Há gente que é feliz sem o saber. Por exemplo, quem não tem que andar diariamente enfiado num carro em longas filas de trânsito é feliz, mesmo que não o reconheça. Em dias chuvosos, com carros aos montinhos por todo o lado, todos enfeixados, então é do além. Quem não conheça a experiência de ver o trânsito parado e não saber a que horas vai conseguir chegar a qualquer lado, não sabe do que está livre. Ou quem não tem que estar sentado longas horas em reuniões que se resolviam em meia hora, também não tem noção do patamar de felicidade em que, automaticamente, se encontra posicionado.
Se eu fizer uma conta simples -- quantas horas diárias em trânsito ou reuniões demoradas demais e multiplicar pelo número de dias úteis que já vivi -- constatarei o desperdício absurdo que tem sido parte da minha vida. A minha sorte é que me poupo: era o fazias contas dessas. Faz de conta que aritmética é coisa que não me assiste.
Mas, enfim, gente como eu é o que mais há. Não sou nenhuma coitadinha que se ache única. Quel quê. Resmas, paletes. Consta que até Deus.
Transcrevo:
Deus criou o mundo. E então veio o RH e pediu o plano de negócios, uma cópia autenticada dos contratos e o relatório de fluxo de caixa até o sétimo dia.