


Um bebé-boneco-macaco talvez menos estranho do que o dono


A alimentar uma galinha cor-de-rosa num carrinho de bebés, tudo em pink


Uma pantera negra a caminho do baile


Um cãozinho a fazer upa-la-la num cavalinho

Jesus, em pessoa, a ler no metro

Um maluco a cavalo num extintor em funcionamento
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E fico-me por aqui mas no Bored Panda há muitas mais.

A quem gosta de perceber quem tem pela frente ou quem se esconde atrás de uns gatafunhos, permito-me convidar a descer até ao post seguinte onde opino, ao de leve, sobre algumas assinaturas.

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4 comentários:

  1. Ao ver a foto da galinha cor de rosa vem-me à memória um dia, já havia internet mas poucos tinham acesso, entro na pastelaria Benard e vejo uma senhora a segurar um pequeno cesto onde repousava uma galinha muito lustrosa enquanto bebia café, parecia uma galinha de loiça, mas não , era verdadeira. Apareceu umas semanas depois na televisão, preferia galinhas a gatos.

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  2. Olá João,

    Essa é deliciosa. Pena na altura ainda não andar munido de máquina fotográfica, não? Gostava de ver. O mundo é cheio de coisas malucas, não é?

    Estive a ver o seu blog e os sítios por onda de veraneio. Belos lugares, belas fotos!

    Abraço.

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  3. Delicioso!
    Francamente: gostei!
    Bom fim de semana.

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  4. Olá Maria Silva

    Muito obrigada!

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