O post que vou escrever é mesmo para não se perceber. Não quero dizer aquilo que acho que descobri. Conto apenas como lá cheguei.
Aliás, não foi só hje. Um dia, não sei porquê, do nada, ocorreu-me que duas certas pessoas eram uma mesma. Melhor: que uma certa pessoa era a mesma que se apresentava com um certo pseudónimo. Depois esqueci-me disso.
Hoje, ao ver nas estatísticas quais as palavras que tinham trazido os leitores até mim, vi o nome dessa tal pessoa, ou melhor, esse tal pseudónimo. Já umas duas vezes aqui escrevi sobre ele (uma vez que se trata de figura pública do milieu literário) e, confesso, de uma forma não especialmente abonatória.
Hoje fui reler algumas prosas escritas por ele e, pimba!, lá está o tal verbo deselegante que se encontra, volta e meia, na escrita do outro. Claro que não é só isso, é mais. Mas a utilização deste verbo é uma impressão digital.
E dito isto o que se conclui? Nada. Ou melhor: muito pouco. Talvez que quando a gente escreve aqui nunca sabe quem nos lê ou que quando pensamos que sabemos quem é uma pessoa, especialmente se for uma pessoa versátil, nunca verdadeiramente o sabemos. Ou que podemos estar a falar com uma pessoa de uma outra e afinal serem ambos o mesmo. E quem diz os dois, pode dizer os três ou os quatro. Fernando Pessoa era assim. Não era apenas uma questão de escrever sob vários pseudónimos: era que cada um era um autor diferente com uma biografia própria.
Para quem os vê de fora e numa perspectiva literária é interessante. Para quem convive de perto com uma pessoa assim deve ser uma complicação. Para os próprios pode ser um inferno, uma complexa gestão de identidades, uma luta quotiana.
Mas, enfim, há coisas que não se escolhem. É-se assim porque não se pode ser de uma outra maneira.
E eu que cheguei a casa, outra vez, tarde e más horas, que tenho cinquenta mil coisas para fazer este fim de semana, que ando a penar horrores nesta cidade cheia de gente e de carros, já não estou com vitalidade para muito mais do que dizer que vos deixo na melhor companhia que agora me ocorre.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Desçam, por favor, até: Vai uma tatuagem, meu gatinho mais lindo...?
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Fernando Pessoa, que eu saiba, só houve um. O resto é imitação. Quanto aos desvios de personalidade a que a JM se refere, o que é do digital e nele permanece aguenta-os bem; eu diria mesmo que é um bom mundo para eles (ainda bem que no tempo de Pessoa não havia tal), podem dar largas a ser outras pessoas sem dano nem olhares de aleivosia; e talvez queimem chatices, irritações, tirem prazer disso... sei lá. Todos temos um bocado de loucura e alguns têm maior quinhão, mas não deixam de ser pessoas.
ResponderEliminarE até pode ser gostoso e terapêutico para os próprios.
Em vez de andar armada em detective, mais vale aceitar o que vem, vindo por bem (não sendo o caso, elimina-os e já está). Que mais lhe dá se são três, dez, ou um?! Pode até dizer como a Ofelinha, não traga fulano de tal que não gosto dele (é verdade que a Ofelinha era, por comparação consigo, uma mosquinha morta, mas pronto).
Be happy, JM.
Olá bea,
ResponderEliminarSe calhar expliquei-me mal. Não ando armada em detective (se não tenho nem para me coçar, ia lá eu ter tempo para me armar em detective...). Descobri por obra e graça ou por acidente. E acho graça. Tudo o que tenha a ver com desdobramentos da mente me fascina. Falo muitas vezes das diferentes dimensões da realidade e eu própria me vejo como não apenas uma. Portanto, está tudo certo e em santa paz, bea.
Um bom sábado, bea. Que seja um dia feliz também para si.