Claro que as televisões estão cheias do que se passou em Londres. Os jornais também. E eu penso que pode parecer-vos insensibilidade da minha parte continuar por aqui como se nada se passasse.
Mas vou mesmo fazer de conta que estou a milhas. Primeiro porque há disto um pouco por todo o lado e, embora possa inconscientemente sentir-me mais próxima da gente que passeia em Westminter e é vitíma de uma ataque como o desta quarta-feira do que da gente que vai pelos ares num poeirento mercado de rua numa terra qualquer no Médio-Oriente, forço-me a não me esquecer do essencial: gente é gente em qualquer parte do mundo e malucos há-os por todo o lado. Segundo, porque penso que a comunicação social e as redes sociais potenciam de tal forma a histeria, o pânico e o sentimento de drama que criam a audiência ideal para quem pretende, seja lá por que motivo for, dar espectáculo. Portanto, não me interpretem mal mas não vou falar sobre o que aconteceu em Londres. Claro que lamento -- mas fico-me por aqui.
Enquanto escrevo, ouço o anterior Procurador-Geral Pinto Monteiro, na RTP 3, a falar da Justiça em Portugal. Claro que a combinação com o entrevistador é não falar de casos concretos. É o normal e percebe-se.
Sobre os mega-projectos, começou por dizer que teve muitos anos de exercício de juiz (41 anos!) e mais seis de Procurador e, portanto, é pela experiência vivida que se afirma convictamente contra os mega-processos -- porque geram ineficiêcia, porque se prolongam por anos, porque os envolvidos podem adoecer ou morrer pelo caminho, ou quem tem que falar esquece-se ou faz por isso, que é o cabo dos trabalhos um juiz ter que ler dezenas de milhares de páginas e ouvir milhares de gravações. Ou seja, dão cabo da vida de muita gente e, no fim, raramente se chega a qualquer conclusão. E, claro, in dubio pro reo.
Qual a razão para haver mega-projectos? -- pergunta o entrevistador Vítor Gonçalves
Isso advém do feitio de quem investiga - diz ele.
Prender para investigar é contra a constituição, contra a ética e, se alguma vez isso ficar provado, deveria ser objecto de processos - diz também Pinto Monteiro a propósito de haver a ideia de que, por vezes, se prende para investigar.
Sobre Francisca Van Dunen, diz que é a melhor possível para aquele lugar, inteligente, com bom gosto, elegante, educada, trabalhadora. Trabalhou com ela e gostou muito. Ninguém lhe perguntou mas, se tivesse perguntado, ele tê-la-ia recomendado a ela para Ministra da Justiça.
Enfim. Uma conversa que flui e que se ouve de gosto. Pinto Monteiro sempre me pareceu uma pessoa honrada. Uma pessoa equilibrada, sensata, serena. Dá gosto ouvir falar uma pessoa assim.
Mas agora tenho que confessar: por razões cá minhas, tenho andado a dormir menos do que o costume. Deito-me sempre tarde e tenho tido que me levantar mais cedo. Estou perdida de sono. Queria continuar a relatar o que ele disse mas não consigo. Aliás, depois de vos ter mostrado os extraordinários gémeos noctívagos, caí num sono profundo. Agora todas as noites é isto. Depois acordo mas permaneço cheia de sono, incapaz de qualquer voo, mesmo um daqueles voos baixinhos em que gosto de me aventurar..
Nem sei se vos conte que o pimentinha mais velho, oito anos, apareceu cheio de piolhos. Praga no colégio. Ao longo dos anos, seja escola pobre ou colégio rico, a cena repete-se: volta e meia, praga de piolhos. A minha filha já lhe pôs o produto e já se pôs a rapar-lhe o cabelo. Como não quis rapar com a máquina ligada à corrente, aquilo ficou sem bateria a meio, meia cabeça rapada e outra metade cabeluda. Quando falou comigo, estava à espera que a máquina acabasse de carregar para ver se o miúdo não vai para a escola como um rapper marado. Entretanto, por via das dúvidas, também rapou o cabelo ao mais novo. Tomara que não apanhe, ele. E ela, senhora de frondosa e longa cabeleira, já se tinha lavado, escovado e sacudido e sentia comichões por todo o lado, desejavelmente apenas sugestão. Quando ela e o irmão eram pequenos lembro-me bem do terror. Já ela tinha farta cabeleira. Eu punha-a na banheira, punha-lhe o produto, penteava-a com aquele pente fininho, dava-lhe banho -- e os piolhos caíam aos molhos. Um pesadelo. O medo que eu tinha, depois, de estar no trabalho e sentir um piolho a passear-me na testa. Felizmente nunca aconteceu.
