Acho que já uma vez aqui o contei e, pensando melhor, se calhar mais valia estar calada. Mas, what the hell, conto outra vez. Mas vou já mostrando o disclaimer: nada contra a gaguez. Muito amiga de gagos. Eu própria já fui gaga (durante uns meses, lá para os três anos). Portanto, nada de virem já aí passar sermão.
Eu conto.
Estávamos os quatro no carro, não me lembro exactamente onde, sei que no Norte. Seria no Porto? Amanhã logo pergunto à minha filha que ela lembra-se bem disto.
Quando não sabe o caminho, o meu marido não é de parar para perguntar. É mais de tentar descobrir por ele. Eu sou o contrário. Se não sei, é logo de perguntar. Portanto, deve ter sido depois de andarmos às voltas que ele deve ter acedido a encostar para perguntar. Nessa altura ainda não havia GPS nos carros. Portanto, o meu marido ao volante, os meus filhos no banco de trás e eu, mapa no colo, de janela aberta, pergunto a um cavalheiro que ia no passeio onde era um certo lugar. Com acentuada pronúncia do norte mas gago, ga-ga-go, ga-ga-ga-ga-go, debruçado para dentro do carro, com a cara quase lá dentro, começa a relatar o percurso.
Mas imaginem-me, eu que sou de riso mais do que fácil, eu que, quando tento controlar o riso, fico destrambelhada, só me apetece rir e rir mais, com o homem com a cara ali mesmo, a ga-ga-ga-gue-jar, a tomar balanço para cada palavra, e nisto:
Mas imaginem-me, eu que sou de riso mais do que fácil, eu que, quando tento controlar o riso, fico destrambelhada, só me apetece rir e rir mais, com o homem com a cara ali mesmo, a ga-ga-ga-gue-jar, a tomar balanço para cada palavra, e nisto:
Vai an-an-an-an-dan-dan-do e vê-vê uma ru-ru-u-aa à di-di-di-rei-rei-rei-ta. Mas-mas não-não v-v-v-vai p-p-p-por essa r-r-r-r-rua. E v-v-v-vai an-dan-dan-dan-do até-té-té che-che-che-gar a uma r-r-r-rua que vai para a es-quer-quer-quer-da-dada mas n-n-não vai p-p-p-por aí.
E para dizer isto, le-va-va-va-va mui-miu-mui-to tem-tem-tem-po.
Começa a dar-me a vontade de rir. Mas, com o homem debruçado sobre mim, não podia sequer disfarçar porque todo aquele esforço dele era para me responder. Começo a sentir a minha filha a rir e fico ainda mais aflita, já quase sem conseguir disfarçar. Olho e vejo o meu marido, que odeia ouvir explicações longas, a tentar atenuar o mau aspecto de eu já me estar a rir por todo o lado. E fico ainda mais louca de riso, as lágrimas a saltarem-me dos olhos.
E o ga-ga-ga-go continuava: e apa-pa-pa-re-re-ce uma r-r-r-r-ua que so-so-sobe m-m-mas n-n-ão v-v-v-vai por aí e de-de-de-de-de-pois anda-da-da-da m-m-mais e apa-pa-pa-pare-re-re-ce uma lo-lo-lo-ja dos co-co-correios nu-nu-nu-numa r-r-r-r-rua que vi-vi-vi-vira à es-es-es-es-querda-da-da m-m-m-m-mas n-n-não liga-ga-ga-ga.
Eu já estava virada ao contrário, o homem a falar e eu de costas para ele, já ria à gargalhada descontroladamente, a minha filha também, eu ouvia-a a rir perdidamente. Tenho ideia que o meu filho que odiava que eu e a irmã armássemos barraquinhas, também já se ria por todo o lado.
Eu já só queria que o gago se calasse ou que o meu marido arrancasse. Imagino o horror para o homem, a querer ser simpático, com uma explicação lon-ga-ga-ga-ga e toda a gente a rir à maluca. Mas não foi capaz de abreviar...
Não me lembro como é que aquilo acabou, só sei que não retivemos uma até porque tudo o que ele dizia era para dizer que não ligássemos ao que tinha dito.
E ainda hoje, ao escrever isto, desato a rir, choro a rir.
E isto a propósito de quê?
Li um artigo: detox vaginal. Détox vaginale : nos vagins doivent-ils vraiment ouvrir leurs chakras ?
E, lendo-o, é na mesma base. Descreve os métodos para fazer uma desintoxicação vaginal para, em cada um, chegar ao fim e dizer que é o mesmo que nada ou que, até, pode ser pior a amêndoa que o cimento, ou seja, para deixarem a vagina em paz.
Vapores vaginais? Chás vaginais?
Tretas, diz o autor do artigo. As vaginas não precisam cá disso, funcionam tanto melhor quanto mais entregues a si próprias estiverem.
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Como nunca tinha ouvido falar em tal coisa, vapores e chás vaginais, vi um vídeo.
Partilho-o convosco.
Partilho-o convosco.
Conclusão?
Frescuras para gente desocupada que anda à procura do santo graal ou de xacras milagrosos
(nem sei se xacra se escreve assim ou xakra ou chacra mas acho que é domínio onde a liberdade seja total)
Frescuras para gente desocupada que anda à procura do santo graal ou de xacras milagrosos
(nem sei se xacra se escreve assim ou xakra ou chacra mas acho que é domínio onde a liberdade seja total)
V- Steam (que é como quem diz V- Vapores)
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As três fotografias que aqui usei para enfeitar o texto não têm nada a ver com ele. Pertencem à série 'Pessoas que se estão nas tintas' e encontrei-as no Bored Panda.
O desenho da yoni não sei quem o fez -- mas é bonito.
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