Sobre a nomeação de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo e a propósito de certas reacções, podia limitar-me a dizer:
Mas vou dizer algo mais.
Com vossa licença, claro está.
Com vossa licença, claro está.
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Quando, há un meses, Schäuble elogiou Mário Centeno fartei-me aqui de rir. Escrevi então O elogio, pela boca de Schäuble, de que Centeno é o Cristiano Ronaldo do Eurofin é a pimenta que faltava no cu de Passos Coelho.
Contudo, no dia seguinte, ao ler a opinião de gente sábia -- desde embaixadores a comentadores com pedigree, passando pela fina flor dos PàFs -- fiquei a achar-me uma eterna ingénua encartada.



Pensei: que reacção mais naïf a tua, oh UJM, sua santinha desmiolada. Fosses tu mais esperta e terias percebido também que o Schäuble estava a gozar. Para a próxima, benze-te três vezes antes de acreditares no pai natal.
Entretanto, o tempo foi passando.
- E depois de uma irrisória cruzada pàfienta, em que os direitolas-unidos tentaram derrubar o pobre Centeno com base em inocentes sms, sms essas que o próprio rei do big reality show se sentiu no direito de inspeccionar,
- depois do Láparo ir às lágrimas com as intervenções parlamentares do dito ministro-alvo-a-abater,
- depois da estonteante Teodora ter botado várias das suas prescientes faladuras ao alertar para os potenciais perigos das contas risonhas do ministro-risonho,
- depois da pinókia albuquerca ter demonstrado a sua veia de vendedora de banha da cobra dizendo, com ar doutoral, banalidades de pernas para o ar
- e da Cristas da coxa grossa ter expelido mais uns quantos dejectos em forma de sound bites,

a comunicação social começou a dar, finalmente, algumas tréguas a Centeno. Na verdade, não sabiam por onde pegar.
A dívida a dar sinais de querer baixar, o défice baixinho, baixinho como jamais se esperaria (ler jamé, se faz favor), o desemprego a baixar estupidamente, a confiança a subir... e cada vez menos por onde pegar.
E, na Europa, a possibilidade de Centeno ir para a frente do Eurogrupo ia ganhando terreno.
Mas Portugal não é amigo dos seus. Está na massa do sangue dos portugueses. Não sei se é dor de cotovelo, se é fatalismo. Seja por que for, a verdade é que logo, logo, saltaram as velhas do Restelo.


Até o omnipresente rei do big reality belém show veio a terreiro dizer que, se a eleição acontecesse mesmo, não se esquecesse o ministro Centeno de fazer o trabalhinho de casa nem de quem é que lhe paga o ordenadinho e coiso e tal -- e que não viesse alguém dizer que ele, a omnipresente Voz, não tinha alertado.
E os das so called esquerdas-unidas também saltaram a pés juntos -- que não fosse o zé povo acreditar que ir o Centeno para a frente do Eurogrupo ia ser boa coisa, que não ia, que aquilo lá quer-se é nas mãos dos mais estafermos de entre os estafermos para haver quem corporize o mal dos males e eles, os das esquerdas-unidas, terem a quem apontar o dedo.
E os mais catastrofistas, de cabeça perdida, já falavam como se ele, Centeno-o-risonho, caso fosse eleito, se preparasse para largar o ministério das finanças português, não passando, pois, do novo durão, a alforreca nº 2.
Mas, enfim, o caminho faz-se caminhando e o impensável aconteceu.
Claro que, colateralmente, foi-nos dado observar o costume: o pequeno Cambalhotas fez mais um flic-flac à rectaguarda, os comentadores avençados afinal sempre acreditaram e sempre souberam que sim e já todos conhecem a história de trás para a frente. Os avençados têm que continuar a ganhar o deles. Fazer o quê?
Mário Centeno foi eleito e vai ser o próximo presidente do Eurogrupo. E eu, a simplória de sempre, apenas posso dar-lhe os meus parabéns, desejar-lhe boa sorte e esperar que aguente as pressões e os trabalhos acrescidos e que se aguente igual ao que é, simples, lúcido, equilibrado. E fiel ao seu ideário. Será bom para a Europa e, claro, também para Portugal. Não tenho reservas. Ter Mário Centeno à frente do Eurogrupo é melhor que ter o Dijsselbloem ou qualquer outro da mesma linha. Centeno, ao longo da sua vida profissional tem sabido provar -- e é isso que espero que continue a acontecer.
Enquanto isso, Costa soma e segue. Inteligente e determinado como poucos, pode faltar-lhe alguma queda para os perdoa-me e para os beijinhos, abracinhos e selfies mas parece decidido a continuar a mostrar à Europa que há uma alternativa à austeridade-custe-o-que-custar. E isso é bom.
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Portanto, quase a terminar, aos incrédulos, aos cépticos, aos catastrofistas, aos velhos do restelo e a tuti quanti só tenho a dizer:
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E aos Pàfs, ex-PàFs e candidatos a PàFs que acham que a eleição de Mário Centeno para o Eurogrupo se deve também ao lindo trabalhinho que Passos Coelho, o ex-irrevogável Portas, a Pinókia, a Cristas da Coxa Grossa e restante trupe fizeram antes, o que tenho a dizer é que só me fazem a lembrar a expedição de cabeleireiras ao Everest. É ver.
Monty Python e a expedição de cabeleireiras ao Everest
Muito boas, as meninas pafinhas...
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E um dia muito feliz a todos quantos por aqui passam.
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