quinta-feira, março 02, 2017

Paulo Núncio, com muitas histórias mal contadas, mal consegue desfiar desculpas esfarrapadas.
E eu interrogo-me: gente assim é parva ou acha que os outros são ainda mais parvos?
Não sei, apenas pergunto.


À hora de almoço ouvi os disparates de Paulo Núncio na Assembleia. Ouve-se e mal se acredita. Se ele não tivesse sido Secretário de Estado pensaria: tomara que um sujeito destes nunca seja posto num lugar de responsabilidade. É que não é apenas poder estar ali, naqueles actos e omissões, uma má fé (não sei se esteve, se não) -- é que toda aquela conversa revela que não é bom da cabeça, não é responsável, não tem tino. 


É que vejamos: suponhamos que o sujeito quis apenas favorecer quem quis safar, de fininho, bué de dinheiro via offshore.
Mas, se tivesse um mínimo de inteligência, depois disto tudo, aparecia com uma conversa estruturada, ao menos tentava ser convincente. Mas não. É que nem isso.
De cada vez que abre a boca, inventa uma desculpa, cada uma mais frágil e esfarrapada que a anterior. Mal diz uma maluqueira, tal a fragilidade do que diz, logo aparece alguém a desmenti-lo ou a gozar à brava. Um fulano destes não serve nem para fazer papel de embrulho. Tanto se entala que ainda acaba a entalar quem, antes, quis safar.

Está bem que o mal está feito e que quem quis fazer operações sem ser maçado já o fez.

Mas, caraças, e a credibilidade política destes asnos que andaram quatro anos a perseguir os mais fracos...?

Como é que ficam, perante os portugueses, estes asnos que aumentaram alarvemente os impostos à classe média, que pisaram os pobres, que afugentaram os jovens para fora do país, que atormentaram a vida aos reformados, que puseram na ruas os desgraçados, sem emprego e sem rendimentos, que não conseguiam facer face às hipotecas que impendiam sobre as suas casas -- ao mesmo tempo que faziam vista grossa aos abastados que, para pagarem menos impostos, faziam, nas calminhas, transações via offshore...?


Mas pasme-se: depois de tudo isto, de tudo desmascarado, ainda nos aparecerão Meireles e Cristas, Albuquerques e Montenegros, Hugos Soares e Leitões Amaros, Láparos e quejandos (quejandos nos quais não se inclui o empreendedor Portas que, como sempre passando por entre as pingas da chuva sem se molhar, não está nem aí...), assobiando para o ar, espanejando, como se nada disto tivesse alguma coisa a ver com eles.


É que, associada à falta de inteligência desta gente, há uma outra característica: a falta de vergonha. Poderia dizer: a falta de ética. A falta de moral.

Mas não digo nada, acho que não sei que palavras usar. Capaz de não ser nada disto, capaz de ser algum muito mais grave. Fico-me apenas por um desconsolado encolher de ombros.

E lembro-me de uma bacorada dita por Trump que também me deixou francamente agoniada: que ainda não tinha mexido no sistema de saúde porque um sistema de saúde é uma coisa muito complexa, que ninguém poderia imaginar que fosse coisa tão complexa.


Ouve-se e também não se acredita: é complexo...? Mas ele pensava que era simples...? Pensaria que acabava com um sistema de saúde e substituía por outra coisa qualquer em meia dúzia de dias...? Como é um presidente de um país pode dizer coisa tão absurda? Ainda se fosse um presidente de um clube de futebol, desses que coleccionam pérolas umas em cima de outras... Agora o presidente dos EUA...?

Cansa-me isto. Gente tão imprópria para consumo, credo. Que horror. Como é que chegámos a este ponto?

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