É verdade: volta e meia qualquer coisa em mim parece querer voar de mim. Não sei que parte nem sei situar a razão que o motiva. Nem sei se isso é visível por quem me vê. E, sim, de vez em quando sinto como se uma luz imensa nascesse de dentro de mim e, confesso, revejo-me nela e sinto que nela me reinvento, como que levada nas asas de uma vontade quase desmesurada que nem saberia exprimir em palavras.
Posso, num momento, estar decidida, enfrentando ventos e marés, capaz de derrubar quem me faça frente ou capaz de arrastar quem não consegue mexer-se e, instantes depois, nem sei porquê, sentir um frémito, um secreto impulso, uma vontade de sair por aí a procurar sonhos, a deixar-me cativar por vislumbres de mundos novos, a desligar-me do que não me acende para me aventurar pelo atraente desconhecido. Nem sempre vou para onde a luz me atrai mas só o facto de viver estas sensações me faz sentir renascida.
Não sei explicar de outra forma mas também penso que não vale a pena explicar pois as coisas são como são e as pessoas também. E não nos conhecemos melhor quando nos conhecemos pois todo o conhecimento de si é ilusório e é preferível o desconhecimento assumido a um conhecimento mal percebido. Prefiro, pois, desconhecer-me para, de vez em quando, me surpreender ou, sempre, me assombrar com a vastidão do que gostava de conhecer.
A minha vida desdobra-se e eu desdobro-me dentro de cada vida. Não estou a ficcionar, acreditem ou não. Dentro de cada meu dia cabem-me vários mundos. Curiosamente são mundos disjuntos. Não por minha deliberada vontade mas porque assim acontece e porque talvez eu não o contrarie ou nem saiba como contrariar. Habituo-me bem a cada nova circunstância. A novidade para mim não é estranheza, é confortável abrigo e tentador trampolim.
Não sei explicar de outra forma mas também penso que não vale a pena explicar pois as coisas são como são e as pessoas também. E não nos conhecemos melhor quando nos conhecemos pois todo o conhecimento de si é ilusório e é preferível o desconhecimento assumido a um conhecimento mal percebido. Prefiro, pois, desconhecer-me para, de vez em quando, me surpreender ou, sempre, me assombrar com a vastidão do que gostava de conhecer.
A minha vida desdobra-se e eu desdobro-me dentro de cada vida. Não estou a ficcionar, acreditem ou não. Dentro de cada meu dia cabem-me vários mundos. Curiosamente são mundos disjuntos. Não por minha deliberada vontade mas porque assim acontece e porque talvez eu não o contrarie ou nem saiba como contrariar. Habituo-me bem a cada nova circunstância. A novidade para mim não é estranheza, é confortável abrigo e tentador trampolim.
Ouvi no outro dia que este é um tempo de excesso e cansaço, que não deixamos tempo a sermos apenas nós. E é verdade. Mas eu sou eu em cada momento mesmo se no instante contíguo me entrego a uma actividade antagónica em relação à anterior. Completo-me com as minhas diferenças. Vou somando vidas. E, no entanto, não consigo falar do passado e dizer 'no meu tempo' porque, genuinamente, sinto que este é o meu tempo e porque, de facto, a minha apetência vai para o tempo que ainda está por vir.
Não olho para trás e não penso que queria ter feito o que não fiz porque sempre fiz o que queria e sempre deixei espaço para fazer ainda mais, o que aparecia à espreita, sem aviso.
E não me sinto mais conhecedora do que os que ainda pouco viveram. E não estou a dizê-lo por dizer. Não. Aprendo com os mais novos, ouço-os atentamente e deixo influenciar-me por eles (quando têm qualquer coisa na cabeça, claro) e, por mais espantoso que possa parecer, sinto-me tão receptiva a tudo quanto os que têm a vida inteira pela frente e isso porque, na verdade, sinto que tenho a vida inteira pela frente. Dure o que durar, a vida que tenho para viver é a que conta e dela farei sempre o meu melhor, como se todos os dias estivesse a iniciar um percurso novo -- porque o que está por viver é mesmo um caminho ainda não percorrido, um caminho novo, uma vida nova.
Não olho para trás e não penso que queria ter feito o que não fiz porque sempre fiz o que queria e sempre deixei espaço para fazer ainda mais, o que aparecia à espreita, sem aviso.
E não me sinto mais conhecedora do que os que ainda pouco viveram. E não estou a dizê-lo por dizer. Não. Aprendo com os mais novos, ouço-os atentamente e deixo influenciar-me por eles (quando têm qualquer coisa na cabeça, claro) e, por mais espantoso que possa parecer, sinto-me tão receptiva a tudo quanto os que têm a vida inteira pela frente e isso porque, na verdade, sinto que tenho a vida inteira pela frente. Dure o que durar, a vida que tenho para viver é a que conta e dela farei sempre o meu melhor, como se todos os dias estivesse a iniciar um percurso novo -- porque o que está por viver é mesmo um caminho ainda não percorrido, um caminho novo, uma vida nova.
E isto deveria vir a propósito de qualquer coisa que tinha em mente mas, pelo meio, uma qualquer driving force retirou-me da rota e deixou-me para aqui a falar sozinha. Não faz mal. Também é bom a gente deixar-se ficar assim, a modos que lost in translation, flanando sem destino.
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* O título deste post foi inspirado no título do livro 'Canções de Inocência e Experiência' de William Blake
Fotografias publicadas no The Guardian
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[Sobre o cabelinho pintarolas do ilustre Puidgmont e sobre o pataludo shopinha de masha Rajoy-troloró falo no post abaixo]
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* O título deste post foi inspirado no título do livro 'Canções de Inocência e Experiência' de William Blake
Fotografias publicadas no The Guardian
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[Sobre o cabelinho pintarolas do ilustre Puidgmont e sobre o pataludo shopinha de masha Rajoy-troloró falo no post abaixo]
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