Entretanto, andámos à procura de um volante para dar ao ex-mais novo, quatro anos, que gosta de ir no banco de trás a fazer de conta que conduz. Agora usa um daqueles discos de brincar na praia. O meu marido, armado em leão, disse: 'amanhã compro-te um volante'. Sim, sim. À hora de almoço lá fomos. Nem no Toys R Us, nem no Imaginarium, nem no Continente. Depois, à noite, passámos ao plano B: chineses. Nada. Até que, numa dessas lojas, o meu marido, olhando para o alto, exclamou: 'um volante!'. Estávamos no corredor dos acessórios para automóvel. Era uma forra de pele para um volante mas, para manter a forma daquilo, estava posto numa circunferência com aros, um verdadeiro volante. Só que mole. Então comprámos um bocado de mangueira de regar e pusémo-la a rechear a forra do volante. Agora parece um volante a sério. O miúdo está desejando de o ter mas o meu marido acha que a mangueira cheira muito a plástico e, então, está a arejar na varanda. A ver se amanhã a coisa sai da quarentena e lá vamos levar-lhe.
Quanto ao mais novo, mês e picos, a minha nora costuma mandar-me, quase todos os dias, fotografias dele. Cresce a olhos vistos e ri-se com ar de homem charmoso. Deve ser da tal covinha no queixo. Agora que já está mais crescido, a covinha é notória, e penso que é por isso que já se dá ares de gajo que tem muito amor para dar, com sorrisos irónicos, malandros.
Também tenho para contar uma coisa com piada sobre ela, seis anos. Não têm conta as vezes que olho para ela e vejo uma mini-me (mas muito mais bonita do que eu era). Mas, para contar, precisava de mais tempo. Ora isso hoje não pode ser, porque já estou a dormir.
Também queria contar sobre a competitividade intrínseca do mais crescido, uma coisa visceral que o põe doido quando não ganha (seja o que for) ou a forma de jogar futebol do pimentinha que está quase a fazer seis anos -- mas também já não dá. Mas saibam que é o máximo. Parece que agora diz que quer ser da tropa. Não sei de onde lhe vem isso já que na família não há ninguém com essa profissão. Quer dizer, por acaso há, o meu primo general, mas daí de certeza que não vem qualquer influência. O meu marido não se espanta pois, desde que ele começou a mostrar ao que vinha, diz 'este gajo parece que é dos comandos' ou 'este gajo ainda vai ser da juve leo'. Mas logo falo disso outro dia.
Portanto, com a pancada de sono com que estou, não levem a mal que este post esteja completamente desconjuntado. Mas não consigo, mesmo, produzir coisa convenientemente estruturada. Está a sair uma autêntica sopa da pedra. Mas uma sopa da pedra de tipo janado.
Opto, pois, para não darem a visita por perdida, por vos mostrar fotografias que mostam como os homens são descuidados ou gostam de se armar em bons, nem sei. Fazem burrices que não lembram ao careca (sem ofensa para os carecas que, devo dizer, muito aprecio) e não dá para perceber se é para mostrar que são muito machões, que não têm medo de nada, se é apenas a amigdala deles que é mirradinha e os neurónios que, bem vistas as coisas, não são assim tantos quanto alguns por aí apregoam.
E agora, antes de me retirar para os meus aposentos e enquanto me decido sobre ir ou não beber um copo de leite de amêndoa morninho, vejo este surpreendente vídeo:
Opto, pois, para não darem a visita por perdida, por vos mostrar fotografias que mostam como os homens são descuidados ou gostam de se armar em bons, nem sei. Fazem burrices que não lembram ao careca (sem ofensa para os carecas que, devo dizer, muito aprecio) e não dá para perceber se é para mostrar que são muito machões, que não têm medo de nada, se é apenas a amigdala deles que é mirradinha e os neurónios que, bem vistas as coisas, não são assim tantos quanto alguns por aí apregoam.
Obtive-as no Bored Panda justamente sob o título Why Women Live Longer Than Men. Lá em cima Ronnie Davis interpreta I Won't Cry.
E agora, antes de me retirar para os meus aposentos e enquanto me decido sobre ir ou não beber um copo de leite de amêndoa morninho, vejo este surpreendente vídeo:
Comey Says FBI Investigating Russia Interference
FBI Director James Comey is publicly confirming for the first time that the FBI is investigating Russia's efforts to interfere in the 2016 presidential election. (March 20)
Este Trump é uma anedota e o que mais surpreende é que, por lá, as acções estejam em alta e que ainda haja gente normal que o defenda.
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E agora vou. Mas não deixem de espreitar o espantoso vídeo abaixo. Coisa do além, mesmo.
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