de Ronald Wittek (no The Guardian) |
Dois leõzinhos fizeram anos. Estão crescidos e felizes. Tão bons os abracinhos e beijinhos, tão bom ver a alegria deles.
E, portanto, mais uma festa de anos. Passa da meia noite e daqui a nada começo o dia com uma reunião e o dia que me espera não vai ser um tranquilo dia de Agosto mas um longo dia de trabalho. Meio mundo de férias e eu, que sinto a impaciência a instalar-se dentro de mim, a ter que andar nisto.
Resumindo: o cansaço que tenho em cima impede-me de me evadir como gostaria. Se estou fisicamente muito cansada também pode acontecer que durma mal. E, acordada, é isto: parece que não encontro espaço para sair de mim e escrever descansadamente.
in heaven |
Gostava de falar de pessoas corajosas. Tenho uma grande admiração por pessoas corajosas. Física e pscicologicamente corajosas. Estive hoje com duas pessoas excepcionalmente corajosas. Mas não enfaticamente corajosas, com discursos auto-laudatórios. Não, nada disso, normalmente corajosas, verdadeiramente corajosas. Mas não estou com cabeça para conseguir o grau de abstração que me permitiria abordar o assunto de forma alusiva e, portanto, deixo para outra vez.
Também podia falar de pessoas que têm algum verdadeiro poder e que sabem relativizar isso a ponto de quem, não sabendo, jamais sequer desconfiar. Ou falar de pessoas que fazem a diferença, que fazem verdadeiramente a diferença, dando cartas em domínios onde apenas uma pequena elite pontua e que, por perceberem a precaridade de todas as descobertas, conseguem omitir todos os seus méritos como se pouca relevância tivessem.
E, se isto fosse um 'meu querido diário', escreveria os seus nomes, colocaria as fotografias que há pouco lhes tirei, poderia falar abertamente da sua maneira de ser que eu admiro. Mas, como já uma vez aqui me lamentei, sendo isto uma escrita quase em streaming, eu a escrever, vocês aí a lerem, tenho que me conter. A menos que me dedique a sério à reportagem e às crónicas e pergunte directamente a cada um deles se me autoriza que eu fale aqui deles. Mas ia perder a graça. O que é bom é as pessoas serem genuínas, elas mesmas, sem encenação ou rodeios.
in heaven |
Portanto, não estando eu em dia de tirar as derivadas às coisas para aqui apenas enunciar as funções resultantes e não as suas observações, passo à frente. A única coisa concreta que posso referir é que a tarte de beterraba e queijo feta estava óptima e tudo o resto também e que, porque a ocasião assim o determinava, rebentei completamente com a dieta.
Portanto, sigo outro rumo: tenho vontade de falar de vidas diferentes mas, dadas as minhas circunstâncias, de forma limitada.
Estou a ver o filme mas com a inquietação de quem sabe que não vai acabar bem. Não poderia acabar bem. Mas há uma beleza extrema naquelas imagens, na dolência da música que as acompanha, no vermelho sangue do quimono, dos lábios dela, no sangue que vai aflorando o ambiente, na elegância dos enquadramentos, no estertor que se adivinha subjacente aos grandes planos.Na RTP 2 o Império dos Sentidos, um filme intemporal, de uma sensualidade e de uma estética que transcendem a normalidade. Vi-o há muitos anos e, na altura. impressionou-me bastante. Acho que não vou suportar voltar a ver a carnificina que se anuncia desde os primeiros excessos. E o mais doloroso é que o filme se baseia numa história verídica. Lembro-me sempre do que um homem de alguma idade disse quando lhe perguntarem como se havia com a sua jovem mulher: bem; o que é bom pouco basta. Não sei se isso é ou não verdade ou se é uma verdade absoluta mas sei que, pelo contrário, as obsessões quando alimentadas tornam-se doentias, por vezes fatais.
Enfim. Situações.
by Pollock |
Sigo, então, até onde posso ir. Mostro-vos os livros que aqui partilham o sofá comigo. A eles deito a mão, por eles deixo os olhos e as mãos seguirem de quando em vez. Tinha pensado escolher uma passagem de cada um mas do d'As oito montanhas ainda não li nada, não poderia escolher. Do Acta Est Fabula também apenas espreitei, gulosa, petiscando aqui e ali, mas também teria dificuldade em escolher um trecho (ou melhor, não teria que é sempre bom de ler). O problema é que estou com preguiça. Talvez um outro dia.
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Sigo, então, para outros comprimetos de onda.
Dançar desafiando a força da gravidade, como se a dançar no céu se estivesse.
Sky Dancing: How One Dance Group Defies Gravity
Bandaloop, os bailarinos que voam
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma terça-feira muito feliz.
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