Não é só que estes meus dias estejam complicados. É capaz de ser também a falta de descanso. Frequentemente sinto que a impaciência me toma. Esforço-me por chegar ao fim do dia sem que se perceba que estou em esforço. E a cidade está com mais trânsito do que habitualmente, o que também não ajuda nada. Está tudo cheio. Tento encaixar tudo dentro de tudo mas não é fácil. Ao fim do dia ainda quis ir à fisioterapia. Um trânsito danado. Cheguei tarde. Intrigada por a fisioterapia não estar a resultar como esperado, a terapeuta resolveu trocar a componente do frio pelo quente. Calor nas cervicais até aos ombros. Maravilha. Pelo menos, enquanto ali estive com o calor soube-me mesmo bem. Depois mais trânsito. E mais coisas que fazer cá em casa. Passa da meia-noite e só agora consegui aqui chegar.
Esta quarta-feira espera-me um dia também cheio de cenas e vai ser até à noite. Não está fácil.
Gostava de ter tempo para responder aos mails e às sms que começam a chegar. Mas não tenho conseguido. Alguns são mails profissionais mas há outros que são de leitores. Tenho-os lido a todos mas ainda não é hoje que vou conseguir responder. Não levem a mal, por favor.
Por tudo, sinto que ando sem capacidade para acomodar mais contratempos ou situações emocionalmente mais puxadas. No entanto, não se pode controlar o que nos é exterior.
Hoje, por exemplo, uma situação que me deixou numa inquietação. Ainda estou. Até pensei: hoje não vou escrever nada no blog, não quero falar no que se passou e não consigo falar de outra coisa.
Mas, tendo ligado o computador, resolvi escrever.
Tenho que confessar que cada vez mais me custa assistir a situações que antevejo complicadas e relativamente às quais penso que as pessoas envolvidas precisam de uma mão mas em que me sinto impotente para fazer o que quer que seja. Não trabalhasse eu para um empresa mas sim para uma instituição de apoio social, proporcionar-lhes-ia o suporte que sinto que precisam. Mas trabalho numa empresa e não faz sentido necessitar de uma pessoa para uma função e admitir uma pessoa notoriamente incapaz.
Acabou a conversa, agradeci, despedimo-nos. E os três concluímos que nem pensar mas os três estávamos um pouco comovidos e eu disse que tinha era pena de não poder encaminhá-lo para algum lugar onde ele pudesse ser ajudado. Deveria fazer testes vocacionais ou coisa do género, deveria receber formação consentânea, depois deveria ser encaminhado para um trabalho onde fosse acolhido apesar de já não ser especialmente novo face ao grau de experiência que teria nessa altura. Assim, por aí vai continuar a enviar CVs a eito, nem sabendo já qual a empresa que o chamou, tantos os CVs que tem enviado.
Desde que me despedi dele que tenho estado com este sentimento de amargura. Custa-me deixá-lo ao deus dará mas não tenho mesmo qualquer hipótese de admiti-lo. Só que o seu corpo frágil, o seu rosto infeliz, a sua voz humilde, as suas mãos finas, brancas e magras não me saem da cabeça.
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Fotografias feitas no sábado
O vídeo mostra um sem abrigo vive numa cadeira de rodas que, em Leeds, na véspera de Ano Novo do ano passado, se aproximou de um músico de rua e lhe pediu para cantar e o resultado é a maravilha que puderam ouvir.
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